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Movimentação de contêineres no Porto de Paranaguá. Nos últimos 4 anos foram R$ 700 milhões investidos na área
Movimentação de contêineres no Porto de Paranaguá. Nos últimos 4 anos foram R$ 700 milhões investidos na área| Foto: Divulgação TCP

No setor portuário brasileiro, o uso de contêineres tem crescido cada vez mais e se tornado o grande atrativo para os exportadores. Além do crescimento e dos recordes batidos na produção e exportação de grãos mesmo durante a pandemia da Covid-19, a movimentação de proteína animal também ajudou muito nesse cenário.

Para se ter uma ideia de como a produção e exportação da proteína animal cresceram e ajudam na movimentação com contêineres no Brasil, a carne suína em 2019 movimentou 750 mil toneladas. Este ano, só de janeiro a setembro, já foram 754,3 mil toneladas; e a expectativa é fechar o ano em 1 milhão de toneladas. O mesmo ocorre com a carne de frango. Entre janeiro e setembro de 2020 já houve incremento de 1,3% (total de 3,178 milhões de toneladas) nos embarques em relação a 2019.

Segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), não há dúvidas quanto ao crescimento na movimentação dos portos públicos e terminais privados brasileira por meio de contêineres.

De 2010 a 2019, por exemplo, houve aumento no movimento de cargas de 56,8% nesse segmento. Foram aproximadamente 113 milhões de toneladas por ano. Este ano, até setembro, foram quase 60 milhões de toneladas.

Viajam nesses contêineres desde commodities (agronegócio, madeira, papel e celulose) a carnes e congelados, bens de consumo e eletroeletrônicos e automotivo. Os TEUs mais utilizados são os de 20 e 40 pés, pois podem ser mais facilmente transferidos entre os caminhões, trens e navios e são mais seguros e versáteis. A capacidade desses contêineres varia de acordo com sua construção e para qual carga vai transportar, podendo ir de 22 mil quilos a 35 mil quilos.

Investimento de R$ 1,3 bi em Paranaguá

Não à toa, a meta do Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP), que tem a concessão do serviço no local, é investir R$ 1,3 bilhão até 2047. O investimento de 2016 até agora foi de R$ 700 milhões. Boa parte da movimentação no TCP é creditada à exportação de carne de frango. Em 2019 o Brasil exportou 4,2 milhões de toneladas de carne congelada de aves, sendo 41,7% no TCP. Foram 83.352 contêineres movimentados com produtos congelados (desses, 69.618 só com aves). Em 2020, já foram 40.518 contêineres com o produto. Os destinos variam entre África, Europa, Ásia e América.

Segundo Luiz Fernando Garcia, diretor-presidente dos Portos do Paraná o terminal de containers de Paranaguá é o com maior capacidade de receber containers frigorificados no país. “Ninguém no país tem uma condição logística tão boa para operar esse tipo de carga quanto Paranaguá”, disse, lembrando que esse foi um dos grandes elementos que contribuíram para o aumento da movimentação no local e garantirão a sustentabilidade caso a demanda aumente ainda mais.

Os administradores da APPA e do TCP acreditam que com os investimentos feitos o Porto de Paranaguá está pronto para atender demandas nos próximos 30 anos. A capacidade foi aumentada e pode receber até 2,5 milhões TEUs (unidades equivalentes a contêineres de 20 pés) por ano. A área também foi pré-preparada com a ampliação do número de tomadas reefer (contêiner refrigerado).

Em 2020, até setembro, a movimentação no Porto de Paranaguá foi de 915 mil TEUs. E os principais produtos movimentados em contêineres no local são commodities (agronegócio, madeira, papel e celulose), carnes e congelados, bens de consumo e eletroeletrônicos e automotivo.

Outro ponto positivo é a logística. O TCP está próximo dos principais produtores e possui ferrovias e rodovias que facilitam o transporte, diminuem o custo e aumentam a competitividade.

De acordo com Thomas Lima, diretor comercial da TCP, os recordes são resultados da modernização da infraestrutura. O terminal é responsável pelo maior investimento no setor portuário brasileiro na atualidade, permitindo que o porto de Paranaguá atue como um hub marítimo, para importação e exportação de contêineres na América do Sul.

“Oferecer soluções logísticas como armazéns e ramal ferroviário dentro de sua zona alfandegada faz toda a diferença. Almejamos sempre aumentar nossa produtividade, o que desonera e agiliza toda a cadeia para armadores, exportadores e importadores. Além disso, oferecemos condições comerciais, com períodos livres de armazenagem, por exemplo”, afirmou Lima.

Porto de Santos

Já o Porto de Santos, que corresponde a 30% das movimentações comerciais brasileiras, quando se refere a contêineres tem uma capacidade atual de movimentação estimada em 5,3 milhões TEUs por ano. De janeiro a agosto deste ano foram movimentados 2,67 milhões TEUs.  Dos 72 berços para atracação de navios no complexo portuário santista, 18 são de contêineres e mais 1 multiuso, por onde destina-se suco cítrico a granel, roll-on/roll-off, veículos e contêiner. Dos 55 terminais do Porto de Santos, os que movimentam carga geral (solta ou conteinerizada) representam 38%.

Com a provação do novo Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ) do Porto de Santos pelo Ministério da Infraestrutura (MInfra) as instalações destinadas a contêineres terão um dos maiores crescimentos de capacidade entre todas as cargas: alta de 64%, saindo de 5,3 milhões TEUs para 8,7 milhões TEUs.

A administração do Porto de Santos confirma que a opção pelo contêiner no embarque de cargas vem ganhando cada vez mais espaço. De janeiro a novembro de 2019, houve um significativo aumento no embarque por contêineres de produtos como farelo de soja, açúcar e carne. Os dados de 2020 ainda não foram computados.

Os custos e a praticidade dos contêineres têm atraído cada vez mais o comércio exterior e, por isso, a tendência é que eles cada vez mais sejam adotados no complexo santista. Os embarques de carnes, realizados por contêineres frigoríficos, registrou alta, bem como em Paranaguá. O aumento em 2019 comparado a 2018, por exemplo, foi de 127,8%, com 1,4 milhão de toneladas.

Cargas como farelo de soja, açúcar e milho, que eram embarcadas a granel, também estão sendo transportadas cada vez mais em contêineres. No ano passado foi registrado um aumento de 57,6% no embarque de farelo de soja e de 64,7% de soja em grãos utilizando esse tipo de transporte. Em relação ao milho, houve um crescimento de 22,2% na carga transportada em contêineres. Já a movimentação de suco cítrico em contêineres passou de 159 mil toneladas para 244 mil toneladas, um aumento de 53,2%.

E os números das movimentações em contêineres no Porto de Santos não param de impressionar. Em 2019, cerca de 13 milhões de toneladas de açúcar foram embarcados no local, sendo 1,6 milhão de toneladas transportadas em caixas metálicas contêineres (aumento de 103,8%). O mesmo se repetiu com o café, que há bastante tempo vem sendo conteinerizado, assim como açúcar. A movimentação da carga, que não fica sujeita a intempérie como chuva, por exemplo, é facilitada por meio de contêineres. Isso ajuda também na diminuição dos custos de logística.

Para a Associação Brasileira dos Terminais Retroportuários e das Transportadoras de Contêineres (ABTTC), 34 empresas no Porto de Santos estão habilitadas a realizar operações com cargas para exportação e o transporte de mercadorias em contêineres é uma tendência.

Prioridade para navios full contêineres

Como não poderia ser diferente, o Porto de Itajaí, em Santa Catarina, que tem atracação prioritária em dois de seus berços (cais público) para os navios fullcontêineres, segue a linha dos portos de Paranaguá e Santos e comprovando o crescimento nacional do transporte por contêineres. No porto catarinense, o aumento foi de 22% na movimentação. Foram movimentados 44.188 TEUs (20 pés) no primeiro bimestre deste ano, contra 36.147 TEU’s no mesmo período do ano passado.

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