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A parceria criada  no fim do ano passado entre a Caoa e a Chery gerou a expectativa quanto ao padrão dos carros que sairiam da fábrica de Jacareí (SP) a partir de agora. A unidade fabril pertence à marca chinesa e por lá são feitos o QQ e o Celer, dois modelos que ainda geram desconfiança do consumidor em relação a construção, acabamento e durabilidade. 

Por outro lado, a empresa brasileira, representante oficial da Hyundai no país, é a marca com a maior índice de satisfação de clientes no pré e pós-venda, e responsável por comercializar importados conceituados como ElantraSanta Fe, além de montar o New Tucson e o ix35 na planta de Anápolis (GO).

E a primeira novidade desta união é o Tiggo 2. O hatch altinho com pinta de SUV compacto chega ao mercado como uma espécie de vitrine da nova Caoa Chery para tornar a chinesa mais popular no país e diminuir o grau de rejeição.

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E qual seria a resposta para a pergunta no título? Bom, ainda não dá para cravar um ‘sim’ de boca cheia. A evolução existe, porém timidamente, como contarei abaixo após conhecer e dirigir o Tiggo 2 no lançamento à imprensa no interior de São Paulo.

Na verdade o carro estava praticamente pronto para estrear apenas com a bandeira Chery em 2017, no entanto acabou atrasando por problemas na fábrica de Jacareí, que ficou em greve por meses. 

Coube à  Caoa realizar alguns aprimoramentos no projeto afim de deixá-lo mais receptível pelo consumidor. Afinal o Tiggo 2 nada mais é que uma adaptação do Celer nacional, que não foi bem aceito pelo mercado e sairá de linha para abrir espaço à novidade.

Por enquanto, o índice de nacionalização do carro é de 20%, mas a marca já busca fornecedores locais para chegar a 65% num prazo de três anos.

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'SUV democrático'

A parceria trata o Tiggo 2 como SUV compacto, ou melhor, um 'SUV democrático', para todos os tipos de pessoas e bolso. A intenção é surfar no sucesso de vendas no segmento. Na verdade é uma opção que mescla características de um hatch e de um SUV.

Os preços partem de R$ 59.990 na versão Look e R$ 64.490 na topo de linha Act. A tabela é competitiva, considerando que Caoa Chery apresenta como rivais diretos o JAC T40 (começa também em R$ 59.990), o Renault Duster (em R$ 71 mil) e Ford EcoSport (em R$ 68,7 mil). 

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A pretensão é emplacar quase 9 mil unidades (1,1 mil/ mês) até o fim do ano, levando em conta não só os preços, mas ainda a promessa de um baixo custo de manutenção e revisão e da nova estrutura, que fará a rede de concessionários subir de 25 lojas para 55 até dezembro, além de oferecer o padrão Caoa no pós-venda.

Visual que chama a atenção

O cartão de visitas do Tiggo 2 é o seu visual. Não há como negar que ele atrairá olhares pelas ruas, sem exageros de estilo e de proporções entre a dianteira e a traseira. E o melhor, não passa a sensação de ser cópia de algum outro modelo.

Os faróis com projetores e a luz diurna em led na extremidade do para-choque todo recortado se destacam em meio a detalhes cromados.

Na traseira, as lanternas têm iluminação em led e são ligadas por um friso cromado na tampa do porta-malas.

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Mas é no interior do carro que se justifica a conclusão acima de que ainda é preciso evoluir mais para abandonar de vez a ‘antiga’ Chery. Ponto positivo para o acabamento bem feito, apesar de profusão de plástico rígido. O recorte do painel é agradável aos olhos, com a combinação bem interessante no desenho - a porção central imita fibra de carbono e dá uma certa sofisticação ao ambiente.

Também não encontramos peças mal encaixadas ou parafusos aparecendo, como acontece em outros produtos da empresa chinesa.

Deslizes na cabine

Por outro lado, há alguns defeitos e deslizes que podem incomodar o consumidor. O banco em posição mais alta é a marca registrada dos SUVs e aventureiros por transmitir a sensação de maior robustez ao volante. 

O problema é que o Tiggo 2 exagera neste quesito. Mesmo na posição mais baixa da regulagem do assento, a cabeça do motorista quase encosta no teto - no meu caso, com 1,80 m, raspei por diversas vezes no test drive durante o lançamento do carro, em Itupeva (SP). Este desconforto é atenuado pela boa posição ao dirigir e pegada do volante. 

O quadro de instrumentos, apesar de esteticamente interessante, não possui comando tão funcionais, como o conta-giros com marcador invertido (sentido anti-horário) que poder confundir a interpretação. 

Já a tela do computador de bordo possui números reduzidos, exigindo uma visão mais apurada do condutor, sem falar que o consumo de combustível é mostrado em litros por 100 km e o monitoramento de pressão dos pneus no sistema Bar - a leitura no Brasil é em libras (psi). Deslizes que a Caoa Chery deverá corrigir com o tempo.

Os pecados se estendem à visualização do sistema multimídia, que reflete bastante a luminosidade externa. Em dia ensolarado, esqueça enxergar as informações. 

Um dos chamariz dos carros chineses, além do preço mais agressivo, é o generoso pacote de itens de série. No Tiggo 2, a lista não surpreende, mas é bem completa para o segmento. Destaque para a luz diurna em led, monitoramento de pressão dos pneus, sensor de ré, freio a disco nas quatro rodas e rodas de liga leve aro 16 na versão de entrada Look e do controle de estabilidade, piloto automático, câmera de ré e a multimídia com tela de 8 polegadas na topo de linha Act.

Alguns equipamentos são sentidos para um carro de R$ 60 mil como ar digital, faróis automáticos, faróis de neblina, direção elétrica, ajuste de profundidade da direção e airbags laterais.

Esperto na cidade, sem fôlego na estrada

Acelerar o Tiggo 2 é viver dois mundos bem distintos, um na cidade e outro na estrada. É nítida a melhoria feita no motor 1.5 do Celer. Ele passou por alterações, recebendo comandos de válvulas variáveis, que melhora o consumo e aumenta a potência.

Assim, passou a render 115 cv (2 cv a mais) e entregar força bem mais cedo - 80% do torque disponível a 2.700 contra 4.000 rpm no hatch/ sedã, apesar da redução de 15,6 para 14,9 kgfm.  

No ambiente urbano, com baixa velocidade, o modelo é bastante esperto nas arrancadas e saídas de cruzamento e semáforos. A 1.500 giros, o computador de bordo já pede a troca de marchas, que é feito num câmbio bem escalonado e preciso. Até a virada do semestre chega a versão automática.

Quando o Tiggo 2 cai na estrada, o comportamento é outro. Falta fôlego depois das 2.700 rpm e o motorista se vê obrigado a pisar fundo no acelerador e reduzir marchas para manter o motor cheio. Mesmo assim, o ponteiro do velocímetro demora a subir e para realizar uma ultrapassagem só acima dos 4 mil giros - mesmo patamar quando se quer trafegar a 120 km/h. 

O resultado disso é um ruído elevado que invade a cabine, sem contar que impacta diretamente no consumo de combustível - o consumo com gasolina divulgado é de 12,34 km/l na estrada e 10,94 km/l na cidade, segundo o Inmetro.

A barulho é ainda maior pelos assobio dos ventos laterais que não são bem filtrados pela acústica do veículo.

A direção hidráulica também precisa ser melhorada, pois demora um pouco a responder os comandos do motorista. Isso pode fazer diferença numa mudança de direção abrupta.

A suspensão foi elevada para entregar uma maior altura livre em relação ao solo (exatos 18,6 cm), facilitando o acesso ao carro e encarando com valentia valetas, rampas e lombadas. 

Os mais exigentes talvez se incomodem por ela ser um pouco rígida, não absorvendo totalmente as imperfeições de um piso irregular, tão comum no Brasil. No entanto, o acerto é firme e passa mais segurança nas curvas.

Espaço compatível

Quanto ao espaço, o hatch acomoda com certo conforto quatro adultos, sem apertos para quem vai no banco traseiro. Um terceiro passageiro atrás, só se for uma criança. A capacidade do porta-malas é de 420 litros, compatível para o segmento e a proposta do carro.

Em resumo, o Tiggo 2 ainda é um carro com raízes chinesas, mas que mostra uma evolução na dirigibilidade e visual, comparado a outros produtos da Chery

Os pecados continuam no acabamento e no desempenho, mas que deverão ser corrigidos a partir da segunda geração, quando a Caoa participar do desenvolvimento do projeto desde a sua origem. 

O que cada versão oferece:

Tiggo 2 Look

R$ 59.990

Direção hidráulica; vidros elétricos; ar-condicionado; computador de bordo; bancos em tecido e couro; luzes diurnas em led; isofix; monitoramento de pressão dos pneus; sensor de ré; retrovisores com ajuste elétrico; freios a disco nas quatro rodas; banco traseiro bipartido com três encostos de cabeça; cintos de segurança de três pontos para todos os assentos; luz de neblina traseira e rodas de liga leve aro 16.

Tiggo 2 Act

R$ 66.490

+ controles de estabilidade e de tração; piloto automático; câmera de ré; teto solar; central multimídia com tela de 8 polegadas e espelhamento do celular (via USB e bluetooth); e acabamento interno mesclando couro e tecido.

Opcional

Teto com pintura preta (R$ 1,5 mil)

O jornalista viajou a convite da Chery
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