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O que não entra em férias…
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A aproximação do final do ano gera grande expectativa nas crianças e adolescentes, que começam a planejar suas férias e a pensar numa nova rotina. Entre os assuntos e temas prediletos, muitas vezes estão a companhia dos amigos da escola e a própria escola. Mais ou menos o que os pais fazem quando estão longe dos filhos e passam uma boa parte do tempo, ou quase todo ele, falando dos filhos.

É comum encontrarmos mães e pais que, no último dia de aula, voltam o olhar para a professora e lançam as seguintes questões: “A colônia de férias aqui da escola começará quando?” Considerando que estamos diante de um intervalo escolar longo, o que colocar no lugar? Como preencher esse tempo? Há pais preocupados com a ociosidade de seus filhos e já pensam na “ginástica” que deverão fazer para ocupar esse período livre. Férias para quem? Recesso do quê?

Precisamos orientar nossas crianças sobre como desfrutar o tempo livre. O sociólogo Domenico de Masi, que designou esse tempo de “ócio criativo”, nos alerta para o fato de que hoje as máquinas podem realizar grande parte dos trabalhos que, até há bem pouco tempo, necessitavam da força física do homem. Assim sendo, restaram ao homem as atividades criativas. O mundo precisa de pessoas que deem férias para tudo que funciona com o piloto automático, dando espaço para as manifestações criativas. Pessoas com habilidades de investigação, que busquem a construção de novos significados, em que o investimento do tempo esteja a serviço de um pensamento crítico, criativo e cuidadoso. Crítico no conhecimento, criativo na atuação e cuidadoso com a humanidade.

À escola cabe dar subsídios às crianças e adolescentes para o desenvolvimento dessas habilidades, mostrando que as relações que estabelecemos com o conhecimento partilhado no colégio estão em sintonia com esse mundo e nos mobilizam ainda mais, quando estamos fora dele, a exercitar um olhar que interroga, investiga, opina, pensa em contrapontos, o tempo todo, sem tirar férias!

A nós, adultos, cabe lembrar que estas habilidades são desenvolvidas, também, por meio da literatura, da música, do teatro, do cinema, de encontros sem cronômetro, de olhares suspensos, de orelhas que não se cansam de escutar, do bolo saboreado, do almoço mais demorado, do computador desligado, da televisão assistida a dois, de um mundo de injustiças também conversado.

Interrogar, opinar, pensar em contrapontos, criar novas possibilidades de relações com as pessoas e com o mundo, colocam de férias permanentes a passividade, a repetição e o desencontro e convocam para ação sujeitos ativos, marcados pelos valores do encontro, da solidariedade, do compromisso ético, que saem de férias conosco!

*Antoniella Polinari Cavassin, pedagoga com especialização em Psicanálise, é coordenadora educacional do Colégio Marista Santa Maria e coautora do livro Projeto Marista para Planejamento e Avaliação. Danielle Barriquello, psicóloga com especialização em Psicanálise, é coordenadora educacional da Rede de Colégios do Grupo Marista e coautora dos livros Projeto Marista para o Ensino Fundamental e Essas crianças não podem mais esperar. O Grupo Marista é colaborador e voluntário do Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia. 

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