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Equipe envolvida no projeto: Wellington Larcipretti e Hantony Poul, agachados; Vilson de Souza Ramos, Glauco Uaicuru Marques, Casemiro Soares e Wagner Amin Pedrozo, em pé | Marcelo Elias/ Gazeta do Povo
Equipe envolvida no projeto: Wellington Larcipretti e Hantony Poul, agachados; Vilson de Souza Ramos, Glauco Uaicuru Marques, Casemiro Soares e Wagner Amin Pedrozo, em pé| Foto: Marcelo Elias/ Gazeta do Povo

Legislação

Veículo elétrico pode ser regularizado no Detran

O coordenador de Veículos do Departamento de Trânsito (Detran) do Paraná, Cícero Pereira da Silva, diz que os veículos elétricos podem circular nas ruas desde que o proprietário providencie os documentos necessários. Ele explica que no caso do engenheiro eletrônico Wellington Larcipretti essa tarefa é ainda mais simples porque ele está usando um carro já registrado, que tem uma documentação pronta.

O que o engenheiro precisa fazer é informar a transformação do combustível, de gasolina para uma fonte elétrica. O primeiro passo é procurar o Detran e pedir uma autorização para essa mudança. Depois disso, Larcipretti deve levar o veículo para inspeção em um dos órgãos credenciados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). No site do Detran estão listadas 11 entidades credenciadas no estado. Concedido o laudo, basta voltar ao Detran, que vai emitir a nova documentação.

Caso Larcipretti tivesse construído um veículo elétrico totalmente novo, ao invés de usar um carro que já existe e está registrado, da mesma forma ele poderia regularizar a situação do veículo, mas com um pouco mais de trabalho. Nesse caso, seria necessário fazer a homologação do modelo no Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).

Conheça a evolução dos veículos elétricos:

1873 – Na primeira onda, R. David­son revelou que um caminhão de quatro rodas pode ser movido por um motor elétrico alimentado por uma bateria de ferro/zinco primá­ria. Em 1881, G. Tourvé criou o pri­mei­­ro veículo elétrico (VE), alimen­ta­­do por uma bateria Planté (bate­ria de placas).

1900 a 1912 – Na segunda on­­da, os VEs foram utilizados mais do que os veículos movidos a gasoli­­na.

1912 a 1960 – No período, o predomínio foi dos veículos com motor de combustão interna, com baixos preços de combustível e melhor desempenho.

1960 – A terceira onda iniciou-se com o ressurgimento dos VEs em função das preocupações ambien­tais com as emissões de gases do efeito estufa, do aumento do preço dos combustíveis fósseis e do em­bargo do petróleo árabe, em 1970.

1976 – Com as vendas limitadas a um total de pouco mais de cem uni­­dades, os carros elétricos Itaipu e E-500 da Gurgel, pioneiros na Amé­­rica Latina, tinham autonomia de 80 km e consumiam cerca de oito horas para a recarga das baterias.

1990 – A quarta onda, liderada pe­­­lo estado norte-americano da Califórnia, deveu-se à legislação de emissões de gás carbônico naquele país.

2010 – Hoje, em sua quinta onda, os VEs surgem com força devido a vários fatores, incluindo o ambien­tal e o econômico e em função das mudanças tecnológicas e sociais. Os peritos em óleo combustível concordam que ainda há reservas de 990 bilhões a 1,1 trilhão de barris de petróleo acessíveis no mundo. No ritmo atual de uso, 30 bilhões de barris por ano, prevê-se que o mundo irá ficar sem petróleo em algum momento de 2020 até o ano de 2043 ("Fossil Fuels ", 2006).

Fonte: Wellington Larcipretti, engenheiro eletrônico.

  • Motor elétrico gera potência equivalente a 50 cavalos
  • Painel: marcadores de capacidade da bateria e da corrente que o motor consome
  • Entrada do tanque de combustível ganha tomada
  • Carro fica ligado na tomada para recarga da bateria

O engenheiro eletrônico Wel­­ling­­ton Larcipretti – que há 30 anos trabalha com pesquisa, desenvolvimento e inovação, no Brasil e no exterior – decidiu, em 2001, que era a hora de entrar na onda do carro elétrico. Numa viagem aos Estados Uni­dos ele co­­nheceu um conceito elétrico da Mitsubishi e voltou decidido a desenvolver um mo­­tor. Depois de mais de oito anos de trabalho e de um investimento de R$ 300 mil em materiais, o motor elétrico ma­­de in Curitiba está pronto.

Nesse período foram desenvolvidos quatro protótipos e finalmente a equipe de Larcipretti chegou a uma versão final. O engenheiro lembra que metade dos oito anos foi gasta no desenvolvimento do software e a outra metade no projeto da bateria. Para a primeira tarefa ele contou com o apoio do seu filho, Nicolas Lar­cipretti, estudante de Ciências da Computação na Univali, em Flo­rianópolis (SC), e funcionário da Dígitro Tecnologia, também na capital catarinense.

O trabalho de Larcipretti, do seu filho e da equipe da Costa Sul Autocenter, de Curitiba, deu origem a um motor elétrico que gera uma potência equivalente a 50 cavalos, desenvolve a velocidade má­­xima de 120 km/h e tem uma au­­tonomia que varia de 60 a 80 km, conforme a maneira de conduzir do motorista.

Na tomada

Quando a bateria descarrega, bas­­ta colocar o carro numa tomada comum pelo período de quatro a cinco horas. Hoje, Larcipretti usa uma bateria tracionária, que é industrial, ideal para empilhadeiras. Ela é de chumbo, mas não se trata da mais recomendada pa­­ra automóveis, segundo o en­­ge­­nheiro.

Por isso, ele e sua equipe desenvolveram uma bateria própria para o seu projeto de carro elétrico, também de chumbo. Ela poderá ser recarregada em apenas 90 minutos, afirma Larcipretti. Ago­­ra é preciso que ele encontre uma indústria que se proponha a fabricar a bateria, que além de ser re­­carregada com mais rapidez ainda poderá dar ao veículo uma autonomia de 120 a 130 km.

Larcipretti prevê que a bateria vai custar de R$ 300 a R$ 400, cerca de duas a três vezes mais do que os modelos mais baratos usados hoje pelos veículos com motor a combustão.

Na balança

O projeto de Larcipretti não previa o desenvolvimento de um novo modelo de veículo, mas sim de um motor elétrico. Então ele decidiu usar um Gurgel para fazer a transformação. "Queria algo com 100% de engenharia brasileira", explica. Do carro original foram retirados aproximadamente 300 quilos. O engenheiro conta que sobraram o chassi, suspensão, rodas, freio e direção. Hoje, o veículo pesa cerca de 500 quilos, sendo que 260 quilos são das baterias.

O funcionamento do veículo com motor elétrico projetado por Larcipretti é bastante simples. É como se fosse um carro automático. Tem acelerador e freio e as marchas são somente para frente ou para trás. O propulsor não tem partida, basta somente acionar a chave na posição "ligado". Sem marcha lenta, quando o carro para o motor desliga automaticamente e religa quando é pressionado o pedal do acelerador.

O engenheiro eletrônico ex­­plica que o veículo só se movimenta se as portas estiverem fechadas e se o cabo que alimenta a bateria não estiver na tomada. Questão de segurança. E também, como o motor quase não faz barulho, Larcipretti desenvolveu um leve "apito" para os momentos de bai­­xa velocidade, como durante as manobras para estacionar, que tem o objetivo de alertar os pedestres.

No bolso

O principal apelo do carro elétrico é o ecológico, mas se isso não é suficiente para convencer os motoristas, Larcipretti cita o econômico. Segundo ele, o gasto de energia elétrica numa recarga da bateria pode chegar a R$ 5, ou seja, o custo por quilômetro rodado é de R$ 0,06 a R$ 0,08. Para um carro flex, compara, o custo varia de R$ 0,20 a R$ 0,25. "Isso sem falar da economia com manutenção, já que o carro elétrico não tem filtros, correias, mangueiras, escapamento e não precisa de óleo, por exemplo", completa o engenheiro.

E as oficinas mecânicas? Será que a onda do carro elétrico preocupa os profissionais? O mecânico Hantony Poul, que trabalha na Costa Sul, arrisca dizer que vai reduzir em 70% o volume de trabalho com o motor elétrico. Mas ele não vê isso como um problema porque só o que vai mudar é o tipo de trabalho. O profissional tem que se atualizar, diz ele.

Para Larcipretti, o Brasil possui as condições ideais para o carro elétrico porque 87% da matriz energética no país é limpa (predominantemente hidráulica). Ou seja, nós não poluímos ao produzir energia elétrica, ao contrário do que acontece em outros países. Onde a energia vem das termoelétricas, por exem­­plo, não adianta pensar no veículo elétrico como menos poluidor porque se estará agredindo o meio ambiente ao produzir a energia.

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