O ex-diretor de concessionária em Salvador, Luiz Henrique Melo Barros, conta uma história que, segundo ele, atesta a profunda religiosidade do povo baiano. Depois de adquirir um Gol, um cliente fez o que muitos baianos costumam fazer. Feliz da vida, saiu da revenda direto para a igreja do Bonfim. Benzido o carro, deixou a igreja sentindo-se mais protegido, com as fitas e os amuletos pendurados no espelho retrovisor.
Passado algum tempo, o cliente retornou à concessionária. E não tinha uma expressão muito feliz, bem diferente de quando saíra dali a bordo de seu Gol zero Km. A satisfação com o carro havia se transformado em grande aborrecimento. Nos encontros com os amigos, o Gol ficava estacionado à beira da praia e cismava em disparar o alarme. De tantas vezes que aconteceu, o alarme tinha virado motivo de chacota entre os amigos e a concessionária não encontrava a origem do disparo.
No décimo primeiro retorno na revenda, a equipe descobriu enfim porque o alarme disparava justamente quando o carro estava à beira da praia. É que para evitar que o carro esquentasse muito com o calor, o cliente deixava os vidros da janela um pouco abaixados. Por essas frestas, toda vez que um caminhão passava pela rua, o vento entrava, sacudindo os amuletos e fitas do Bonfim, pendurados no retrovisor. O alarme, bastante sensível, então tocava.
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