Foi-se a época em que os modelos big-trail eram sinônimos de motos puramente off-road, prontas para encarar qualquer terreno. De uns tempos para cá, elas se "urbanizaram", deixando de lado o caráter fora-de-estrada. Bom exemplo disso é a Triumph Tiger 1050. A remodelação feita em 2007 trouxe, além do motor de três cilindros em linha com maior capacidade (1.050 cc), diversas novidades que deixaram a inglesa muito mais on-road.
Mas o fenômeno de urbanização da Tiger, assim como de outras big-trails, é consequência do uso que os motociclistas fazem dessas motos. Na Europa, de onde vem a maioria das motos nesse estilo, são cada vez mais raras as estradas de terra em péssimas condições restam apenas as chamadas estradas secundárias, de cascalho ou terra batida, nas quais a Tiger se sairia muito bem. Afinal, o conjunto de suspensão tem longo curso: na dianteira o garfo telescópico invertido de 43 mm de diâmetro tem curso de 150 mm, o mesmo da balança traseira monoamortecida. Com isso, pequenos buracos ou imperfeições no solo são ignorados pela Tiger, porém na terra mais fofa ou na lama os pneus esportivos 120/70 (dianteira) e 180/55 (traseira) montados em rodas de aro 17 sofreriam bastante.
Mas dentro da proposta da Tiger, ela se sai muito bem. A Triumph afirma que focou o desenvolvimento desse novo projeto na usabilidade. Pois ao rodar com essa última versão, lançada no Brasil em 2008, podemos constatar que a fábrica inglesa acertou. A posição de pilotagem ereta é confortável para rodar na cidade e a excelente visão em função da altura da moto facilita se adiantar a obstáculos e outras encrencas do trânsito.
O motor de três cilindros em linha com 1.050 cc tem comando duplo no cabeçote (DOHC), refrigeração líquida e injeção de combustível. Suas principais qualidades são a entrega linear de potência até atingir 115 cv a 9.400 rpm e o torque (força) de 10,2 kgfm já nas 6.250 rpm. Resumindo: força à vontade desde baixas rotações e uma ampla faixa útil do motor.
Além disso, o quadro esportivo e os freios potentes (da marca Brembo com pinças de fixação radial na dianteira), tornam a Tiger 1050 uma boa motocicleta para percorrer uma estrada sinuosa. Já seu largo banco em dois níveis, o útil para-brisa e o tanque de 20 litros a transformam em boa companheira para uma longa viagem, exceção feita se você quiser enfrentar cenários mais inóspitos, como dunas ou lama.
Ideal para longas viagens
A versão testada era equipada com freios ABS que, vale ressaltar, funcionam muito bem nessa big-trail inglesa. Independentes nas duas rodas, param com segurança os 201 quilos a seco. Outro item que merece destaque na Triumph é seu painel bastante completo. De fácil leitura e boa visualização, traz, além do conta-giros analógico e o velocímetro digital, um computador de bordo que fornece informações como consumo e autonomia. Tudo muito útil para longas viagens.
Enfim, a Tiger é uma boa representante das novas e potentes big-trails urbanas, que têm no conforto e nas suspensões de longo curso suas grandes qualidades. Com o preço em Curitiba de R$ 49.600 na Imox, a Triumph Tiger 1050 se equipara a suas concorrentes também nesse quesito. A Suzuki V-Strom DL 1000 está sendo vendida por R$ 41 mil na MotoCentro, enquanto a Honda XL 1000V Varadero tem preço de tabela de US$ 28.064, mas até 31 de maio, está com preço promocional de R$ 46.990. Ambas as concorrentes, porém, usam motores de dois cilindros em "V" que não oferecem a mesma potência do modelo inglês.
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