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‘Futebol sul-americano sabe o que representa o Athletico’, diz brasileiro do Wilstermann

Por
Fernando Rudnick
24/04/2019 13:15 - Atualizado: 29/09/2023 23:32
Serginho, meia do Jorge Wilstermann. Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo
Serginho, meia do Jorge Wilstermann. Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Ídolo do Jorge Wilstermann, adversário do Athletico nesta quarta-feira (24), às 19h15, em Cochabamba, pela Copa Libertadores, o brasileiro Serginho completa dois intensos anos de Bolívia em junho.

O atacante de 34 anos, que fez carreira no Interior de São Paulo, não pensou duas vezes quando recebeu a proposta para defender os Aviadores na principal competição do continente, em 2017.

Com a altitude de 2,560 m como grande aliada, a equipe cochabambina aposta no fator casa para continuar sonhando com uma improvável classificação no Grupo G. Com apenas dois pontos em quatro jogos, contudo, uma vaga na Copa Sul-Americana, destinada ao terceiro colocado, também está no radar.

“Tem muita coisa em jogo na partida contra o Athletico. Não jogamos a toalha ainda. Enquanto tem oxigênio, vamos respirar. Se bem que aqui o oxigênio é menor (risos)”, brinca o camisa 10, que já troca algumas palavras do português pelo espanhol.

E a conexão de Serginho com a Bolívia poderia ser ainda mais forte. Vítima de racismo em estádios pelo país, ele chegou cogitar retornar ao Brasil.

Reconsiderou por causa do carinho recebido após o último episódio, em março, quando abandonou a partida contra o Blooming no segundo tempo. Mas a ferida ainda vai demorar para cicatrizar.

“Meu filho joga futebol aqui e me perguntou se quando ele se tornasse um jogador, aconteceria o mesmo com ele. Então isso machuca”.

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Leia a entrevista completa abaixo:

Quem é favorito: o Athletico, em boa fase, ou o Wilstermann, que não perde há dez jogos em casa, na altitude, pela Libertadores?

Favorito nunca tem. Futebol é resumido nos 90 minutos. Quem souber aproveitar melhor as oportunidades vai sair vitorioso. Nós temos uma grande experiência na Libertadores, desde 2011 o time não perde uma partida em casa. É totalmente diferente o clima, o jeito de jogar, da Libertadores para a liga boliviana. Vai ser um jogo difícil, sem favorito, um jogo bem aberto.

O Wilster tem chances remotas de classificação na Libertadores. A vaga na Sul-Americana já é o foco principal?

Primeiro temos de gastar a nossa ficha na Libertadores. Temos que ganhar esse jogo, não tem pra onde correr. Temos dois jogos em casa e precisamos vencer. Depois, vamos ver. Mas sabemos que se ganharmos os dois, estaremos na Sul-Americana que é um competição que não podemos deixar de lado. Tem muita coisa em jogo na partida contra o Athletico. Não jogamos a toalha ainda. Enquanto tem oxigênio, vamos respirar. Se bem que aqui o oxigênio é menor (risos).

Como está o clima no Wilster após a saída do técnico Miguel Ángel Portugal após problemas com a torcida?

Na verdade, o professor Portugal já tinha amadurecido a ideia de sair há um bom tempo. Ele tinha comunicado que não ficaria no jogo contra o Tolima, mas fizemos um apelo a ele, que ficasse pelo menos mais aquela partida. Tivemos um bom resultado [2 a 2 fora de casa]. Depois daquele jogo até demos uma arrancada na liga, vencendo três dos últimos quatro.

Mas infelizmente as coisas não aconteceram. Teve muita pressão da torcida para a diretoria o demitir. Mas somos profissionais, temos de trabalhar. Claro que a gente nunca gosta da troca, ainda mais um cara muito do bem, um cara honesto e profissional ao extremo. Eu, particularmente, fiquei muito chateado. Infelizmente a cultura daqui não é tão diferente do Brasil.

Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Como o Athletico é visto na Bolívia?

A gente costuma dizer que todas as equipes brasileiras que vêm aqui são muito respeitadas, independente de quem seja. Os bolivianos têm muito respeito pelo jogador brasileiro. Mas não podemos engrandecer demais cada jogador do Athletico. A gente procura mostrar que eles não são imbatíveis, apesar da grande estrutura, da qualidade dos jogadores. Eles [bolivianos] sabem o que representa o Athletico, o futebol sul-americano todo sabe, todos acompanhamos o título no ano passado.

A conquista da Sul-Americana colocou o Athletico em outro patamar?

Claro. Quando você conquista um título continental, você sobe de patamar. É por isso que todas as equipes querem estar na Libertadores ou na Sul-Americana. Quando você tem um título de expressão como esse, você sobe de patamar. Não é diferente com o Athletico, que está num outro nível. Mas nós sabemos também que há dois anos, em 2017, estávamos nas oitavas de final, nas quartas de final de Libertadores. É o mesmo time, passamos por alguns problemas, mas temos totais condições de voltar.

Como é o nível do futebol boliviano? Você já imaginou como seria sua carreira se tivesse ficado no Brasil?

Antes de vir para cá, fiquei dois anos no Botafogo-SP. Acho que joguei uns 10 Paulistões, Brasileiro de Série B, Série C. E chegou um momento em que no Brasil há esse problema da idade. Não veem o que você poder dar ao clube, só pensam na venda e então o mercado fica um pouco escasso. Mas na verdade, com 34 anos, me sinto muito bem. E não é fácil jogar na altitude a quase 3 mil metros. E eu sou um dos que mais joga, faço uma função de louco, batendo e voltando toda hora.

O nível do futebol boliviano, é claro, não se pode comparar com o futebol brasileiro, argentino. Mas tem um nível legal. Falando sobre competição, é muito acirrado. O campeonato tem 16 equipes e pelo menos sete estão sempre brigando por alguma coisa. É muito nivelado. Claro, se eu tivesse no Brasil, não sei o que poderia ter acontecido. Eu vislumbrei uma oportunidade aqui. No Botafogo de Ribeirão Preto ficaria longe de jogar uma Libertadores. Vim para cá com o propósito de jogá-la.

Você pensa em encerrar a carreira aqui?

A gente já cogitou algumas vezes isso, mas ainda tenho um bom tempo pra jogar. Aqui tenho o carinho de todo mundo, a torcida gosta muito de mim. Já fui campeão, sou um dos brasileiros com mais gols no clube, um clube onde jogou Jairzinho. Mas em dois anos que estou aqui, estou conseguindo deixar meu nome na história do Wilstermann.

Em março, você deixou o jogo contra o Blooming, em Santa Cruz de la Sierra, após ouvir insultos racistas da torcida. Um mês depois, o que mudou?

Foi uma coisa muito chata, já vinha acontecendo comigo há quase um ano. Toda vez que vamos jogar em Santa Cruz tem esse problema com Blooming, Destroyers. Teve até um jogador que me insultou dessa forma. A gente nunca está preparado pra isso. Você perde suas forças, fica impotente. Ainda mais quando isso aconteceu com 90% de um estádio com 20 mil pessoas. Foi algo que marcou muito e acabei saindo do campo. Minha vontade, na verdade, era voltar pra o Brasil. Mas recebi apoio de muita gente, do mundo inteiro. E depois comecei a repensar algumas coisas, minha família queria ir embora também.

Seus filhos assistiram a cena ao vivo na televisão…

Eles estavam vendo e choraram muito. Meu filho joga futebol aqui e me perguntou se quando ele se tornasse um jogador, aconteceria o mesmo com ele. Então isso machuca. Depois conversamos, mostrei a eles situação de como é viver aqui. Temos recebido muito carinho também, não posse ser ingrato também. Relevamos isso, mas infelizmente é uma coisa corriqueira.

Após a proporção que o caso tomou, acha que vai acontecer novamente?

Cara, já aconteceu com um companheiro nosso em Potosí, na semana passada. Foi com o lateral-direito Ballivian, que é afro-boliviano. A gente fica impotente de falar essas coisas porque incomoda. Falei muito sobre isso já. Se pensar muito nisso, me dá vontade de ir embora, de abandonar. Vim para cá para jogar futebol, para dar alegria às pessoas. Construi muito em dois anos aqui, me tornei ídolo de um torcida grande, tem 1 milhão de pessoas aqui (contanto a região metropolitana de Cochabamba).

Você sai na rua e as pessoas querem tirar foto, querem estar perto e aí você passa por isso? Nunca é fácil, mas tenho que ser profissional. Sei que não vai ser a última vez, mas espero que isso pare. A federação começou a fazer algumas coisas, o sindicato dos atletas começou a se mover com algumas situações, mas é muito pouco para quem quer evoluir, para quem tem o pensamento de ser sede de uma Copa América.

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