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André Pugliesi
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Ao falar de torcida, Petraglia vem para confundir, não para explicar

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André Pugliesi
06/11/2018 23:04 - Atualizado: 29/09/2023 23:41
Albari Rosa/Gazeta do Povo
Albari Rosa/Gazeta do Povo

Mario Celso Petraglia, presidente do Conselho Deliberativo do Atlético-PR, concedeu entrevista à rádio Transamérica na tarde desta terça-feira (6). E, claro, falou bastante de torcida, um dos assuntos preferidos deste blog.

O cartola defendeu, com a veemência de costume, todas as medidas que tem adotado no Furacão. Biometria e “torcida humana”, mais especificamente. E, também como tem sido comum, misturou uma série de conceitos para provar seus pontos.

Petraglia detonou, por exemplo, a escolta que a Polícia Militar faz das torcidas organizadas pelas ruas da cidade: “Como gado”, ressaltou. Não poderia concordar mais. Embora necessária, é realmente um retrato da deterioração do nosso futebol e, ainda, da segurança pública no país.

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O dirigente mistura a crítica, entretanto, com situação diversa, ao defender que torcedores adversários convivam, pacificamente, lado a lado dentro do estádio. Aquilo que se convencionou chamar, de forma torta, de “torcida única”, na parceria com o Ministério Público do Paraná (MP-PR).

Embora exista uma relação, há diferenças cruciais. Quando se argumenta pela ocupação de um setor visitante nos estádios, não se trata de reservar espaço, em regime de confinamento, para os vândalos, brigões ou, usando o clichê, os “bandidos travestidos de torcedores”.

Mas sim, basicamente, destinar um setor ao torcedor comum dos clubes, a imensa maioria. Para que exerça sua paixão, que vista a sua camisa, que possa reunir-se com os seus, numa chance rara de vibrar pelo clube do coração fora de casa.

Como separar ou impedir que os violentos acessem os estádios? É sem dúvida um desafio, e o sistema de biometria do Atlético já poderia ajudar nisso. O fato é que praticamente não ocorrem incidentes nas arquibancadas, com raríssimas exceções.

Ou seja, não há problema dentro. A dificuldade é fora. E o Atlético, liderado por Petraglia, tenta ir além e construir algo que, simplesmente, não existe em lugar algum do planeta. Até mesmo na Copa do Mundo, um modelo de ambiente “civilizado”, torcedores se unem em setores para cantar e vibrar por seus países.

E por que não é assim em nenhum estádio? Ora, porque está no princípio do esporte o duelo dentro de campo, e ainda mais, nas arquibancadas, para ver quem empurra, quem apoia mais a equipe no gramado. Por isso é futebol, e não “esportes americanos”.

Em resumo, engajado numa suposta “cruzada civilizatória”, Petraglia mais atrapalha do que ajuda. Confunde o debate. E não abre o jogo sobre outras intenções, menos, digamos, “nobres”, como reservar a Arena da Baixada só para os atleticanos.

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