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Christopher Hogwood (1941-2014)
Christopher Hogwood (1941-2014)| Foto:
Christopher Hogwood (1941-2014)

Christopher Hogwood (1941-2014)

Passados 40 dias da morte de Frans Brüggen (leia aqui o que escrevi sobre ele), morreu hoje, na cidade inglesa de Cambridge, outro grande pioneiro da execução de música medieval e barroca com instrumentos de época: o maestro e cravista Christopher Hogwood. Nascido em Nottingham, na Inglaterra, em 1941, começou a ter notoriedade em 1967 trabalhando em algo que ninguém até então levava muito a sério: a execução de música medieval. Junto com David Munrow funda o Early Music Consort, um grupo que até hoje é referência em termos de execução das obras primas compostas no século XIII e XIV, com destaque para as composições de Léonin, Pérotin e Machaut. Neste grupo Hogwood tocava Harpa medieval e órgão portativo. Com o suicídio de David Munrow o grupo se desfez em 1976, e Hogwood funda um outro grupo musical, direcionado não mais para a música medieval mas sim para a música barroca: a Academy of Ancient Music (“Academia de Música Antiga”). Neste grupo ele se notabilizará por colocar padrões altíssimos na execução de compositores que foram deformados por execuções grosseiras em termos de apuro musicológico, notadament6e Handel e Purcell.
Seguindo os passos de seu colega holandês, Frans Brüggen, ele também inicia um trabalho sobre as Sinfonias de Beethoven com instrumentos de época, sendo ainda mais radical que Brüggen visto que utiliza em diversas destas obras um forte piano como baixo continuo. O resultado permanece discutível, e para muitos as obras assumem um arcaísmo que não tem a ver com o pensamento futurista de Beethoven.
Se em Beethoven pairam algumas controvérsias, e se é certo que realizou um trabalho fantástico em Vivaldi, Corelli, Haydn e Mozart, em Handel Hogwood reinou absoluto, e foi graças a seu ímpeto que toda uma geração ficou conhecendo a obra do compositor. Ainda hoje suas execuções dos “Concerti Grossi” opus 3, do oratório “Messias”, dos “Concerti a Due Cori” e da “Música aquática” não foram suplantadas. Particularmente acho superlativo o registro que ele fez da ópera “Rinaldo”, também de Handel, com Cecilia Bartoli e David Daniels no ano 2000. Tive a felicidade de assistir Hogwood aqui em Curitiba, há mais de 25 anos, onde, com a Academy of Ancient Music, executou um programa que incluía dois dos “Concerti Grossi” opus 3 de Handel. Algo realmente inesquecível. Hogwood, com seu entusiasmo, com seu apuro, com seu bom gosto, fará falta. Infelizmente o grupo que fundou, a Academy of Ancient Music, tem sentido sua ausência. Desde que ele abandonou a formação, em 2006, percebe-se claramente a ausência de sua personalidade musical, e já não é o grupo referência que já foi. Felizmente Hogwood deixa um legado considerável de gravações.

Nada mais apropriado. Um vídeo completo do oratório “Messias” de Handel regido por Hogwood

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