O show do Cabo Daciolo: eles fingem que debatem, a gente finge que assiste

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Ok, o show do Cabo Daciolo foi engraçado. Para mim e para você, aficionados por política, rendeu boas piadinhas e memes. (Acabo de mandar uma mensagem para uma amiga do mundo editorial comentando que imagino qual editora vai encomendar o livro-reportagem sobre a Ursal).

Mas o que se viu na Band nesta noite de quinta foi um programa que, como tevê, é mais chato que infomercial da Polishop. E, como política, informa tanto quanto um programa de YouTube comandado por Joice Hasselman, digamos.

A lei é feita para que não dê certo. Não há como você botar oito pessoas para conversar, obrigar todas a ter tempo absolutamente igual, espremer tudo isso na programação de uma emissora comercial e achar que isso vai ajudar alguém a decidir por um candidato.

Quem se sobressai são os que levam jeito para clowns involuntários, como Daciolo. Ou os histriônicos, que ficam repetindo as mesmas platitudes militaristas para fixar uma única mensagem na cabeça do espectador. Os candidatos moderados (e aqui “moderado” é sinônimo perfeito de “sensato”) simplesmente desaparecem.

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Muito bem: tevês são concessões públicas e não podem beneficiar ninguém, nem excluir arbitrariamente. Mas é patético que um lunático como nosso querido bombeiro Daciolo possa interromper a discussão sobre o destino de um país de 200 milhões de habitantes para tagarelar sobre seus delírios mais recentes.

Pior são as regras de 30 segundos para falar de educação, 45 segundos para responder sobre meio ambiente, menos de um minuto para expor toda a política econômica que pode (ou não) criar emprego para 13 milhões de pessoas. São assuntos que exigiriam horas de discussão.

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O filósofo Vampeta dizia que tinha um acordo tácito com seu clube: eles fingiam que pagavam, Vampeta fingia que jogava. Nosso sistema eleitoral é assim. Os candidatos fingem que debatem, os eleitores fingem que assistem.

E no outro dia acordamos felizes com os memes do pateta que pelo menos impediu que a gente dormisse ouvindo a conversa fiada do Henrique Meirelles.