O que estamos perdendo

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Foi-se o tempo em que reestilizações promovidas no exterior chegavam rapidamente aos modelos fabricados localmente - leia-se no Brasil e Argentina. Quem tem um Golf, Scénic e Astra ainda está esperando pela chegada das novas gerações.

O anúncio, na semana passada, de que a Renault Scénic II européia já está passando por uma cirurgia plástica, por aqui ainda estamos na primeira geração, nos faz cair em uma dura realidade: há vários carros feitos no Mercosul em descompasso com versões da Europa, EUA e Ásia. Há exceções, é claro, como os novos Honda Civic e Toyota Hilux, que chegaram logo em seguida ao lançamento mundial.

Dois motivos são apontados para a existência dessa verdadeira geração perdida de carros. O primeiro é a excessiva concentração de vendas de carros compactos. Com isso, explica Paulo Roberto Garbossa, consultor da ADK Automotive, modelos como os novos Golf e Astra ficam sem escala suficiente para justificar sua fabricação local. Outro fator foi o encolhimento do mercado brasileiro, logo depois das montadoras terem feito pesados investimentos em suas fábricas no fim dos anos 90. "As montadoras tem hoje uma capacidade de venda interna de 2,6 milhões de carros, mas ainda não atingimos os dois milhões de veículos comercializados", observa Garbossa. Assim, mesmo com o aquecimento recente das vendas, enquanto algumas montadoras não recuperarem o que investiram teremos que continuar a conviver com leves mexidas em muitos carros atualmente em produção.

Hoje, a lista dos carros em descompasso com as versões vendidas lá fora é formada por: Golf, Astra, Clio, 206, Zafira, Focus, A3 (a nova geração importada chega em agosto), Corsa, Doblò, Frontier, XTerra, Polo, L200, Ducato, Jumper e Boxer. Por outro lado, são exemplos de modelos da mesma geração aqui e lá: 307, Civic, Corolla, Hilux, SW4, Ka, Idea, Fiesta, Meriva, Picasso, Stilo e Fit. O novo Mégane, C3 e o Vectra estariam "quase" nesta mesma situação se os dois primeiros não tivessem passado por leves "face lifts" na Europa e o terceiro não fosse derivado da plataforma do Astra – no Velho Continente, é um carro totalmente novo.