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Em operação desde 26 de junho, há menos de dois meses, o novo canal ampliou a escala e reduziu o tempo de transporte entre quem produz e quem consome | JONATHAN CAMPOS/GAZETA D POVO
Em operação desde 26 de junho, há menos de dois meses, o novo canal ampliou a escala e reduziu o tempo de transporte entre quem produz e quem consome| Foto: JONATHAN CAMPOS/GAZETA D POVO

Uma das grandes ousadias da engenharia moderna, o novo Canal do Panamá impressiona não apenas pela imponência da obra, mas por tudo que representa na integração do comércio mundial.

O caminho não é novo, tem mais de 100 anos. Mas, a capacidade, o potencial e a singularidade dessa rota intercontinental voltam a desafiar o mundo. Em operação desde 26 de junho, há menos de dois meses, o novo canal ampliou a escala e reduziu o tempo de transporte entre quem produz e quem consome, uma variável logística que tem tudo para ser uma grande alternativa ao agronegócio nacional, em especial ao Norte e ao Centro-Oeste do Brasil.

Na semana passada, uma equipe da Expedição Safra fez uma visita técnica ao Panamá. Foi ver, ouvir e questionar sobre essa nova e ampliada alternativa de ligação entre o Atlântico e o Pacífico. Uma obra, uma engenharia e uma tecnologia realmente de encher os olhos. Tem relação com encurtar distâncias, mas também com a superação e a inovação, além de negócios, é claro. A obra durou quase dez anos. Era para ser entregue em 2014, ano do centenário do canal, mas atrasou. Recebeu um investimento de US$ 5,4 bilhões, o equivalente a quase R$ 18 bilhões, para conectar mais de 140 países e 1.700 portos ao redor do mundo, de Norte a Sul, de Leste a Oeste do planeta.

A surpresa da equipe foi a pouca atenção dada pelo canal ao Brasil. O país até o utiliza, mas muito pouco e muito aquém do que deveria, a considerar o potencial exportador e as relações de comércio internacional brasileiras. Isso porque hoje os grandes produtos tipo exportação do Brasil sejam commodities agrícolas, setor que tem pouco ou praticamente nenhuma estrutura disponível ou preferência nos complexos que o compõem. Alguns poucos navios que carregam na costa brasileira cruzam o canal para acessar principalmente os países vizinhos da costa Oeste do continente sul-americano.

JONATHAN CAMPOS/GAZETA D POVO

Contudo, não restam dúvidas da sinergia e complementariedade entre o Brasil e o Canal do Panamá no tocante ao escoamento de grãos, em especial com os portos do Arco Norte, como Itacoatiara (AM), Santarém (PA), Barcarena (PA) e São Luís (MA). Utilizar de uma melhor forma o canal para acessar não apenas o lado do Pacífico da América do Sul, como também os países da Ásia, é questão de tempo. E pouco tempo. Políticas comerciais e arranjos entre oferta e demanda, patrocinadas principalmente pelo operador logístico, vão determinar a brevidade com que isso irá ocorrer.

Até porque a aparente falta de interesse pelo Brasil, seja por uma estratégia protecionista ou pela pura falta de informação sobre o cliente em potencial, terá que mudar. E mudar logo, a considerar a capacidade instalada do novo canal, que vai precisar cada vez mais de carga, não apenas de produtos acabados, transportados em contêineres, como também de granéis, o que inclui soja, milho e outros produtos do agronegócio.

A própria autoridade e os investidores do Canal do Panamá terão que mirar o Brasil para não deixar o canal ocioso, mesmo sabendo que a rota pode deixar o país mais competitivo ou em igualdade de condições com seus concorrentes como os Estados Unidos, por exemplo, que detém a maior parte do market share da via. Afinal, a intenção é quase dobrar a movimentação das atuais 360 milhões para 600 milhões de toneladas.

Na próxima semana, a plataforma de agronegócio da Gazeta do Povo traz uma análise completa sobre o novo e ampliado Canal do Panamá, seu potencial e oportunidades nas relações de comércio internacional.

Logística no Fórum de Agricultura

Uma das principais variáveis do agronegócio, a logística será um dos grandes temas transversais que serão discutidos no Fórum de Agricultura da América do Sul 2016 . “A América multimodal em busca da competitividade” vai mostrar como o novo ambiente geopolítico internacional influencia as relações no mercado mundial e como a estratégia e o planejamento, com investimentos em infraestrutura, fazem a diferença no posicionamento dos países e das regiões no agronegócio moderno e globalizado. Entre os exemplos disso estão o Arco Norte no Brasil, que tem saída da produção por rio no Paraguai e conexão pelo Canal do Panamá.

Em sua 4.ª edição, o fórum ocorrerá em Curitiba nos dias 25 e 26 de agosto, no Museu Oscar Niemayer . Serão 12 temas tratados por mais de 30 especialistas de vários países e continentes.

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