‘Torcida não ganha jogo’, a ‘fake’ de Petraglia para calar a Baixada
Na sanha em esfriar a força da torcida do Atlético-PR na Baixada, Mario Celso Petraglia, presidente do Conselho Deliberativo do clube, gosta de repetir via WhatsApp: “Torcida não ganha jogo!!!!”, assim, sempre com muitos pontos de exclamação, um cacoete da escrita do cartola.
A frase não é nova, ao contrário. E serve, normalmente, para valorizar que determinado time conseguiu triunfar mesmo jogando fora de casa, diante dos torcedores do rival, sem apoio, “contra tudo e contra todos” e outros chavões que você preferir.
Ou seja, a mensagem é que uma equipe venceu apesar, repito, apesar da torcida contrária. É uma forma de relativizar a importância de estar amparado pela galera no estádio e como é totalmente viável superar o ambiente desfavorável. O que é absolutamente verdadeiro. Sim, “torcida não ganha jogo”.
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A leitura do cartola atleticano, entretanto, é enviesada. E bastante curiosa. Com a repetição do “torcida não ganha jogo”, Petraglia quer “provar” que, como não há uma influência direta no resultado, logo, tanto faz o ambiente no estádio. Afinal, “time é que ganha jogo”.
Na tentativa de legitimar a guerra que trava contra a torcida organizada, o dirigente retorce o “argumento”, vira uma espécie de “fake news”, para usar a expressão da moda. E, diferentemente do uso habitual, que é minimizar o poderio do apoio adversário, utiliza para atacar a própria torcida.
É mais um episódio na tentativa de controlar as manifestações na Baixada e transformar o Joaquim Américo numa versão rubro-negra das arenas de esportes americanos, o paraíso dos bundas-de-veludo. O sonho da atual diretoria do clube é mimetizar a Disneyland esportiva.
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Está sendo, obviamente, um tirambaço no pé. Se com apoio limitado nas arquibancadas o Atlético empreendeu franca recuperação no Nacional, e tem chances de título na Sul-Americana, embora ainda esteja nas quartas, poderia (poderá?) estar ainda em melhores condições empurrado por seu torcedor.
Abraçado com os atleticanos e tudo que dá vida e colore um estádio de futebol: instrumentos musicais, faixas, bandeiras, luzes, bandeirões, há uma série de artifícios que podem ser usados, mesmo diante dos regulamentos restritivos de segurança.
E de forma livre, como deseja o torcedor, sem ser sufocado por manuais de comportamento, sem ser empurrado para setores longe do campo, com a liberdade que deve caracterizar as manifestações populares, especialmente no futebol. Como sempre foi.
Afinal, não há a menor dúvida, que se “torcida não ganha jogo”, ajuda a ganhar, e muito. Pergunte a qualquer boleiro. Qualquer jogador, daquele que só representou grandes massas torcedoras, até mesmo quem só teve o apoio de poucos, mas estridentes. É um trunfo indiscutível que ninguém abre mão.
Só Petraglia e o Atlético.
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