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É polêmica! Sem dúvida, muitos pais se perguntam: fazer ou não fazer o tratamento biomédico? Na verdade, já faz um tempo que recebo perguntas sobre o tema, mas não é um assunto fácil de escrever. E digo isso não por todo debate em torno, mas porque entender as teorias sobre o tema exige que nos debrucemos sobre uma leitura muito técnica. Aos poucos, fui sistematizando informações para realizar uma sequência de textos acerca do assunto.

Agora em 2017, postarei no blog todas as segundas-feiras. No entanto, de forma excepcional, farei postagens nesta e nas próximas quintas-feiras, com uma sequência de textos sobre TRATAMENTO BIOMÉDICO. A ideia não é defender ou repudiar o tratamento, mas explicar o que ele é, como funciona. E veja que não existe “um” tratamento biomédico. Nossa, já estou me adiantando…

Então vamos começar pelo início. O que é esse tratamento biomédico para autistas?

O termo biomédico abrange um grande leque de tratamentos para autismo. Quando um pai ou mãe conta que seu filho está fazendo tratamento biomédico, existe um grande número de possibilidades referentes à intervenção médica realizada.

Pesquisas demonstram que grande parcela das crianças com autismo apresenta intolerância a algumas substâncias. Nesse sentido, acho bastante interessante que ao menos se façam testes de alergia em crianças autistas. Na verdade, seria legal se toda criança fizesse teste de alergia, não?! Por que será que não se fazem testes de alergia em todas as crianças já nos primeiros anos de vida?

Mas existem médicos que têm uma interpretação além: atualmente, há um número considerável de médicos que acredita que todo autista tem alergia alimentar. Outros ainda vão mais, acreditando que a alergia alimentar seria uma das causas ou “a” causa para o autismo. Ao contrário do que muitos pensam, essas teorias não se contrastam com a visão de que o autismo possui causa genética, até porque tais alergias alimentares seriam genéticas. Nesse passo, indicam-se dietas para autistas, com restrição de acesso a certos alimentos.

Por outro lado, existem médicos que consideram tais teorias absurdas, afirmando que não há relação entre alergia alimentar e autismo. No meio dessas discussões estamos nós, pais, que ficamos nos perguntando: fazer ou não fazer um tratamento que suprima o acesso a certos tipos de alimento? Ao tomar essa decisão, mil questionamentos passam por nossas cabeças. Acredito que o primeiro delas seja: há comprovação científica de que o tratamento por meio de dieta alimentar tenha algum resultado?

Bom, um dos expoentes na área mora no Brasil e se chama Aderbal Sabrá. Quando comecei a pesquisar sobre o assunto e escutei o nome dele, corri logo para ver o currículo do camarada. Ele é Coordenador do curso de Medicina da Unigranrio, possui pós-doutorado em Gastroenterologia pediátrica em Denver/Colorado e na Wayne State University/Michigan, pós-doutorado em Imunologia na Georgetown University/Washington. Ok, até aí boas referências.

Depois, eu fui atrás de há quanto tempo ele pesquisava sobre autismo (porque eu sou dessas, bem cética e chata). Encontrei que ele pesquisa o tema há 18 anos, tanto pela Unigranrio quanto pela Georgetown University, em associação com o renomado imunologista norte-americano Joseph Bellantti. Depois dessas informações, parei e pensei: acho que está na hora de eu, pelo menos, ouvir o que esse cara tem a dizer (“esse cara” porque, quando eu penso comigo mesma, não há formalismo no meu cérebro).

Bom… Ele foi o primeiro cientista a afirmar que alergia alimentar interfere nos neurônios, podendo causar convulsão, hiperatividade, transtorno de déficit de atenção na sua evolução patogênica e que pode chegar a produzir, consequentemente, autismo. Nunca antes na história desse país foi dito algo assim. Para esse médico, a prevenção da alergia alimentar será um grande passo no tratamento do espectro autista. E são afirmações fortes! Confesso que levei um mês só refletindo sobre o básico do básico das pesquisas que li, antes de prosseguir nos meus estudos. Porque essa afirmação pode mudar tudo e é muito delicado para nós, pais, pensarmos nesse “mudar tudo”. Se eu apostar todas as minhas expectativas nessa teoria e me frustrar, com certeza vou ficar de coração partido.

Há médicos que diziam (e dizem) que isso é loucura. Mas… Rufem os tambores… Um artigo científico do médico foi reconhecido pela Academia Brasileira de Medicina (ABM) em 2015. Ou seja, em outras palavras, sua pesquisa foi referendada, podendo-se incontestavelmente dizer que há cientificidade comprovada em suas afirmações. Para esse médico, todo autista é alérgico alimentar antes de ser autista. Veja-se trecho de autoria do referido cientista publicado no endereço eletrônico http://www.sempreincluidos.com.br/cientista-descobre-a-associacao-entre-alergia-alimentar-e-cura-do-autismo/4899:

”Tudo leva a crer na mudança de paradigma de uma doença que, até hoje, não tem cura. Todo autista, sem exceção, é alérgico alimentar, antes de ser autista. Esse sistema imunológico de resposta alérgica fica circulando no paciente. Isso resulta em catarro no pulmão e eczema na pele, em diarreia ou constipação no trato digestivo, enquanto estes órgãos estiverem sob estímulo antigênico. O exemplo mais clássico de alergia alimentar e doença pulmonar crônica é dado pela criança com alergia e bronquiolite. O pulmão passa a ser o órgão de choque com a inflamação da bronquiolite e, fatalmente, esta criança terá asma antes dos 5 anos de vida. Quando há inflamação em qualquer dos órgãos de uma criança, por exemplo, como bronquiolite, a resposta imune vai para o pulmão, mas se a criança nasce e tem diarreia, vai para o aparelho digestivo e, ainda, se nasce com problema de pele, consequentemente irá para ela”.

Dentre aqueles que são contra a teoria, uma das alegações seria a falta de comprovação científica. E se você foi atrás das pesquisas é realmente confuso, porque você acha pesquisa concluindo que “sim”, outras concluindo que “não”, ou ainda concluindo que não tem conclusão. E como saber qual pesquisa cientifica é mais cientifica? Acho que só sendo médico para dar um parecer mais fundamentado.

Outra alegação de quem é contra as dietas é que,  se o autista tem dificuldades de socialização, impor-lhe dietas restritivas inibiria em grande escala os ambientes de socialização. Tente levar seu filho que está fazendo tratamento de dieta alimentar a um aniversário infantil! Não tenho dúvida de que terá muitas dificuldades. Outrossim, diminui as possibilidades de reforço primário (por meio de alimentos) a comportamentos positivos. Para mim, a questão é: será que eu ganho mais mantendo a possibilidade ampla de ambientes de socialização e a utilização do alimento como fator de integração com os pares, ou tenho mais ganhos pela dieta biomédica? Bom… Eu não tenho a resposta.

Fato é que o tratamento do autista por meio de dieta e restrição alimentar tem sido constante objeto de debate. Vou me dedicar nos próximos posts a explicar um pouquinho sobre essas dietas.

Aproveito para pedir que os pais que fazem esse tipo de tratamento me enviem relatos de como tem sido e porque fazem; bem como que os pais que não fazem ou são contra me mandem manifestações sobre suas razões de não fazer tais tratamentos. Isso vai ser útil para eu montar postagens futuras com a participação de vocês.

Grande abraço!

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