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Requião viveu pela espada, agora morre pela espada
| Foto:
Hugo Harada/ Gazeta do Povo
Roberto Requião, senador

O senador Roberto Requião foi expurgado do comando do PMDB de Curitiba. É uma consequência direta da derrota que sofreu no ano passado, quando perdeu o controle do partido para outras alas. Destituído do estadual, foi chutado também, do municipal. A turma que chegou ao poder não quer saber de fazer prisioneiros: mandou os inimigos para o paredão.

A luta política dentro do partido é cruel e sangrenta. Os dois lados nunca se entenderam: Requião se vê como o grande salvador da pátria, como o timoneiro único do PMDB e exige ser seguido fielmente. Tem lá seus argumentos que o levaram a conquistar a maioria interna. O maior deles é o caminhão de votos que detém – foi o único peemedebista eleito prefeito de Curitiba até hoje e tem o recorde de três mandatos como governador. Depois dele, no partido, o dilúvio.

A outra ala é bem diferente. Ao contrário de Requião, que tem votos para chegar ao poder ele mesmo, o pessoal do outro lado não tem esse cacife. Mas gosta igualmente de poder. E para chegar ao poder depende de estar ao lado de quem está com a bola cheia no momento. Como se sabe, as bolas da vez na política paranaense são Beto Richa e Gleisi Hoffmann, e eles querem ficar livres parar aderir a qualquer um dos dois, conforme for o caso. Requião, de chefe, passou a ser um empecilho para o poder de cada um deles.

Por um lado, Requião tem todo o direito de espernear contra seus adversários. O que fizeram com ele, ao extirpá-lo do comando do PMDB municipal não é democrático. Pode até ser regimental, mas é uma violência.

Trata-se de óbvia vendetta contra o inimigo do momento. Os partidos vivem assim, no Brasil: têm o monopólio das candidaturas e se transformaram num exemplo de antidemocracia. Seus comandos raramente são eleitos popularmente, e quando o são acabam substituídos pelas famigeradas comissões provisórias, nomeadas a dedo pelos comandantes de plantão. E querem que façamos primárias para escolher candidatos…

Mas Requião, por outro lado, pouco tem a reclamar. Nos anos em que pôde, dirigiu o partido com mão de ferro, fazendo ele próprio seus expurgos. A vítima mais famosa é o atual prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, hoje no PDT, que tinha potencial de votos mas era sempre jogado para debaixo do tapete pelos requianistas. Acabou forçado a sair do partido.

Chegou a hora de Requião fazer o mesmo? O partido de Marina Silva o espera?

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