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Dalton Damoulis: refinarias não suportariam a demanda | Henry Milléo/ Gazeta do Povo
Dalton Damoulis: refinarias não suportariam a demanda| Foto: Henry Milléo/ Gazeta do Povo
  • Linha de propulsores para caminhões da Mercedes-Benz. Incentivo ao setor de transportes e cargas

A todo o momento, as fabricantes europeias apresentam lançamentos de carros movidos a diesel. Mas, no Brasil, essa realidade ainda é distante. Por quê? A razão para isso não está em um atraso tecnológico do país para a produção de blocos exclusivos para o uso do combustível, mas sim pela baixa oferta nas bombas para suprir uma eventual demanda dos consumidores.

"As refinarias e as empresas não se prepararam para transforma-lo para a aplicação no segmento urbano", afirma o gerente e organizador do Fórum de Tecnologia de Motores a Diesel da associação de engenharia SAE Brasil, Dalton Damoulis.

Na década de 1970, ele conta que o Governo Federal criou uma lei que limitou o uso para determinados tipos de veículos. Com isso, a ideia era impulsionar os setores de cargas e transportes e garantir que não faltasse ele para ônibus e caminhões. "Naquela época, não havia tanto diesel quanto hoje. E a tecnologia também não era tão avançada", acrescenta.

A robustez e o alto torque foram outros motivos que pesaram para a decisão do governo na época, segundo Damoulis. Mas nesses mais de 30 anos, a indústria evoluiu e desenvolveu não só motores capazes de aproveitar melhor a capacidade do combustível, como também alcançou um nível de refino que o tornou mais eficiente.

"Hoje, algumas montadoras de países como a Alemanha chegaram até mesmo a conseguir uma performance superior nos veículos a diesel do que nos movidos a gasolina. Esses carros são capazes de emitir menos poluentes, são mais econômicos e têm uma autonomia maior em relação aos outros modelos", diz o engenheiro, que reconhece, por outro lado, que a indústria dos propulsores do ciclo Otto (etanol e gasolina) seguem em evolução constante e não devem ficar para trás na corrida tecnológica.

Vantagens e desvantagens

Se lá fora fabricantes como a Audi oferecem sedãs e peruas com essa opção de combustível, a exemplo das linhas A4, A5 e A6, no Brasil elas estão limitadas apenas a picapes de marcas como a VW, a Nissan, a Toyota e a Mitsubishi. Embora apresentem uma diferença de preço que pode chegar a até R$ 20 mil a mais em comparação com as flex – em virtude da sobretaxa que incide sobre esses motores para reduzir o seu uso em carros de passeio –, no longo prazo esses veículos são pelo menos 12% mais econômicos que os demais.

Entretanto, de acordo com Damoulis, o motivo para esse índice está nos subsídios dados pelo Governo para o combustível, que sai mais barato das bombas, do que pela força e potência que apresentam. "Pela tecnologia disponível hoje no Brasil, a performance e a autonomia dos carros a diesel ainda é inferior aos do ciclo Otto. Eles gastam mais combustível e não alcançam a potência a que poderiam chegar."

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