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Na prática - Teste avalia eficácia da tecnologia

Com a "nacionalização" do ABS e o conseqüente aumento no número de carros equipados com esse sistema, a indústria automotiva brasileira dá um grande passo para tornar o trânsito menos agressivo e reduzir o número de mortes por acidentes nas estradas em todo país. Nas simulações realizadas na pista de teste da Bosch, em Campinas, a reportagem da Gazeta do Povo pôde constatar a eficácia e a importância da tecnologia. Na avaliação foi usado um VW Polo equipado com um dispositivo que liga e desliga o ABS.

Para simular um piso escorregadio, a pista especial foi dividida uma parte em granito, onde os pneus perdem toda a aderência quando molhado, e outra em asfalto seco. Numa velocidade de 60 km/h, as rodas da esquerda ficavam no asfalto e as da direita no granito sem aderência.

Na primeira passagem sem ABS assim que a roda dianteira travada tocou o piso seco a perda do controle foi inevitável e o veículo "rodou" algumas vezes até parar. Na mesma velocidade, mas com o sistema ABS ligado, mesmo pisando fortemente no pedal de freio o controle da direção foi total, com o veículo permanecendo em linha reta até a sua parada.

Na simulação em pista seca com obstáculo à frente, o carro a 70 km/h e com o ABS desligado não obedeceu ao movimento do volante durante a frenagem e parou a poucos centímetros do objeto. Já com o disposito, as rodas continuaram livres mesmo pisando fundo no freio, o que possibilitou desviar sem grandes dificuldades.

Campinas (SP) – Carros nacionais com preços mais populares em breve devem sair de fábrica equipados com o Sistema Antibloqueio de Frenagem (ABS). Pelo menos essa é expectativa após a Bosch inaugurar na última quarta-feira, em Campinas, a sua linha de montagem do ABS 8, a versão mais moderna da tecnologia. Hoje o dispositivo eletrônico está disponível (de série ou opcional) em modelos mais sofisticados, situados numa faixa de preço acima de R$ 50 mil. Nos importados, por exemplo, ele chega a equipar 97% das versões.

Com a decisão de nacionalizar parte do sistema, antes totalmente importado da Alemanha, a Bosch espera atingir um mercado que se mostra emergente. Nos três últimos anos, o número de automóveis nacionais (incluindo os fabricados na Argentina e no México) que vêm com o ABS de série pulou de 8% para 13%. É um percentual ainda discreto comparado à Europa, onde 100% dos veículos novos trazem o dispositivo, aos Estados Unidos (91%) e ao Japão (85%).

Mas a empresa alemã acredita que as montadoras estão com o foco voltado para a segurança veicular. "Marcas como Volkswagen, Toyota, General Motors, PSA (Peugeot e Citroën) e Fiat já fecharam contrato conosco. Os primeiros veículos equipados com o ABS nacional devem ser fabricados ainda este ano, em meados de outubro", garante Bernd Schemer, vice-presidente da Unidade de Sistemas de Controle de Chassis da Bosch para a América do Sul.

Atualmente, nos segmentos de hatchs e sedãs compactos, que representam mais de 70% das vendas no Brasil, o índice de ABS de série atinge irrisórios 3%. Poucos também oferecem o equipamento como opcional, e nos populares, como Chevrolet Celta, Fiat Mille, Ford Ka e Chevrolet Corsa, mesmo que o cliente deseje adquiri-lo, ele não está disponível.

Entre os motivos para a fraca oferta está o desinteresse do consumidor e o preço do produto. Como opcional, o ABS custa entre R$ 2 mil e R$ 3 mil. Há casos em que só é possível adquirir o sistema inserido em pacotes que trazem vários outros itens e cujo valor pode chegar a R$ 15 mil, como é caso do Fiesta 1.6 hatch. "A médio e longo prazo o brasileiro perceberá os benefícios que o ABS traz. E exigirá a presença do dispositivo no carro, forçando o mercado a oferecer o produto como item de série ou como opcional isoladamente, e não atrelado a pacote de estilo", salienta o executivo. Schemer admite ainda que o fato do ABS feito na fábrica campineira ter somente 20% de nacionalização já é mais do que suficiente para "baratear" o sistema.

Estudos feitos pela Bosch revelam que o consumidor brasileiro em geral conhece mais os sistemas de segurança passiva – que visam proteger o passageiro quando ocorre um acidente, como air-bags e cintos de segurança – do que os sistemas de segurança ativa – destinados a evitar acidentes, entre eles o ABS e o controle de tração. Schemer explica que ainda falta informação, inclusive de quem utiliza essa tecnologia. "Por exemplo, em situações de emergência, quando o ABS é acionado, aquela vibração que o motorista sente no pedal é normal, pois é reflexo da ação do sistema no freio, mas há quem pense que aquilo é um defeito e alivie a pressão no pedal, anulando o efeito benéfico do sistema", explica.

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