colunas e Blogs
Carneiro Neto
Carneiro Neto

Carneiro Neto

Carneiro Neto

Futebol é verdadeiro oásis de igualdade e diversidade racial

Por
Carneiro Neto
14/09/2018 17:38 - Atualizado: 29/09/2023 23:45
Albari Rosa/Gazeta do Povo
Albari Rosa/Gazeta do Povo

“Todo brasileiro é mestiço. Se não no sangue, nas ideias.” A observação é do escritor Silvio Romero, e foi feita há mais de um século.

Em tempos de exacerbadas discussões eleitorais, líderes políticos presos e, sobretudo, pela gravíssima crise político-econômica que se abate sobre o país, passando por discriminações raciais, sociais e de gênero, o futebol surge como verdadeiro oásis de igualdade.

A diversidade racial encanta o futebol desde os seus primórdios.

Claro que houve uma etapa inicial, durante a qual só jogadores da raça branca praticavam o rude esporte bretão nos campos e nas praias do Rio de Janeiro.

Mas logo o Vasco da Gama colocou as coisas nos seus devidos lugares, escalou os primeiros negros para jogar e a bola começou a rolar para todos.

Mas, lembrando o polêmico Silvio Romero, de fato, o material de que se alimenta a vida espiritual de todos os brasileiros provém de fontes étnicas muito diversas e muito misturadas.

Tradições culturais europeias se cruzam com raízes africanas e matrizes indígenas, antes de receberem influências asiáticas, especialmente através da imigração japonesa.

A riqueza e a universalidade de uma cultura nacional dependem de muitos fatores. E se sujeita, decisivamente, de sua capacidade de saber assimilar a diversidade das experiências humanas que lhe chegam, através dos mais distintos caminhos.

Na nossa História, contudo, essa incorporação da diversidade ficou muito prejudicada. A política cultural imposta pelos “de cima” acarretou uma verdadeira devastação nas expressões culturais dos “de baixo”.

O colonizador massacrou o colonizado. E esse fenômeno verificou-se na invasão dos conquistadores europeus nos três continentes americanos.

As razões dos brancos foram levadas aos índios e aos negros menos através da persuasão do que por meio da força e das armas de fogo.

A extraordinária riqueza das culturas indígenas, que vinham se sedimentando e amadurecendo ao longo de muitos séculos, foi dizimada.

A eles foi imposta uma nova cultura, uma nova religião, um novo idioma e todas as experiências humanas acumuladas foram desprezadas pelos novos donos da terra.

Na política cultural adotada em relação aos escravos trazidos da África, a repressão não foi menos violenta.

Os negros só conseguiram sobreviver pagando um preço elevadíssimo em sofrimento e resistências multiformes.

A intolerância etnocêntrica dos brancos, detentores do poder e da riqueza, mutilou e empurrou os dominados para uma dolorosa realidade de vida.

Com o passar do tempo e, sobretudo, através das transformações produzidas pela chamada Revolução Industrial, na metade do século 19, as coisas foram mudando a favor dos menos assistidos.

Com a chegada das máquinas e a valorização da mão-de-obra no trabalho, os governantes foram forçados a libertar os escravos e a respeitar um pouco mais os indígenas.

Eles, por sua vez, desassistidos em todos os aspectos, conseguiram sobreviver pela bravura e a fé.

Aos poucos foram encontrando novos e árduos caminhos, com talento improvisador e criatividade.

O esporte acabou se transformando, em última análise, em terreno fértil para os descendentes negros.

O futebol, em particular, abriu as portas para seguidas gerações de jogadores, craques e ídolos imortais.

O futebol brasileiro tornou-se um celeiro natural de jovens habilidosos, competitivos e altamente profissionais até os dias de hoje. A maioria conseguiu realizar a sua independência financeira e ajudou a estabelecer uma nova categoria na hierarquia das profissões bem sucedidas e mais rentáveis.

Brancos, negros e mestiços juntos, em condições de igualdade, transformaram o futebol brasileiro em potencia mundial.

Ajudaram, na estruturação dessa empreitada, as condições físicas dos atletas e o talento improvisador. Elas foram complementadas pelas qualidades de racionalização, disciplina intelectual, rigor, disciplina e capacidade organizativa.

Leia também
>> Tabela detalhada do Brasileirão revela os ‘queridos’ da Globo

>>Globo lança pay-per-view de futebol pela internet a R$ 79,90

>> Ranking Brasileirão: os mais prejudicados e ajudados pela arbitragem

>> Ranking do calote: estudo revela clubes mais endividados do Brasileirão

>> Entenda critérios da Globo para transmissão de jogos do Brasileirão

>> Quanto seu clube irá ganhar de cota da Globo no Brasileirão 2019

>> Mercado da bola: quem seu time está contratando para o Brasileirão

>> Mercado da bola internacional: confira as negociações na janela da Europa

>> TABELA: confira todos os resultados e classificação da Série A

Veja também:
Athletico confirma retorno de ídolo Nikão após dois anos e meio
Athletico confirma retorno de ídolo Nikão após dois anos e meio
Destacado por jornal espanhol, capitão na base: conheça o novo lateral do Coritiba
Destacado por jornal espanhol, capitão na base: conheça o novo lateral do Coritiba
Coritiba estreia e Athletico levou choque de realidade
Coritiba estreia e Athletico levou choque de realidade
Titulares com Osorio perdem espaço após chegada de Cuca no Athletico
Titulares com Osorio perdem espaço após chegada de Cuca no Athletico
participe da conversa
compartilhe
Encontrou algo errado na matéria?
Avise-nos
+ Notícias sobre Carneiro Neto
Coritiba estreia e Athletico levou choque de realidade
Opinião

Coritiba estreia e Athletico levou choque de realidade

Grêmio será o primeiro teste efetivamente de peso para Cuca no Athletico
Opinião

Grêmio será o primeiro teste efetivamente de peso para Cuca no Athletico

Cuca transformou o Athletico em um time sério e muito competitivo
Opinião

Cuca transformou o Athletico em um time sério e muito competitivo