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Bach, retratado pelo pintor Elias Gottlob Haussmann em 1746
Bach, retratado pelo pintor Elias Gottlob Haussmann em 1746 | Foto:

 

 

 

Johann Sebastian Bach (1685-1750), para muitos o maior compositor de toda a história da música, teve, no final de sua vida, problemas muito sérios com sua visão. Já no início do ano de sua morte sintomas de uma catarata severa lhe causavam muitos problemas em sua intensa atividade musical na cidade de Leipzig, onde vivia desde 1723.

Como “Kantor” da Igreja de São Tomás  era responsável pela música em mais três igrejas: São Nicolau,São Mateus e São Pedro. Naquele período estava escrevendo uma espécie de síntese de sua arte contrapontística, “A Arte da fuga”, uma de suas obras mais abstratas, sequência lógica de outras obras escritas no mesmo estilo na década de 1740, as “Variações Goldberg” e a “Oferenda Musical”.

 

Um médico charlatão

O médico John Taylor em gravura anônima

Bach se sentiu atraído pelas promessas de cura do médico inglês John Taylor (1703–1772).  Este médico, que até teve em seus primeiros anos uma atividade honesta,sentiu-se seduzido com a ideia de ser uma celebridade. Viajava pela Europa numa carruagem com imagens de olhos, fazia discursos eletrizantes falando de sua capacidade milagrosa. Ele se auto intitulava “Chevalier” e até conseguiu algum apoio da nobreza inglesa. Mas na realidade Taylor cegou centenas de pessoas com seu estilo arrogante e ação ineficaz.

Egocêntrico ao extremo chegou à Saxônia com grande alarido em princípios de 1750 e acabou atraindo Bach à sua “armadilha”. Uma primeira cirurgia, com métodos extremamente dolorosos, foi feita em março de 1750. Mas a cirurgia não apresentou resultados satisfatórios, e uma semana depois repetiu o procedimento que fracassou ainda mais, levando Bach a ficar irremediavelmente cego. Quatro meses depois o compositor, totalmente alquebrado, viria a morrer. Sabe-se que o fracasso de sua atuação repercutiu bastante na região e lhe custou a expulsão de Berlim, quando lá chegou no início de abril daquele ano.

Taylor também teve uma atuação desastrada com outro grande compositor: Georg Friedrich Händel (1685-1759). Uma  cirurgia feita pelo médico charlatão feita na Inglaterra em 1758 levou Händel à cegueira completa, o que apressou a morte do mestre. Como Händel era muito mais famoso do que Bach naquela época,  o deslize do médico lhe custou caro, morrendo no ostracismo, na miséria e….completamente cego.

Consequências musicais

A Fuga inacabada de Bach com as palavras de um de seus filhos: “Neste ponto em que o compositor introduz no contrassujeito desta fuga o nome ‘B A C H’ , o compositor faleceu.”

 

Sem dúvida a pior consequência musical das inabilidades do “Chevalier” John Taylor foi o fato de que “A arte da fuga”, uma das mais fascinantes estruturas musicais de todos os tempos e a culminância da arte contrapontística de Bach, ficou incompleta. O “Contrapunctus XIV” , uma fuga com três temas (há quem acredite que o plano era de ter quatro temas), um deles usando o nome do compositor como notas da melodia (B= Si bemol, A = lá, C = dó e H = si natural), não foi completada. Perda irreparável.

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