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Ivonaldo Alexandre / Gazeta do Povo

Ivonaldo Alexandre / Gazeta do Povo

 

Muito tem se discutido nos últimos meses sobre o Ensino Médio, são muitas matérias jornalísticas e muitos “especialistas” dando suas opiniões, mas no meu entender a raiz do problema não foi discutida.

A educação é um processo, como uma linha de montagem, em cada etapa o ser humano vai agregando uma “peça” ou “parte” e isso acontece em maior intensidade quando somos crianças e jovens, pois sempre estamos aprendendo. A escola é uma instituição determinante nesse processo de construção, especialmente na construção das condições para o aprendizado formal.

Neste sentido, o Ensino Médio deve ser tratado como uma etapa da construção do conhecimento, prescindida de outras que devem ser bem executadas. Portanto, antes de discutir o currículo, o que interessa aos alunos, as condições de trabalho e a infraestrutura, precisamos entender e verificar como estamos preparando a base desses jovens nas etapas anteriores ao Ensino Médio, pois seguramente o maior problema do Ensino Médio está na base, nas etapas iniciais do desenvolvimento escolar humano na Era Moderna. Vou me ater apenas à educação escolar, pois educar é muito mais que escola.

Se observar os números da educação no Brasil, percebe-se com certa facilidade onde está o problema, pois 50% dos alunos chegam à segunda etapa do Ensino Fundamental (6º ano) sem saber ler um texto de cinco linhas e contar o que leu, ou seja, são os chamados analfabetos funcionais. Desta imensa massa, mais da metade já abandona a escola antes do Ensino Médio, mas em geral são empurrados para as séries seguintes. Isto acontece porque a primeira etapa do Ensino Fundamental, com suas escolas municipais, não ensina o básico: ler, escrever e fazer contas.

As muitas discussões que fazemos da primeira etapa do Ensino Fundamental limitam-se a mais recursos, melhor infraestrutura e maior salário aos professores. A verdadeira discussão deveria ser como fazer melhor com os recursos que temos, pois todo bom educador sabe que para ensinar uma criança a ler, escrever e fazer contas não são necessários muitos recursos.

Então, a verdadeira discussão do Ensino Médio deve obrigatoriamente passar por fazer bem as primeiras etapas. Outra sugestão seria observar como a escola particular consegue não ter evasão em todo o processo de ensino básico, e mesmo com todos os problemas e currículo, expectativa dos jovens e objetivo que se dá ao Ensino Médio, seus resultados são muito superiores em relação à média brasileira, com isso talvez a discussão fique mais real e focada. Não posso negar que o Ensino Médio atual foi transformado em um rito de passagem, o que não é diferente em outras partes do mundo, pois quando ensinamos todos a ler, escrever e fazer contas no momento certo, as pessoas podem buscar o conhecimento no mundo da informação.

>> Ademar Batista Pereira é presidente da FEPEsul (Federação dos Estabelecimentos Particulares de Ensino da Região Sul).

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