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As empresas do setor de alimentos foram as que mais perderam valor de mercado na Bolsa com a greve dos caminhoneiros - depois do setor de petróleo. | Hugo Harada/Gazeta do Povo
As empresas do setor de alimentos foram as que mais perderam valor de mercado na Bolsa com a greve dos caminhoneiros - depois do setor de petróleo.| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

As principais empresas do País no setor de carnes tiveram um segundo trimestre difícil. A temporada de divulgação de balanços aponta que, juntas, Marfrig, JBS, BRF e Minerva terminaram junho no vermelho, e o prejuízo líquido dessas quatro empresas é de quase R$ 4 bilhões. Problemas internos, dificuldades para exportar e a greve dos caminhoneiros, que parou o País, são apontados como os principais motivos.

As companhias que atuam na produção de aves e de suínos foram as mais prejudicadas pela paralisação de maio. A Seara indicou em seu balanço financeiro um prejuízo de R$ 113 milhões no segundo trimestre. A BRF outros R$ 75 milhões.

“As empresas dependem do translado de insumos e de produção. O transporte do País gera perdas quando funciona, imagina ficando 11 dias parado?”, diz Álvaro Frasson, da Spinelli. Sem transporte, as empresas não conseguiam escoar a produção e nem receber insumos e rações. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) estimou um prejuízo de R$ 3,15 bilhões a todo o setor de aves, suínos, ovos e material genético, após a manifestação.

As perdas com a falta de transporte podem ter sido maiores, pois há dificuldade de mensurar a queda de rendimento dos animais no período, sinalizou um dos vice-presidentes da BRF, Lorival Luz, em teleconferência. Segundo a JBS, controladora da Seara, unidades precisaram descartar animais ou reduzir a alimentação e, por consequência, a produtividade caiu.

O mercado de bovinos foi menos afetado pela greve, mas os abates caíram. A Marfrig estima ter deixado de abater 80 mil cabeças no segundo trimestre. O prejuízo líquido foi de R$ 582 milhões no trimestre.

Inferno astral

Os números negativos, além da greve dos caminhoneiros, são resultado de uma combinação de fatores internos e externos. Algumas dessas empresas sofrem com embargos para exportação de seus produtos ou ainda precisaram lidar com trocas em seu alto escalão.

A BRF, por exemplo, conseguiu vender mais no segundo trimestre e registrou uma receita líquida de R$ 8,2 bilhões, alta de 1,9% ante o segundo trimestre de 2017. Ainda assim, a empresa teve um prejuízo líquido de R$ 1,6 bilhão no segundo trimestre, 846,4% maior do que o registrado um ano antes.

O mau desempenho foi atribuído às restrições impostas pelo mercado europeu, greve dos caminhoneiros e medidas antidumping da China. A empresa também foi alvo de duas operações da Polícia Federal: a Carne Fraca, deflagrada em março do ano passado, e a Trapaça.

Em crise, a gigante brasileira dos frangos anunciou uma reestruturação de operações e financeira, que está sendo conduzida pelo executivo Pedro Parente, ex-Petrobras, atualmente no comando executivo da BRF.

Já na Seara, da JBS, o volume de vendas caiu 10,6%, após recuo nas exportações. A greve dos caminhoneiros travou os embarques, mas a Seara também foi prejudicada pelo fechamento do mercado russo para a carne suína brasileira. A JBS teve prejuízo de R$ 911 milhões.

As quatro principais companhias de proteína animal do País também foram afetadas pela alta nos custos de produção, por causa da alta nos preços do milho, usado para fabricar ração, além da variação cambial.

A Minerva, por exemplo, teve prejuízo de quase R$ 1 bilhão afetada pela variação cambial e estuda fazer uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) de uma subsidiária no Chile, em busca de oportunidades de investimento.

As empresas do setor de alimentos foram as que mais perderam valor de mercado na Bolsa com a greve dos caminhoneiros - depois do setor de petróleo. No total, as empresas brasileiras listadas na Bolsa valem hoje R$170 bilhões a menos do que antes da greve, segundo a Economática.

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