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Torcida humana, um pesadelo para o futebol paranaense

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Carneiro Neto
01/02/2019 12:27 - Atualizado: 29/09/2023 23:37
Torcida humana marcou o último Atletiba. (Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo)
Torcida humana marcou o último Atletiba. (Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo)

A frase de efeito dita por um personagem do livro “Ulysses” – “A História é um pesadelo do qual estou tentando acordar” – precisa ser localizada no espaço e no tempo. No momento em que foi lançada no livro de James Joyce, subia de um campo de futebol um grito, seguido de um apito e da euforia da torcida na comemoração de um gol.

Os intelectuais que estudam Joyce profundamente, tentando decifrá-lo e, sobretudo, entendê-lo na plenitude, concluíram que o gol e a sua circunstância tinham uma certa solenidade intrínseca: os irlandeses jogavam futebol no romance de Joyce.

Para os brasileiros, apaixonados pelo jogo da bola que já nos proporcionou a alegria de cinco Copas do Mundo conquistadas, abre-se uma brecha no pesadelo. Só acordamos dele, quando sobe do campo o grito de gol.

A política e o futebol, os dois grandes propulsores de debates acalorados por esses tempos estranhos, se tratam a distância: a política se ocupa do atraso e das negociatas, tentando sair do lugar comum e prometendo renovadas esperanças a população; o futebol faz a sua parte no pesadelo social.

No que toca ao futebol, o maior pesadelo tem sido a seleção brasileira que há quatro mundiais só tem produzido decepções aos torcedores.

O brasileiro engoliu o grito de gol no jogo em que o time nacional foi eliminado pela Bélgica, vejam só, pela Bélgica, na Copa da Rússia.

Foi um pesadelo de olhos abertos, vendo Neymar exercitando irritante cai-cai, sem conseguir gritar o gol preso na garganta.

Parece que regredimos também no futebol. E temos de engolir, como dizia o velho Lobo Zagallo.

Não há ninguém mais parecido com um político explicando as mazelas do país e os fracassos dos programas governamentais do que um jogador de futebol explicando a derrota no campo de jogo.

Exceto, naturalmente, outro político explicando outra desastrosa consequência para o país que marca passo no mesmo lugar há décadas. Ou um técnico tentando explicar o que já está escrito no placar.

Os comentaristas especializados também não ficam atrás. Na empolgação da formação de uma equipe ou da convocação da seleção apontamos caminhos que, com a bola rolando, revelam-se tortuosos.

Nós, observadores profissionais do esporte, cometemos equívocos tanto quanto os cientistas e analistas políticos em tempos de eleição.

As pesquisas eleitorais funcionam mais ou menos como os técnicos de futebol que prometem demais, falam demais e acertam de menos. Mesmo que tenham sido antes jogadores.

Na semana que se encerra, o futebol paranaense viveu o seu pesadelo particular.

Os torcedores assistiram, perturbados, a execução da estólida medida que, pela primeira vez na quase centenária história do clássico Atletiba, impediu que uma das torcidas tivesse acesso ao local do jogo.

Triste, muito triste.

Ainda mais em um campeonato estadual que sobrevive a duras penas, sem qualquer apelo para o público ou mesmo para os investidores em geral. Um fracasso anunciado que não precisava de aditivo tão infeliz, dramático e desagregador.

Esse lamentável episódio fez lembrar a frase do escritor francês Jean Cocteau: “Deus não teria alcançado nunca o grande público sem a ajuda do diabo”.

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