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Cinco narrativas que vão destruir o país de vez
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A esquerda continua avançando na sua marcha para reconquistar o Palácio do Planalto em 2018 com a prestimosa ajuda de Michel Temer, um presidente fraco, vacilante e sem brilho, incapaz de liderar o país e que está pavimentando a volta das forças que criaram a maior recessão e os maiores escândalos de corrupção da história.

Como disse Roberto Campos, “fracasso para a esquerda é apenas um sucesso mal explicado”. A guerra mais importante a ser travada nos próximos meses é a de narrativas e até agora apenas um dos lados está lutando. Sem uma contra-narrativa e um investimento sério, competente e constante em comunicação, um esquerdista será empossado em janeiro de 2019 como presidente.

Para ter chances eleitorais no próximo ano, a esquerda entende a necessidade de convencer a opinião pública de que:

    Todas as cinco narrativas acima continuam sendo empurradas para a opinião pública diariamente, tanto pelos políticos de esquerda como pela imprensa, professores em sala de aula, sindicalistas, petistas de batina em igrejas, adolescentes doutrinados e todo tipo de idiota útil que o país com um dos piores índices mundiais de analfabetismo funcional consegue produzir.

    1) O Golpe

    Teste com seus amigos e parentes. Veja quantos realmente acreditam que o processo que encerrou o mandato de Dilma Rousseff foi juridicamente legítimo, que a peça produzida por Janaína Paschoal, Miguel Reale Jr. e Hélio Bicudo é defensável fora da motivação política de tirar o PT do poder. Você vai se surpreender com a quantidade de brasileiros que, mesmo contra o PT, acham que “pedalada todo governo dá” e que “foi golpe, mas foi necessário”.

    A narrativa do casuísmo do impeachment é corrosiva porque tira legitimidade de um processo jurídico irretocável, com participação ativa de um STF com sete dos dez ministros da época indicados por Lula ou Dilma, alguns deles com ligações pessoais ou ideológicas com o PT e com a esquerda como Dias Toffoli, Luiz Edson Fachin e, claro, Ricardo Lewandowski que presidiu a sessão final do impeachment no Senado.

    Para combater a narrativa do golpe, é preciso explicar para a opinião pública insistentemente a legitimidade do impeachment com argumentos técnicos e jurídicos, de forma didática e inteligível para leigos, dando conhecimento das posições contrárias e rebatendo uma por uma, utilizando recursos gráficos e vídeos.

    Houve amplo direito de defesa? Mais, impossível. Houve crime de responsabilidade? Óbvio, inegável. Mas quem está contando essa história com a clareza necessária?

    2) “Todos são corruptos, a culpa é do sistema”

    Quando ficou impossível negar a participação do alto comissariado petista nos maior escândalos de corrupção da história do país, arautos da esquerda como Leandro Karnal começaram a sugerir que todos somos corruptos, que subornamos o guarda de trânsito, furamos a fila no supermercado e colamos na prova da faculdade e, portanto, nós brasileiros não temos autoridade moral para criticar os “malfeitos” petistas.

    A receita para uma mentira eficiente é colocar na mistura alguns elementos de verdade para engrossar o caldo, como neste caso. É evidente que uma população virtuosa combate naturalmente a corrupção tornando o roubo socialmente inaceitável e não tratando o ladrão como uma vítima da sociedade, um malandro sedutor ou um herói da resistência, o que é exatamente o que a esquerda faz. E o caminho para tornar o roubo intolerável é: não relativizar a responsabilidade individual de quem comete crime e não perder o senso de proporções, tratando os menores deslizes pessoais e o desvio sistemático de bilhões da Petrobras como “a mesma coisa”. Não é.

    Como disse Russell Kirk, um dos ícones do conservadorismo moderno, “se você quer ordem na sociedade, primeiro é preciso que haja ordem na alma de cada indivíduo.” A natureza humana é falha, pecadora e caída, como defendem os cristãos há dois milênios, e o caminho para a virtude é reconhecer suas imperfeições, lutar contra as tentações e buscar o caminho do bem pela verdade e pelo amor. A busca da elevação moral do indivíduo será sempre defendida por nós, mas esta jornada, incessante e eterna, não tem nada a ver com colocar todos no mesmo saco ou igualar crimes desiguais, já que se todos são criminosos, ninguém é.

    A esquerda não inventou a crítica às pequenas falhas humanas, pelo contrário, ela transformou tudo em “luta de classes” e crimes cometidos por “oprimidos” ou em nome deles como justificáveis. Quando é flagrada cometendo crime, culpa abstrações como o “sistema” para socializar a responsabilidade e aproveitar para avançar a agenda de que toda a sociedade é culpada. É canalha, mas têm funcionado.

    O combate a esta narrativa passa por lembrar que os países menos corruptos do mundo são exatamente os que têm governos menos interventores na sociedade, que celebram a responsabilidade e a moralidade individuais e não relativizam crimes ou possuem bandidos de estimação. É preciso sempre mostrar também que a justiça depende da idéia de proporcionalidade, que crimes diferentes possuem penas diferentes, e que não faz o menos sentido tratar o roubo de chiclete no mercado com o Petrolão como “a mesma coisa”, mesmo que ambos sejam condenáveis.

    3) Temer é “contra o povo”

    O governo Michel Temer é, sem dúvida, um desastre de comunicação. O adversário dos sonhos da esquerda brasileira.

    O ex-vice de Dilma é um tecnocrata antiquado e retrógrado, um político ultrapassado que acha que administrar um país é como tocar o departamento financeiro de uma empresa nos anos 50, bastando apresentar um memorando com bons números no final do trimestre que seu emprego está garantido. Temer está sendo engolido pela complexidade da política fora dos bastidores dos quais ele veio. Como os vampiros, ele tem sérios problemas com a luz.

    Depois da terra arrasada de 14 anos do PT no governo, o Brasil precisará de anos para se recuperar. Tão importante quanto baixar a inflação e rever cada item do orçamento, fazer reformas e colocar um mínimo de racionalidade na política econômica, é comunicar de forma eficiente e persuasiva para a população o tamanho do buraco deixado, do que está sendo feito para consertar o estrago e quanto tempo vai levar. Sem isso, a população fica com a impressão de que “estava ruim e piorou”, que a única fórmula de Temer e seus burocratas engravatados é cortar “benefícios sociais” e “direitos do trabalhador”, jogando “a conta da crise nas costas do povo”.

    Temer está conseguindo, com sua absurda incompetência como líder da nação, desmoralizar a idéia de que um país precisa de responsabilidade fiscal e que o custo da farra keynesiana do lulismo chegou e o país está tendo que acertar contas com erros passados que têm culpados identificáveis. A população precisa saber quem é o pai e mãe da maior crise econômica da história do país.

    Para acabar com a narrativa do tecnocrata insensível e golpista que está querendo pagar a conta da recessão com o bolso do povo, é preciso que os culpados da crise sejam expostos em praça pública, suas reputações destruídas de forma definitiva e que todo o plano de recuperação do país seja dividido com a população com clareza e honestidade, mostrando de forma realista e transparente o que a população pode e deve esperar dos próximos meses e anos.

    4) Os “direitos conquistados”

    No séc. XVII, John Locke defendeu a idéia de que há direitos naturais (vida, liberdade e propriedade) inerentes aos indivíduos e que a função do governo, para contar com o consentimento dos governados, é proteger estes direitos e evitar o caos hobbesiano. Com o aumento exponencial do tamanho do estado, especialmente a partir do final do séc. XIX com o movimento “progressista”, governos passaram a assumir a função de reformadores da sociedade em nome de utopias, o que explica boa parte dos problemas do século mais sangrento da história.

    Seus direitos naturais mencionados por Locke, autor que influenciou diretamente a Declaração de Independência americana e o Bill of Rights, não obrigam terceiros a pagar por eles. Basta que você não mate, por exemplo, para que o direito natural de viver do outro seja preservado. Já o “direto” à atendimento médico ou escola, que impacta em custos diretos para o sociedade, precisa ter, evidentemente, uma fonte renovável e sustentável de recursos para existir. Em resumo, é preciso que haja geração de riqueza para que parte dela seja direcionada ao custeio de programas sociais ou a conta não fecha.

    O país que não sabe sequer se a previdência dá prejuízo ou não, que não faz idéia quanto o governo gasta com educação, fala em “direitos” como se os recursos para quitar seus custos caíssem do céu. De todas as polêmicas atuais, poucas são tão reveladoras quanto as que envolvem a previdência e a incapacidade dos agentes públicos, do jornalismo, dos profissionais da área e da academia de articularem uma explicação inteligível para a população sobre o tema, deixando apenas a sensação de que “você vai trabalhar até os 120 anos para poder se aposentar porque Temer é malvado”.

    Só é possível colocar um pouco de racionalidade e sanidade na discussão política do país, especialmente quando o assunto envolve “direitos” que custam dinheiro do contribuinte, se a população for envolvida numa ampla campanha de esclarecimento que deve começar imediatamente e com os formadores de opinião, já que nem mesmo os mais instruídos do país conseguem entender, para ficar no caso mais complexo e urgente, o que é previdência, como ela funciona, como seus custos são estruturados e o que é preciso fazer para viabilizar a aposentadoria da população. Ou se faz isso agora ou basta este ponto para que grande parte do eleitorado opte por propostas populistas e embusteiras de candidatos de esquerda no ano que vem.

    5) A esquerda tem “preocupação social”

    Uma das mais perniciosas heranças do marxismo é a idéia de que a quantidade de riqueza do mundo é fixa e que a economia é um jogo de soma zero: para um ganhar outro tem que perder, que só existem ricos porque eles em algum momento da história roubaram os pobres e oprimidos e a solução para os problemas sociais é tirar dinheiro de uns e dar para outros.

    A quantidade de riqueza do mundo se manteve relativamente fixa até a revolução industrial quando se descobriu o milagre da multiplicação da produção que gerou crescimento, inovação, empregos e produtos cada vez mais baratos para um número cada vez maior de pessoas. A solução mais eficiente para combater a pobreza, que há mais de dois séculos não pode ser negada, é a liberdade econômica com o império das leis, confiança entre os agentes sociais e ordem pública. A tal democracia liberal que surgiu na Holanda do séc. XVII, passando para Inglaterra, Escócia e EUA no século seguinte e o resto você está cansado de saber.

    As sociedades mais livres são também as mais solidárias, como pode ser facilmente comprovado no mais importante ranking do setor no mundo, o World Giving Index: https://www.cafonline.org/about-us/publications/2016-publications/caf-world-giving-index-2016. Quanto menos intervenção da burocracia governamental, quanto menos estatização do assistencialismo, mais “capital social”, mais colaboração, voluntariado e filantropia privados. Sociedades livres não são apenas mais prósperas, são também as que mais ajudam os pobres.

    Países que recentemente (em termos históricos) adotaram uma parte do ideário socialista, como a Suécia, precisam também ser tratados com honestidade. A riqueza do país escandinavo, que era pobre até o séc. XVIII, foi construída em cem anos de liberalismo radical, basicamente entre 1850 e 1950, quando governos socialistas resolveram que era hora de distribuir. Desde então, a Suécia praticamente parou de crescer e parte destas escolhas já começou a ser revertida.

    É preciso combater as cinco principais narrativas que a esquerda trabalha incessantemente para evitar que o pais seja novamente entregue aos cleptomaníacos responsáveis por 14 milhões de desempregados, PIB com a inacreditável queda de quase 8 pontos nos últimos dois anos e o aparelhamento do estado por um bando de salteadores que mal começaram a ser identificados e colocados na cadeia.

    O Brasil nunca precisou tanto de bons comunicadores como agora. Há mais de 150 milhões de smartphones no país prontos para receber conteúdo jornalístico de qualidade e há uma demanda inédita por informação de qualidade, honesta e profissional. Falta mais de um ano até a próxima eleição e o desafio de esclarecer a população é enorme, mas há tempo suficiente. O que ainda falta é investimento e vontade política para confrontar as narrativas, apresentado para população um projeto alternativo de poder com mais liberdade, ordem, moralidade e responsabilidade.

    A tarefa é árdua e longa, mas quando só um dos lados está lutando é fácil prever o resultado final.

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