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Lavoura de soja na região de Toledo: produtores do Oeste tiveram até 40% de perdas na lavoura por causa da seca. | Michel Willian/Gazeta do Povo
Lavoura de soja na região de Toledo: produtores do Oeste tiveram até 40% de perdas na lavoura por causa da seca.| Foto: Michel Willian/Gazeta do Povo

Os 25 dias sem chuva – entre 5 e 30 de dezembro do ano passado – sobre as lavouras do produtor Fábio Júnior Gafuri, na região Oeste do Paraná, pareciam infindáveis, e o agricultor apenas lamentava a soja esturricando no campo, sem nada poder fazer. Gafuri possui três áreas cultivadas em Toledo e uma em Ouro Verde do Oeste. Juntas, somam 280 hectares, sendo 224 hectares de soja primeira safra e de milho segunda safra. Os 20% restantes servem para rotacionar a área, recebendo aveia e trigo no inverno.

Gafuri e vários outros produtores do Oeste do Paraná foram vítimas da “estiagem dos sete anos”, que costuma visitar as plantações da região. A última grande estiagem ocorreu na safra 2011/2012 – quando as perdas na colheita foram de 70% - e antes dessa seca houve outra entre 2005 e 2006. Há 40 anos plantando naquelas paragens, os Gafuri desta vez precisaram acionar o seguro rural por causa dos prejuízos na lavoura. Lucro nem pensar. Vai dar penas para cobrir os custos de produção, afirma Fábio.

Na região de Toledo, as perdas com o veranico giram em torno de 40%. Acostumado a colher uma média de 70 a 75 sacas/ha, Gafuri colheu 40 sacas/ha nesta safra. Em alguns talhões a colheitadeira pegou só 22 sacas. “Antecipamos em 20 dias a colheita da soja e o plantio do milho safrinha. Agora a nossa expectativa é ter uma produtividade 20% maior no milho”, explica. Isso porque com o plantio antecipado, o cereal deve receber mais luminosidade e escapar das geadas da metade do ano. A meta é produzir até 120 sc/ha com o milho.

Na propriedade de Fábio Gafuri o milho safrinha deve ter produtividade recorde. Um alento para quem viu a soja minguar no campo este ano.Michel Willian/Gazeta do Povo

Ainda assim, a safrinha não deve ajudar a recuperar as perdas da soja, que é o carro-chefe da fazenda. “Essa conta não dá pra fazer, pois o investimento no milho é maior e o preço dele, menor”, justifica Gafuri. Segundo ele, que também é engenheiro agrônomo, o investimento feito na adubação do solo foi grande, mas com a falta de chuvas no fim do ano passado não teve como a lavoura resistir.

Ricardo Palma, que é diretor de Política Profissional da Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná e conselheiro suplente do Crea em Toledo, afirma que a safrinha de milho este ano pode ser recorde na região e atingir 130 sc/ha. Na safra do ano passado foram colhidas 80 sc/ha. “Este ano foi a primeira vez na história que a maioria dos agricultores plantou tão cedo a safrinha”, observa.

Segundo o agrônomo, a estiagem afetou visivelmente as plantas de soja. Normalmente, as variedades plantadas na região tinham porte de 110 cm de altura. Neste ano, não passaram dos 70 cm. “Isso se refletiu na quantidade de vagens por planta. A maioria das plantas tiveram abortamento de vagem”, explica. As de ciclo precoce – em torno de 120 dias – foram as mais afetadas.

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