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Produtores dos EUA podem enfrentar US$ 3,5 bilhões em perdas no milho
| Foto: Michel Willian/Gazeta do Povo

Agricultores norte-americanos, que já sofriam com as guerras comerciais travadas pelo presidente Donald Trump, agora enfrentarão potenciais perdas de bilhões de dólares por causa de dados controversos divulgados pelo governo em relação à produção de milho.

Na segunda-feira (12), o Departamento de Agricultura informou que os agricultores plantaram uma área maior do que a que os analistas haviam estimado, com produtividades que também superaram as expectativas. O fato provocou a maior queda nos preços dos contratos futuros do cereal desde 2013 e foi um golpe para os produtores que estavam segurando seus estoques, esperando uma recuperação na temporada que começou em maio, devido à semeadura tardia, e se estenderia até o outono.

A queda representa uma potencial perda de quase US$ 3,5 bilhões para os produtores, segundo a Federação dos Agricultores dos EUA, e significa outro revés para eles, pois os preços começaram a cair após o relatório de área plantada anterior do USDA, que foi amplamente criticado pelo setor por conter dados desatualizados.

Os dados mais recentes estão aumentando a ferida causada pela guerra comercial entre Washington e Pequim, que reduziu significativamente as compras do maior comprador de soja do mundo. A incerteza política também atingiu a economia agrícola, uma vez que o novo acordo americano com o México e o Canadá ainda não foi aprovado. Além disso, o governo está permitindo que 31 refinarias de petróleo não possam misturar etanol em combustíveis fósseis, prejudicando ainda mais a demanda por milho.

"Esta é uma grande decepção para os agricultores que já estão lutando com muita incerteza com essa safra de milho, guerras comerciais e o que mais você pensar", disse Tanner Ehmke, gerente da equipe de pesquisa do CoBank, credor de US$ 138 bilhões da agroindústria. "Muitas pessoas apostaram na oportunidade de vender a preços muito mais altos. Esse relatório agora coloca isso em questão."

A queda dos preços do milho é um estresse adicional para os produtores que enfrentam enormes dívidas agrícolas, que o USDA estima que aumentará 3,9% este ano, para US$ 427 bilhões. No ano passado, a dívida menos lucros das fazendas estava no nível mais alto desde 1984.

Enquanto a renda no campo permaneceu fraca no segundo trimestre do ano no décimo distrito, o ritmo das quedas diminuiu em parte, já que as plantações de milho mais tardias impulsionaram os preços para cima, de acordo com o Federal Reserve Bank de Kansas City.

O USDA atrelou acres de milho plantado a 2,6% acima do preço esperado, enquanto a produção ficou em 2,8% acima. Os produtores que já estavam decepcionados com o declínio nos preços após o último relatório de área de plantio esperavam que o raro levantamento da agência sobre as plantações fornecesse um número que refletisse melhor uma das épocas de plantio mais chuvosas já registradas. Os hectares de soja estavam abaixo das previsões, embora os rendimentos fossem maiores.

"Eu ainda não acho que alguém tenha um bom controle sobre os rendimentos em acres e sobre a demanda, especialmente o USDA", disse Charles Williams, que cultiva 13 mil acres com seu pai e primo em Marion, Arkansas. "Há muito o que fazer ainda para esta safra e não sei se o mercado saberá o que teremos até jogarmos tudo em uma pilha, por assim dizer, na hora da colheita."

Alguns produtores também questionaram o relatório devido à discrepância entre os números publicados pelo Serviço Nacional de Estatísticas Agrícolas do USDA (NASS) e os da Agência de Serviços Agrícolas (FSA). "Nós temos que desconsiderar este relatório porque não saberemos a real extensão de área plantada até o próximo inverno, eu creio", afirmou Monte Peterson, um fazendeiro em Valley City, Dakota do Norte. "Isso me faz pensar se o nosso sistema não está um pouco defeituoso. A área colhida vai ser uma surpresa a qualquer momento."

De qualquer maneira, alguns veteranos do mercado concordam com a previsão de área divulgada pelo USDA. Scott Irwin, economista agrícola da Universidade de Illinois, diz que o plano de ajuda ao comércio do presidente Trump pode ter encorajado agricultores a semearem mais milho desde, principalmente a partir do momento em que a agência anunciou inicialmente que os pagamentos seriam vinculados à área plantada.

Por outro lado, os preços mais baixos também podem levar Trump a anunciar mais ajuda aos agricultores, enquanto mira na reeleição no ano que vem. O presidente já anunciou US$ 28 bilhões em ajuda financeira para produtores que enfrentam menores exportações devido a guerras comerciais.

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