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O futebol é uma máquina de moer gente

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Carneiro Neto
22/02/2019 15:26 - Atualizado: 29/09/2023 23:36
O futebol é uma máquina de moer gente

Até os buracos dos nossos campos enxergam o óbvio que aos dirigentes do futebol brasileiro parece escapar: sem calendário racional, não há salvação.

Não estou me reportando ao retumbante fracasso da seleção sub-20, no recente Sul-Americano no Chile, que custou a cabeça do técnico Carlos Amadeu. Até porque esse é outro tipo de problema: o absurdo êxodo de jovens futebolistas para o exterior antes de completarem 14 anos de idade.

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Neste final de semana gostaria de tratar do excêntrico entra-e-sai de treinadores em praticamente todos os times das quatro divisões do Campeonato Brasileiro.

No passado profundo, técnicos e preparadores físicos eram escolhidos nas academias militares, nos colégios ou simplesmente aproveitava-se da experiência dos jogadores que encerravam as carreiras e se dispunham a encarar nova função.

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Foram os tempos românticos dos sargentões, dos técnicos gritalhões ou apenas personagens que representavam uma espécie de Odorico Paraguaçu em drágeas.

Com a profissionalização e maiores exigências nas equipes, diante da riqueza técnica e fartura de talentos no futebol brasileiro, as coisas mudaram.

Vivemos um ciclo virtuoso com a conquista de cinco copas do mundo, a revelação de dezenas de supercraques e o reconhecimento internacional da qualidade dos nossos jogadores.

Os técnicos, entretanto, jamais estiveram no mesmo nível de destaque dos craques. Daí a ausência de brasileiros na direção dos principais times europeus. As poucas exceções do passado serviram apenas para confirmar a regra geral.

Hoje em dia, observamos a escassez de grandes jogadores atuando nas nossas equipes, e a dificuldade de os novos treinadores firmarem conceitos por onde passam.

Estão no limbo promessas como Roger Machado, Jair Ventura, Eduardo Batista, Mauricio Barbieri, Thiago Larghi, André Jardine e o próprio Fernando Diniz, que ganhou um tipo de última chance no Fluminense.

No campo de jogo os campeonatos se sucedem num festival de passes e chutes errados em jogos ritmados pelos acordes da marcha fúnebre que precede a saída iminente do técnico.

Fora do campo os cartolas agem como se tivessem o monopólio da virtude, da competência e da inteligência. Eles não têm o menor pudor em mandar um treinador embora, mesmo que a cada dispensa aumente o prejuízo e as contas no vermelho de praticamente todos os clubes brasileiros. Faz lembrar a frase lapidar do economista e político Roberto Campos: “A burrice no Brasil tem passado glorioso e futuro promissor”.

Mas nem tudo está perdido.

Alguns poucos da nova geração conseguem firmar conceito e prestígio na constelação dos estrategistas modernos.

Aí estão Fábio Carille, Tiago Nunes, Odair Hellmann, Alberto Valentim, Rogério Ceni, Zé Ricardo, Osmar Loss, Umberto Louzer e mais alguns que chamam a atenção do público e da crítica.

Além da falta de paciência e dos rompantes dos cartolas, os novos e antigos treinadores são as maiores vítimas da ausência de um calendário inteligente e profissional.

Falta de datas para uma pré-temporada decente e o número exagerado de jogos a cada ano impedem a realização de um trabalho mais elaborado por parte das comissões-técnicas. Por isso, o futebol brasileiro virou uma máquina de moer gente.

Não se enxerga no horizonte um plano de racionalização.

Nem mesmo se sabe se há disposição política para enfrentar os interesses representados pelas federações e a CBF.

O que mais se vê são idéias mirabolantes sombreadas de névoas com as brumas do tempo que vai passando. A CBF nos apresenta imagens distorcidas pelos olhos da fantasia, claramente sem um projeto definido para recuperar a grandeza que o futebol brasileiro já teve.

Para o torcedor, apaixonado pelo seu time de coração e ainda nutrindo amor pela decadente seleção nacional, resta o consolo do pensamento de Santa Teresa: “Mais lágrimas são derramadas por súplicas atendidas do que pelas não atendidas”.

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