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Antonio, meu companheiro de viagem (IV)
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Antonio e Ernesto

Bem sei que podem existir mães mais apaixonadas por seus filhos…Tenho minha paixão pelo meu como algo cuidadosamente vigiado. Esforço-me para não ser mãe grudenta, pegajosa, chiclete… Mas quando se trata de sentimento, acho que sou tudo isto sim…

Controlo, cuido, acompanho… Mas sobretudo, converso.

Estabelecer uma relação amigável com esta geração teen é muito fácil, com os filhos dos outros, e quando busco algumas referências práticas com outras mães para saber como conduzo o adolescente de casa, tranquilizo-me porque consigo estar na média…

Antonio está no escotismo, pratica futebol duas vezes por semana, adora comer doce depois de uma refeição e se deixar troca facilmente o açúcar pelo sal.

Traz à tona alguns assuntos profundos quando observa algum tipo de atitude de desrespeito entre colegas ou mesmo aqui em casa, como também, extrapola seu bom humor nas piadas ou a imitar a mim ou seu pai em alguma situação de nossa rotina.

Tem consciência sobre questões referentes à ecologia como o uso da água, reciclagem de lixo, maltratos a animais e poluentes ambientais como alguns gases emitidos na natureza.

Repete comportamentos do pai quando conversa comigo pois, percebo-o gesticulando, imitando trejeitos, fazendo pausas em suas falas para se mostrar mais respeitoso ou solene.

Quando saímos para almoçar, conduz-me como um pequeno cavalheiro. Caminha do lado de fora da calçada, orienta-me sobre o lugar para sentarmos, cuida, preocupa-se… Acho graça com tudo isto, mas deixo que aconteça.

Ele tem seus momentos de irritabilidade, de cansaço, de preguiça, de pular banho, de estresse quando é contrariado, de ansiedade quando quer algo… Enfim, os “sintomas” de um adulto em construção.

Penso que eu também mudo com ele.

Aprendo, observo, percebo suas atitudes e comportamentos. Sinto que o que mais exige de mim nesta fase é o aprendizado da intercessão, da negociação, da troca entre ele e o pai. Seja para decidir o lugar onde iremos almoçar, ou o filme que iremos assistir, ou se compramos agora aquele presente que quer tanto.

Ser mediadora às vezes me cansa. Nem sempre sei se o que faço é o melhor, ou o mais conveniente entre as partes. Mas arrisco, erro, ajusto e também acerto em algumas situações.

Acredito que ser mãe de adolescente é assim mesmo, e eu tenho apenas um filho…

Imagine quem tem mais?

Mas de tudo mesmo, sou a que mais aprende. Construir uma família, mantê-la unida, ajudar a construir sua base em valores já tão perdidos nesta sociedade que vivo faz-me ampliar a consciência da responsabilidade que tenho enquanto mãe, esposa, mulher.

Não sou dona do destino de ninguém. Tampouco da vida do meu filho. Mas tenho sim, a responsabilidade de sentir-me e ser presente em sua vida, de abrir caminhos para o diálogo entre mim, ele e seu pai, de aprender a ter flexibilidade para colocar-me no lugar do outro quando começo a ver um assunto apenas pela minha ótica e este outro inclui Antonio também.

De não tratá-lo como invisível quando está presente num bate-papo e trazê-lo para participar lembrando de uma história, de alguma qualidade que tem, dando-lhe espaço para compartilhar, conversar e dirigir-se às pessoas da roda de forma positiva.

Deixar para dar as orientações, os recados, os conselhos antes ou depois da “prosa” .

E, por favor, não deprecie seu filho ou filha adolescente diante de qualquer pessoa, não traga à baila quaisquer rusgas, mágoas, broncas ou indiretas, se nós não gostamos disto, pense que ele ou ela também não aprecia isto! Aliás, isto vale para seu marido, esposa, parceira ou parceiro de igual forma.

Se puder elogiar em público, no círculo de amigos ou familiares, faça-o, do contrário não crie uma situação ridícula de constrangimento. Isto só vai mostrar a relação de imaturidade que ainda existe dentro de casa.

Educar-se para educar, este é o movimento do verbo.

E nele viajo com meu filho por mais uma fase de sua vida. Deixando escapar às vezes a adolescente que também sou e procurar não perder de vista o grande aprendizado que esta escola da vida me proporciona, todos os dias.

 

 

Deus te abençoe.

Obrigada por estar aqui.

 

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