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Jogo entre Brasil e Camarões, em Brasília, em 23 de junho de 2014. Foto: Albari Rosa/Arquivo Gazeta do Povo
Jogo entre Brasil e Camarões, em Brasília, em 23 de junho de 2014. Foto: Albari Rosa/Arquivo Gazeta do Povo| Foto:

Ao oferecer segunda-feira (2) uma denúncia à Justiça Federal com base nos desdobramentos da Operação Integração, o Ministério Público Federal (MPF) do Paraná incluiu um relato sobre uma lista de autoridades do governo do Paraná que teriam sido convidadas em 2014 por empresas de pedágio ligadas ao Grupo Triunfo para assistir a jogos da Copa do Mundo de Futebol realizada no Brasil.

Na lista de pessoas com acesso a camarotes, estão servidores públicos envolvidos diretamente com os contratos de concessão de rodovias firmados entre o governo do Paraná e empresas de pedágio. Na denúncia, o MPF não conclui se todos os convidados utilizaram os ingressos – isto é, se as autoridades aceitaram ou não a “cortesia”.

Lá estão nomes das cúpulas do DER (Departamento de Estradas de Rodagem), como o atual diretor-geral do órgão, Paulo Montes Luz, e da Agepar (Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Infraestrutura do Paraná).

Também aparecem dois secretários da gestão Beto Richa (PSDB): o próprio secretário de Infraestrutura e Logística, José Richa Filho, o Pepe Richa, que é irmão do governador do Paraná; e Ezequias Moreira Rodrigues, secretário especial do Cerimonial e um dos mais antigos aliados de Beto Richa.

Mais de R$ 2 milhões em 390 ingressos

Na peça oferecida à Justiça Federal, o MPF explica que um documento apreendido durante a Operação Cancela Livre revela que o Grupo Triunfo investiu mais de R$ 2 milhões para a compra de um total de 390 ingressos em camarotes para a Copa do Mundo de 2014. O preço médio de cada ingresso foi de R$ 5.165,00.

Entre as empresas do Grupo Triunfo que contribuíram para a divisão dos custos dos ingressos está a Rio Tibagi, subsidiária da Empresa Concessionária de Rodovias do Norte S/A (Econorte).

A Econorte atua desde 1997 no Paraná, administrando mais de 340 quilômetros de rodovias estaduais e federais concentradas na região Norte.

Brasil contra Camarões

O nome do ex-diretor-geral do DER Nelson Leal Júnior aparece na lista de convidados do jogo entre Brasil e Camarões, realizado em Brasília, em 23 de junho de 2014. Procurada pelo MPF, a TAM Linhas Aéreas informou que identificou os nomes de Nelson Leal Júnior e André Junqueira Leal (filho do então diretor-geral do DER) como passageiros de um voo entre Curitiba e Brasília em 21 de junho de 2014, e também de um voo entre Brasília e Curitiba em 24 de junho de 2014.

“Os bilhetes custaram R$ 1.819,12 por pessoa no trecho de “ida e volta”, tendo sido pagos “à vista” por intermédio de boleto bancário. Este pagamento “à vista” foge dos padrões de pagamentos de passagens aéreas feitos por Nelson Leal Júnior, que alegou que paga todas as suas passagens aéreas com cartão de crédito e que jamais recebeu presente ou vantagem indevida. Alegou, ainda, que consideraria imoral o recebimento de qualquer presente por seus subordinados”, anota o MPF.

Nelson Leal Júnior foi diretor-geral do DER entre 2013 até a deflagração da Operação Integração, em fevereiro último, quando foi preso e substituído no órgão do governo do Paraná por Paulo Montes Luz. Na segunda-feira (2), Nelson Leal Júnior foi denunciado pelo MPF pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção passiva, estelionato e organização criminosa. A defesa dele tem negado os crimes.

Ao contrário de Nelson Leal Júnior, as demais autoridades que constam na lista de presenteados com ingressos da Copa do Mundo não são alvos da denúncia do MPF protocolada nesta segunda-feira (2). As investigações sobre o caso devem prosseguir.

“Prática comum”

A Gazeta do Povo procurou nesta terça-feira (3) a Casa Civil do governo do Paraná questionando se as autoridades utilizaram os ingressos e quais as regras em relação a convites do tipo. Em nota, a Casa Civil respondeu que “o governo do Paraná entende que a decisão de aceitar convite para eventos públicos não apresenta qualquer ilegalidade” e que “a emissão de convites para autoridades e dirigentes públicos é uma prática comum”.

 

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