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“Torcida única” do Atlético e do MP-PR: mesmo se der certo, estará errado

Por
André Pugliesi
25/09/2018 00:05 - Atualizado: 29/09/2023 23:44
Torcida do Vasco precisa ser protegida por seguranças na Arena. Albari Rosa/Gazeta do Povo
Torcida do Vasco precisa ser protegida por seguranças na Arena. Albari Rosa/Gazeta do Povo

Sabe quando você se vê numa discussão tão absurda que começa a perceber que o melhor é deixar quieto, que não faz sentido argumentar? É a sensação que eu tenho quando preciso sair em defesa do futebol com duas torcidas no estádio, pacificamente, duelando no incentivo aos times.

Sim, é tão óbvio que, em princípio, não seria necessário explicar para ninguém, certo? Afinal, sempre foi assim, e ainda é, no mundo todo. Na Premier League, o principal campeonato do planeta, na Copa do Mundo, como vimos na Rússia há poucos meses.

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Mas, aí entram em cena o Atlético, na figura de seu presidente do Conselho Deliberativo, Mario Celso Petraglia, e o Ministério Publico do Paraná (MP-PR), representado por Maximiliano Deliberador, da Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor.

Petraglia e Deliberador podem se orgulhar de terem implementado na Arena da Baixada um projeto inovador — e bizarro. A medida é tão exótica que é representada por duas expressões curiosas, tanto quanto o sistema enfiado goela abaixo dos torcedores.

A representação mais comum é “torcida única”, sempre acompanhada de aspas, pois não é exatamente assim. É “torcida única” porque só os atleticanos podem se manifestar na Baixada, mas não é porque há, invariavelmente, torcedores visitantes clandestinos. Entendeu? Confuso, né.

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Agora, a minha expressão preferida é a que o Furacão tenta emplacar, sem sucesso, por motivos óbvios: “torcida humana”. Possivelmente num arroubo “pacifista”, tal qual um John Lennon de boteco, alguém cunhou o termo que entrou direto para o anedotário do futebol.

Sim, pois enquanto o Atlético tenta promover a paz no planeta, digo, na Arena da Baixada, clamando por “tolerância”, impede que os visitantes vistam as camisas de seus times e se manifestem ao longo das partidas. Sem contar a infinidade de restrições impostas ao próprio torcedor. Contradição pura.

O fato é que a obra de Petraglia e Deliberador, uma cópia torta do que ocorre em São Paulo, apenas nos clássicos, e com resultados questionáveis, só desagradou à maioria — e agradou aos dois, o que, aparentemente, é o que interessa. É praticamente unânime a rejeição entre os torcedores.

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Nem mesmo a Polícia Civil se mostra satisfeita. Ao contrário, a Demafe (Delegacia Móvel de Atendimento a Futebol e Eventos) não esconde a preocupação com torcedores misturados na bancada do Joaquim Américo, num cenário potencialmente explosivo.

Só quem também aparece satisfeita é a Polícia Militar do Paraná. E aí está o grande trunfo da medida: aliviar o trabalho da PM, com a justificativa de que, com apenas “uma torcida” no campo, menos oficiais são necessários para a realizar segurança e escolta.

Tal discurso deixa de lado, oportunamente, que o futebol é um evento popular, com apelo público indiscutível, que movimenta até dezenas de milhares de torcedores, milhões de reais e que, notadamente, requer acompanhamento dedicado das forças de segurança.

Ou então, logo mais veremos outras situações sendo questionadas sob o mesmo frágil pretexto. Show na Pedreira? Melhor não fazer pois vai exigir um efetivo considerável da PM. Assistam ao DVD. Manifestações políticas nas ruas? Canceladas para atender às folgas dos solados.

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Ora, é evidente que a PM tem problemas seríssimos para se preocupar pela cidade. E que todo o esforço necessário para conter a criminalidade é louvável. Agora, o lazer e, no caso específico, o futebol, também é evento significativo, não pode ser tratado como dispensável.

No fundo da questão, está uma ânsia de Petraglia e Deliberador de submeter os torcedores ao que os dois entendem por futebol. Mesmo que não seja o desejo da esmagadora maioria, mesmo que não respeite a identidade do esporte mais popular do planeta Terra.

É uma tentativa de replicar de forma tosca e ingênua o ambiente das arenas americanas, que nada tem a ver com o futebol. Promover uma tarde de “entretenimento”, desprovida de paixão, aboletado numa cadeira mamando refrigerante e se empaturrando de quitutes diversos.

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Não entendem, ou não querem entender, que o futebol só é o que é por não se resumir ao que ocorre no campo. A disputa ocorre em duas frentes: no gramado, entre os jogadores, na bola, e na bancada, entre as torcidas, no grito. E é possível triunfar num e fracassar no outro.

Diante de todo o quadro apresentado, pela enésima vez por mim, reforço que não há sucesso possível na empreitada atleticana e do MP-PR. A violência dentro dos estádios, e especialmente no caso do Joaquim Américo, nunca foi um problema grave. Quase que inexistia.

Assim, mesmo que não ocorram brigas, que não seja registrado um único boletim de ocorrência por causa de atritos na casa rubro-negra (algo que não ocorria e passou a ocorrer com a medida), será um fracasso. A violência se perpetuará, promovida por Petraglia e Deliberador, contra o futebol.

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