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Foto: Evaristo Sá/AFP
Foto: Evaristo Sá/AFP| Foto:

Nos últimos dias, cresceram os comentários a respeito dos partidos da base aliada “fecharem questão” a respeito da reforma da Previdência. A expressão, neutra o suficiente para ocultar seu real significado, foi eleita pelo discurso oficial para traduzir as decisões partidárias de vetar qualquer divergência.

Assim, por uma decisão do grupo partidário, ficam censuradas as posições de parlamentares deste grupo que sejam opostas ao “fechamento de questão”. Com uma única deliberação, determinado partido assegura seu conjunto de votos, em bloco, para a causa defendida.

É flagrante o autoritarismo presente nessa conduta. Ao censurar a divergência, o partido não apenas assegura um voto a favor do compromisso que tenha feito com o governo, mas também aniquila possível vontade popular expressa na opinião do parlamentar. As ameaças de sanção (leia-se expulsão) em caso de descumprimento da obrigação de votar naquela questão, de determinada forma, demonstram a gravidade da questão.

Dessa forma, o governo vê seu caminho facilitado. Para aprovar suas propostas, não tem necessidade de discutir com 513 deputados, 81 senadores, mas sim com sete ou oito partidos que tenham representação suficiente para assegurar a maioria qualificada. Negocia-se o apoio com a cúpula dessas legendas, ou com uma virtual maioria dos parlamentares destes partidos, e compra-se o apoio de toda uma bancada, com esforço reduzido.

Não se questiona aqui a prerrogativa de partidos terem posições firmes e ideológicas, criticando seus membros que atuem em contradição com a causa fundamental do partido; afinal, sem essa possibilidade, os partidos seriam reduzidos a legendas de aluguel, sem causa que as definisse.Entretanto, não é disso que se trata o famigerado “fechamento de questão”. Essa prática reflete, na verdade, a matemática banal em que se transformou a política: somam-se votos em bloco para assegurar a maioria. Os fechamentos de questão têm surgido não em causas programáticas para o futuro do país, mas em votações para decidir manobras de salvamento do governo aqui e ali. Nada ideológico.

Dessa forma, o fechamento de questão se tornou a forma moderna da legenda de aluguel, com nomenclatura rebuscada, emulando a nobre discussão ideológica para disfarçar a interesseira venda de apoio.

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