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E-learning: modismo ou avanço educacional?
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Século XXI, ano 2018, era da aprendizagem ubíqua, mobile e disruptiva. Porém, é bem comum nos depararmos com um número considerável de professores e gestores educacionais que ainda apresentam muitas dúvidas sobre a eficácia, viabilidade e tempo de vida de projetos de e-learning, modalidade de ensino e de treinamento corporativo que vem ganhando muito espaço, adesão e repercussão entre diversos públicos consumidores dessa nova forma de aprender em qualquer tempo, em qualquer lugar e com qualquer equipamento devidamente conectado.

Mas afinal de contas, o que é o e-learning?
Podemos simplificar o conceito dizendo que e-learning é o aprendizado via internet.
Algumas vantagens que contribuem para a sua intensa disseminação são: (i) rompimento de barreiras geográficas e temporais; (ii) pode ser feito de qualquer local, em qualquer horário, basta ter internet, um login e uma senha; (iii) possibilita ao aluno gerenciar o seu próprio tempo aproveitando intervalos de trabalho, deslocamentos, tempos de espera para atendimento, etc.; (iv) uma vez montado o curso, ele pode ser facilmente escalável para dezenas, centenas ou milhares de alunos, com poucas adaptações e a um custo marginal quase insignificante; (v) quando se pensa em políticas públicas de ensino, o e-learning é uma extraordinária possibilidade para atingir o maior número de pessoas, representando uma revolução na geração e distribuição do conhecimento; (vi) exata noção do orçamento previsto para os programas de treinamento, calculado individualmente e também coletivamente; (vii) O ensino a distância permite aplicar o mesmo curso em diferentes unidades da empresa com metodologia e conteúdos idênticos. Ou seja, há uma certa padronização; (viii) permite monitorar facilmente o desenvolvimento e desempenho dos alunos nas tarefas e atividades do curso.

É importante destacar que, para se extrair do e-learning as vantagens acima, são necessárias plataformas e ferramentas de tecnologia e de gestão do conhecimento específicas para essa prática educativa. O sistema de gestão de aprendizagem (Learning Management System – LMS), também conhecido como plataforma de e-learning, é uma das interfaces mais importantes para o suporte e bom funcionamento do processo de ensino e aprendizagem no contexto da aprendizagem virtual e a distância. Como exemplos desses sistemas temos o Moodle, o Blackboard, o Formare, o Google for Education e o Microsoft Educação.

Por outro lado, faz-se necessário destacar que encontramos alguns aspectos desfavoráveis em relação ao e-learning ou EaD: (i) resistência ao uso da tecnologia ainda presente em significativa parcela da população; (ii) grande esforço em campanhas para o engajamento dos alunos; (iii) exige-se disciplina e auto-organização por parte do aluno; (iv) a criação e o preparo do curso online é, geralmente, demorado;  (v) pouca ou nenhuma existência de vínculos relacionais, que somente o processo de interação presencial permite; (vi) alto custo de implementação e desenvolvimento, bem como, dificuldades técnicas relativas à Internet e à velocidade de transmissão de dados; (vii) limitações no desenvolvimento da socialização do aluno; (viii) dificuldades em alcançar objetivos na área afetiva, de atitudes, e de processo colaborativo de desenvolvimento do aprendizado e troca de experiências entre professor e aluno.

Se fôssemos críticos vorazes, céticos e pessimistas de plantão, começaríamos alertando para o fato de que o e-learning é um modelo que precisa de alguém já educado e maduro o suficiente para surtir o efeito desejado. Isso porque o processo de aprendizado inicial é, para a maior parte da população, muito mais eficaz quando presencial, com trocas reais e vivenciais entre pessoas que estão próximas.

Outro ponto que poderíamos destacar é a dificuldade que temos, humanos – “bicho social”, de aprender sozinhos, utilizando formatos não convencionais e rotineiros de absorver conhecimento, quando não centrados exclusivamente na atividade em sala de aula ou grupos de estudo, reduz-se substancialmente.

Enfim, precisamos acabar com o modismo gerado em torno do assunto, principalmente incentivado pelos demasiadamente empolgados em tecnologias futuristas que, além de pouco ajudarem no processo de qualificação do que é o e-learning, transformam irresponsavelmente um modelo que tem aplicações claras e benefícios tangíveis em uma promessa inatingível e pouco aceita.

Portanto, a tendência do e-learning em se afirmar como prática comprovadamente eficaz no processo de gestão educacional de pessoas, será tão mais real quanto mais rápido conseguirmos conter os movimentos de transformação deste modelo em modismo ou evitar que as falhas e ineficácias ao longo do caminho se mostrem como obstáculos intransponíveis.

 

*Prof. José Motta Filho é Engenheiro, Gestor Educacional e Consultor em Metodologias Ativas de Ensino e Tecnologias Educacionais Emergentes. Atualmente é Head of Edtech na Beenoculus e Head of Active Learning na Zoom Education for Life. O profissional colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.

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