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“Quando saio para passear é importante sentir prazer e conforto ao dirigir.” Fábio Ricardo Almeida Eiras, bancário em Londrina | Roberto Custódio/JL
“Quando saio para passear é importante sentir prazer e conforto ao dirigir.” Fábio Ricardo Almeida Eiras, bancário em Londrina| Foto: Roberto Custódio/JL

Adaptações para uma direção especial

As alterações na picape Dodge 1947 (motor V8 de 300 cv) do empresário Reginaldo Cavassin, 32 anos, de Curitiba, vão exigir quase dois anos de serviço, além de um estudo mais apurado dos profissionais da Totty’s. Paraplégico há nove anos em decorrência de um acidente de caminhão, ele necessita de adaptações especiais no veículo para dirigir. "Tenho o hot há 6 anos, mas só podia andar nele como carona. Agora, com a solução apresentada pela Totty’s, vou realizar um sonho", revela.

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Ergonomia evita dores

Oficialmente, a ergonomia surgiu nas salas universitárias em 1949, mas a sua execução pela indústria automobilística ocorre desde o início do século XX. Novas exigências por parte dos consumidores determinaram melhorias na carroceria, no campo visual do motorista, em janelas e espelhos, bem como uma maior preocupação com o conforto, o espaço interno e a força dos pedais. Os benefícios do estudo ergonômico são sentidos no corpo, com a diminuição de eventuais dores e a melhora na postura do condutor ao dirigir.

Já pensou ter um carro desenvolvido exclusivamente para você, baseado nas suas medidas físicas e perfil de condução, que ofereça mais conforto e segurança na hora de dirigir? Isso já é possível, pelo menos para os fãs do estilo hot rod – veículos antigos com mecânica moderna. A oficina Totty’s Hot Toys importou para Curitiba a técnica do "carro que veste", que recria o ambiente interno do carro, projetando-o sob medida para o usuário. O conceito, ainda recente no Brasil, é muito difundido nos EUA.

Lúcio Oliveira, designer responsável por trazer o serviço, explica que neste trabalho são observados principalmente o espaço livre interior, o conforto, a praticidade, a adaptabilidade do banco em relação à estatura do condutor e ao estilo de condução. "O maior desafio é realizar a correção ergonômica na busca pela melhor interação entre o motorista e o veículo, com o objetivo de proporcionar eficiência e satisfação ao dirigir", destaca Oliveira, que teve contato com a técnica nas oficinas dos Estados Unidos, onde trabalhou por cinco anos.

O designer utiliza uma referência do motorista como base do estudo, que pode ser da articulação do quadril, do tornozelo ou dos pés. Assim, calculam-se as dimensões e se definem os aspectos do veículo. "Decidimos qual a mecânica será utilizada, a posição do motor e da caixa de câmbio. Conhecendo o espaço livre interno, projetamos a localização dos pedais. Daí, com as medidas antropométricas, inicia-se o posicionamento dos comandos, instrumentos do painel, bancos, coluna e direção", frisa.

O bancário de Londrina Fábio Ricardo Almeida Eiras, 42 anos, afirma que as mudanças feitas no seu Ford 29 Lakester (motor V8 302 de 290 cv) lhe "caíram" muito bem, já que o seu roadster tem um tamanho reduzido.

Toda a parte interna do conversível foi criada para ser compatível a altura (1,75m) e ao peso (79 kg) de Eiras. As posições dos pedais, da direção e do câmbio, agora automático, foram alteradas. "A distância entre os pedais do acelerador e do freio ficou mais próxima, evitando a necessidade de se levantar a perna direita para frear. Agora eu apenas desloco o pé do acelerador para o freio", conta.

Um novo banco foi confeccionado para o Ford Lakester. "Tudo no assento foi testado em três etapas: a armação do ferro, depois com as espumas e, por fim, com o revestimento em couro, levando sempre em conta o nível de ‘afundamento’ destes materiais em função do meu peso", diz o proprietário.

O projeto consumiu 1 ano e dois meses de trabalho – 3 meses só para as mudanças ergonômicas. Eiras se diz recompensado pelo investimento, só não quis revelar o preço da exclusividade. "Foi um valor respeitável, mas aí fica a pergunta: quanto vale um sonho?"

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