Turner vira o jogo e neutraliza ‘retaliação’ da Globo a parceiros do Brasileirão
Um ano atrás, as coisas não pareciam nada boas na relação entre Esporte Interativo (EI) e os clubes parceiros do canal para as transmissões do Brasileirão (no período 2019-2014) em TV fechada.
A Gazeta do Povo revelou que existiam diversos questionamentos quanto ao valor total do contrato, além de um bônus irregular de R$ 60 milhões pago ao Palmeiras.
O conglomerado de mídia Turner, dono do EI, pregava mais igualdade no cenário do futebol nacional enquanto se posicionava como uma ameaça real ao domínio da Rede Globo, mas tomava atitudes que demonstravam mais do mesmo.
O benefício trazido pela (quase) inédita concorrência no setor estava em cheque.
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>>Tabela Brasileirão 2019: jogos na Turner (TNT e Space)
Pior. Meses depois, em agosto, veio o anúncio do fim dos canais EI. O motivo foi a compra da Turner pela AT&T, nos Estados Unidos. E para o negócio ser aprovado no Brasil, em resumo, o canal foi fechado.
O fato, junto com todas as questões não resolvidas anteriormente, gerou muitas dúvidas nos parceiros. Houve até ameaças de processos na Justiça.
Mas hoje, a poucas semanas do início do Brasileirão 2019, a Turner conseguiu virar o jogo. Os clubes com contrato ativo na Série A (Athletico, Bahia, Ceará, Fortaleza, Internacional e Santos, além do Palmeiras) estão satisfeitos.
Como tal mudança foi possível? O conglomerado admitiu os erros e trabalhou para repará-los. Ou seja, compensou o dinheiro a mais dado ao Palestra e — principalmente — se posicionou ao lado das equipes numa questão que envolve os contratos de TV aberta e pay-per-view (PPV) com a Globo.
A Turner não vai exercer um direito documentado — exibir os jogos para todo o Brasil — para que os times parceiros não sofressem descontos nos contratos com a emissora carioca, os chamados ‘redutores’. Na visão dos clubes, uma clara retaliação pela assinatura com os concorrentes.
“Na prática, os redutores acabaram. A Turner abriu mão do que tinha em favor dos clubes. A Globo alegava que teria prejuízo em vender um jogo no PPV, por exemplo, caso essa mesma partida também estivesse disponível na TV fechada”, explicou um dirigente à reportagem.
Isso representa cerca de R$ 6 milhões por temporada por time. A decisão foi sacramentada no fim de março, após meses de reuniões quase que semanais na sede da Turner, em São Paulo.
Junto com aditivo contratual gerado pela situação do Palmeiras, os times também ganharão outra bolada. Athletico, Coritiba e Bahia, por exemplo, têm direito a R$ 17 milhões cada, sendo que o trio já adiantou parte da cotas. A quantia é proporcional ao patamar que cada um representa no bolo total do acordo.
O giro de 360 graus na relação tem um grande responsável. A mudança de relacionamento aconteceu quando o executivo argentino Juan Carlos Balassanian entrou na negociação.
“Ele resolveu o problema do futebol na Argentina e veio, junto com o advogado Pedro Paulo Magalhães, a reconhecer tudo o que estava acontecendo. Avaliaram o cenário, compreenderam que havia um mal-estar, especialmente após a compra da Turner pela AT&T”, conta um dirigente.
“Os clubes passaram a enxergar a Turner de outra maneira. Eles disseram que não queriam só seis anos [de contrato]. Querem 12, 18 anos. Aparentemente, vieram para ficar. E usarão todo o peso da posição econômica que eles têm para construir um produto de qualidade”, completa.
Se a Turner realmente vai se consolidar como um player no futebol nacional, é cena para os próximos capítulos. Atualmente, o conglomerado tem acordo com 16 times do futebol nacional.
Além dos representantes da elite, Coritiba, Criciúma, Guarani, Figueirense, Paraná, Paysandu, Ponte Preta, Santa Cruz, Joinville e Sampaio Corrêa firmaram com o grupo. Os vínculos só ficam ativos quando as equipes jogarem a Série A.
Tabela do Brasileirão
