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No passado, as indústrias ofereciam vagas para novos imigrantes, mas com a política rígida de imigração do governo Trump esse incentivo acabou | NICHOLAS KAMM/AFP
No passado, as indústrias ofereciam vagas para novos imigrantes, mas com a política rígida de imigração do governo Trump esse incentivo acabou| Foto: NICHOLAS KAMM/AFP

A Cargill, maior fornecedora de carne moída da América, apareceu dia desses com 1.000 postos de trabalho a serem preenchidos e com um pacote adicional de benefícios trabalhistas. Tudo para manter a mão de obra existente e atrair novos funcionários.

Essa abertura de vagas de trabalho, na maior parte em frigoríficos, se deve muito à resistência da administração Trump à imigração e a taxas de desemprego nos níveis mais baixos em décadas. Enquanto o número representa menos de 1% da força de trabalho da Cargill, a escassez de mão de obra vem desacelerando a produção e dificultando a entrega de produtos com maior valor agregado, segundo os executivos.

Com a demanda global por carne crescendo em uma economia robusta, a Cargill e outras empresas líderes do setor dizem que precisam expandir os benefícios aos trabalhadores, como remuneração extra, auxílio-moradia, assistência médica e auxílio-transporte.

As empresas estão ampliando as fábricas, mas “saber se elas podem ou não operar com eficiência essas plantas é como uma gangorra, que sobe e desce. O que acontece hoje não significa que vão conseguir aumentar a produção amanhã”, diz Christine McCracken, analista do Rabobank International de Nova York. “O recrutamento e a manutenção de trabalhadores qualificados nessas indústrias sempre foi difícil. Mas é uma luta perpétua”, acrescenta.

Em seu relatório de ganhos de agosto, a Pilgrim’s Pride Corp., segunda maior processadora de carne de frango dos EUA, disse que espera negociações de trabalho difíceis, que “irão governar o ritmo da indústria a partir de agora até num médio prazo.”

Trabalho pesado

A indústria da carne é um trabalho pesado, com condições de temperaturas baixas, equipamentos afiados, carne sangrando, esteiras rolantes de alta velocidade e horas de trabalho em pé. No passado, as indústrias ofereciam vagas para novos imigrantes, mas com a política rígida de imigração do governo Trump esse incentivo acabou. Ao mesmo tempo, a taxa de desemprego em setembro nos EUA atingiu 3,7%, a mais baixa desde 1969.

“Acabou de sair um número incrível: 7.036.000 vagas de trabalho foram abertas. Assombroso - todos estão trabalhando!”, tuitou Trump na semana passada.

Apesar de os consumidores não terem sido ainda afetados, por causa da alta oferta de carne, as vagas de trabalho não preenchidas não estão permitindo à Cargill fabricar produtos com margem de lucro maior, conforme Brian Sikes, chefe do setor de proteína da gigante do agronegócio.

“Não podemos operar algumas atividades de valor agregado que teríamos que pagar mais porque simplesmente não temos equipe”, diz Sikes. As empresas estão tentando experimentar a automação, mas o processo é lento e caro. Por enquanto, a Cargill tenta ser “criativa”, dando incentivos para conseguir contratar mão de obra.

Mas só pagar mais não soluciona o problema, segundo o executivo da Cargill. “Avaliamos as nossas taxas de crescimento de mão de obra e implementamos metas para permanecermos competitivos”, diz, explicando que o foco são os conteúdos de qualidade de vida nas comunidades onde vivem os trabalhadores.

“Criamos clínicas nas proximidades para garantir que os funcionários tenham opções para cuidarem da saúde ali mesmo onde vivem. Também estamos pagando o transporte deles, pagando pelo seu tempo”, explica Sikes.

Em Schuyler, no Nebraska, a Cargill está trabalhando com o governo para assegurar fundos para um seguro de habitação acessível. A companhia também provê um serviço de ônibus à sua indústria em Fort Morgan, no Colorado, abrangendo uma área que vai de Greeley a Denver, a 135 kg de distância. Em outras regiões, implantou clínicas para prover assistência médica gratuita para os trabalhadores.

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