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Educação: responsabilidade de quem?
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Em dado momento do filme “Educação” (2009), a personagem Jenny, interpretada pela então novata Carey Mulligan, se confronta com sua professora e desabafa: “Não basta nos educar, sra. Walters. Deve nos dizer para quê!”.

Se pararmos para pensar em qual seria o papel de cada um no processo da educação, provavelmente iremos flertar com a ideia padrão do ‘quem educa são os pais, quem ensina é a escola’. Porque nós crescemos ouvindo isso. Mas discutir educação sob esse prisma exige que levemos em conta outros aspectos, subjacentes e transversais a esse processo.

Bem, o filme, ambientado na Inglaterra dos anos 60, conta a história de Jenny Miller, uma adolescente de 16 anos com talento pra música, devoção pelos estudos e um desejo no mínimo incomum para sua idade e época: ser adulta e independente. A certa altura, ela conhece David, um sujeito com o dobro de sua idade, cuja origem e modo de ganhar a vida ela desconhece, mas com quem acaba se envolvendo.  Até mesmo seus pais, que sempre a mantiveram sob uma supervisão rígida e cheia de regras, assumem um posicionamento mais permissivo por vislumbrarem ali a chance de um casamento bem sucedido para Jenny.

Certamente a leitura que fiz do filme, há dois anos, quando eu apenas gostava de cinema e consumia pelo prazer da arte, é muito diferente da que faço hoje, com olhar e percepções assumidamente mais voltados ao tema. Tão ou mais importante quanto a própria história, que trata com sutileza e propriedade dos conflitos de sua protagonista e aborda questões pertinentes do cotidiano feminino, é a ponte que podemos fazer com a nossa realidade.

Na medida em que as coisas vão caminhando, fica claro que esse relacionamento é uma parte da educação e do processo de amadurecimento dela, que a escola em que ela estuda não contemplaria, mas que é necessária. A exemplo do dilema por que Jenny passa e da escolha que aparentemente lhe parece a mais sábia e conveniente, os jovens nos dias de hoje também enfrentam dilemas parecidos, de diversos tipos. Eles precisam fazer escolhas, conciliar responsabilidades e lidar com uma autonomia não prevista.

Nesse contexto, podemos citar os meios de comunicação. Funcionando como um “avatar” para a moda e os costumes e influenciando comportamentos, numa miríade de formas e níveis que, sem a devida instrução, suporte e limites de quem educa, podem atrapalhar e até criar traumas.

E ainda: contrapor educação (de valores, comportamento, etc.) como uma tarefa exclusivamente doméstica e ensino (da língua e demais ciências) como uma atribuição só do professor talvez não seja o jeito mais eficaz de tratar o assunto.

>> Debora Zaze é estudante do 3° período de Licenciatura em Letras da Universidade Federal do Paraná e colaboradora do Instituto GRPCOM.

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