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Ratinho e Ratinho Jr. junto com Beto em 2014 Foto: Hugo Harada/Arquivo Gazeta do Povo.
Ratinho e Ratinho Jr. junto com Beto em 2014 Foto: Hugo Harada/Arquivo Gazeta do Povo.| Foto:

Ratinho Jr. (PSD) tem feito o maior esforço possível para se distanciar de Beto Richa (PSDB). Não é à toa: o ex-patrão foi preso e enfrenta acusações sérias de todo tipo de desvio de conduta. Virou uma âncora capaz de levar qualquer um para o fundo do mar.

Fica difícil desmentir a ligação, já que Ratinho foi secretário de Beto por duas ocasiões. Na última, ficou quase três anos na Secretaria de Desenvolvimento Urbano, e ainda fez o sucessor. Foi isso que lhe permitiu o currículo que hoje garante seus mantras de campanha: os bilhões de reais distribuídos a prefeitos, as obras no interior.

Embora desminta, sabe-se também que Ratinho, antes de abril, tentou com afinco garantir o apoio de Beto à sua candidatura. Queria que Richa ficasse no governo, para não ceder espaço a Cida Borghetti (PP) e que lhe apoiasse como sucessor, ainda que tacitamente. Não funcionou e cada um seguiu seu caminho.

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Neste caso, Ratinho teve mais sorte do que juízo – o apoio que em março parecia fundamental hoje virou uma tremenda dor de cabeça para sua adversária.

Mas o que liga Ratinho a Beto não é  esse passado conjunto na mesma administração. Os dois são também absolutamente parecidos em termos ideológicos, na abordagem que têm do governo e do que deve ser uma boa administração. Ratinho, em mais de um sentido, é a continuação de Beto.

Assim como Richa, Ratinho diz não ter ideologia forte: é flexível. Admita-se que Ratinho é mais maleável do que Beto, pois chegou a se aproximar do PT no governo federal, coisa que Richa sempre evitou. Mas o discurso de ambos é de que o mais importante é a “eficiência”. E não um ideário.

Ratinho e Beto são ambos partidários do liberalismo econômico. Dizem querer um governo pequeno, com menos impostos, que não pese para o contribuinte. (Embora, na prática, Richa tenha inchado o estado na crise, com aumento de ICMS e IPVA.)

Ambos têm um discurso de que é preciso levar práticas de gestão de empresas para o setor público, como se não houvesse particularidades decisivas na gestão de um estado: enquanto numa empresa o objetivo é o lucro, no governo o objetivo é o bem estar da população.

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Os dois têm discurso a favor de PPPs. No caso de Beto, isso levou a mais uma de suas ruínas, com o contrato da PR-323 levando seu braço-direito, Deonilson Roldo, para a cadeia por fraude à licitação. Ratinho, claro, não teve problemas legais com isso, mas prevê parcerias público-privadas para tudo.

Ambos governaram/governarão com o mesmo grupo político na Assembleia: o conglomerado de centro-direita que exclui apenas o petismo e uns poucos peemedebistas ligados a Roberto Requião (MDB).

Ratinho não criticou nenhuma ação de Beto antes da desgraça do parceiro. Ajudou em tudo: no episódio do camburão, no 29 de abril, na não-assinatura de CPIs, na abstenção para aprovar o teto de gastos do governo. Jamais se opôs ao governador que lhe pôs no melhor cargo possível para fazer campanha com os prefeitos.

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É difícil ver como o próximo governo, caso Ratinho ganhe (e o mesmo vale para Cida, claro) será diferente do governo de Beto. Pode haver melhorias na parte ética – esperamos todos.

De resto, é o mesmo discurso do “novo”, do “moderno”, do “empresarial” que já nos rendeu contratos de gestão postos em gaveta e um estado cada vez mais manco no atendimento à população.

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