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O Nobel de Literatura de 2015 vai para uma total desconhecida no Brasil e na maior parte do mundo. A bielorrussa Svetlana Alexeievich só virou alvo de algum buxixo por aqui quando as bolsas de apostas começaram a apontá-0la como favorita para o prêmio.

E as bolsas de apostas mais uma vez acertaram. O que indica que, como sempre, tem gente de dentro da Academia vazando os nomes dos finalistas e provavelmente fazendo dinheiro com isso. Mas essa é outra história.

Não há nenhum livro de Svetlana em português. Quando vi seu nome na lista fui ver de quem se tratava. Ao descobrir que era uma jornalista, fiquei ainda mais curioso. Mas nada de encontrar algo para ler. No Kindle, nada. Nem em inglês. Só importando, a R$ 4 o dólar, e ainda com a espera.

Só o que se encontra são trechos em pdf na internet. E por enquanto é com isso que teremos de nos contentar. Mas logo, claro, alguém e vai publicá-la. E parece que realmente isso será bom.

O trabalho de Svetlana Alexeievich parece ser principalmente de história oral. Ou seja: de registrar fatos de acordo com o que as pessoas comuns têm a dizer sobre eles. Há dois livros dela que, em outras terras, são famosos por isso.

Um conta a história das vítimas de Chernobyl, a partir dos relatos delas mesmas (a Bielorrússia fica pertinho da Ucrânia, ambas são ex-repúblicas soviéticas).

Outro relata a história das mulheres que participaram do Exército Vermelho durante a Segunda Guerra Mundial. Nada de exaltação, e sim de histórias de brutalidade e sofrimento (a Bielorrússia fica no meio caminho entre a Alemanha e a Rússia: foi varrida quando os alemães partiram para cima de Stálin; foi varrida de volta na reação soviética contra Hitler).

Não é à toa, pelo jeito, que a Academia a premiou por construir “um monumento em memória do sofrimento em nossa época”.

Svetlana, antes, já tinha vencido um prêmio que leva o nome de Rizsard Kapuscinski, o grande repórter polonês que fazia trabalho semelhante e que o Nobel chegou a considerar como o possível primeiro jornalista a levar o prêmio (pelo menos a leválo escrevendo apenas jornalismo). Kapuscinski, autor de pérolas como O Imperador, que conta a história do imperador da Etiópia, nunca recebeu o prêmio.

Svetlana Alexeievich, agora, faz a estreia do jornalismo literário no Nobel. Que sejam bem-vindos os futuros livros dela em português!

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