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Lava Jato: do banho de realidade à desconfiança generalizada
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O filme sobre a Lava Jato estréia em boa hora: irá facilitar a compreensão dessa operação, ultimamente tão criticada, super complexa, cheia de desdobramentos e conseqüências políticas, que revelou o maior esquema de corrupção da história mundial. Foram tantas fases, tantos presos, tantas delações, tantas denúncias, que é difícil mesmo acompanhar e lembrar-se de tudo a respeito dela, sobretudo diferenciar o perfil de atuação do núcleo Dallagnol e do núcleo Janot. Como são muitos os políticos implicados na Lava Jato, não há como evitar o sentimento de descrédito geral em relação a essa famigerada classe. Por um lado, a desconfiança pode ser saudável, porque o brasileiro finalmente está entendendo seu papel protagonista na construção do país que deseja e está deixando de depositar nos políticos toda a responsabilidade pelo desenvolvimento do Brasil – o que só pode dar bons frutos e uma considerável economia nos gastos públicos. Por outro lado, o contrário pode acontecer, pois há o risco de que seja colocada em xeque a legitimidade da democracia. Não acredito muito nessa segunda tese, mas quem alerta para o seu perigo é Denilde Oliveira Holzhacker.

Temer é o chefe da quadrilha?
Já que estamos falando de sacanagens, bom lembrar que há uns 50 (ou mais) tons de cinza na escala da corrupção brasileira, que vai de um reles deputado recebendo uma pequena monta em caixa dois até Lula e seu projeto nefasto de poder para o Brasil e para a América Latina, todo financiado por propina, e que esvaziou os cofres públicos – e, se eu tivesse de apostar, diria que Temer está em algum lugar no meio da escala, digno de um ex-subalterno do alto escalão. Mas nem todos pensam assim: Janot alçou Temer ao primeiro lugar no pódio da corrupção, o que soa altamente bizarro. A opinião pública não está ao lado do presidente mais impopular depois de Dilma. Porém, a ofensiva contra Temer tem sido tão desproporcional que fica a pergunta: a quem interessa a sua queda?
Houve uma época, meses atrás, em que parecia que o PT estava morto e enterrado. Mas foi uma grande ingenuidade imaginar que o grupo político que se preparou durante décadas para assumir o poder, que se tornou o mais articulado grupo do país, o moralmente mais baixo, que há pouco tempo detinha um poder gigante nas mãos, e que mantém uma base militante enorme, iria deixar seus planos irem por água abaixo porque foram em alguma medida desmascarados. E é aí que pode entrar a suspeitíssima dupla sertaneja Joesley & Janot, e o hit “Temer é o chefe da quadrilha”. Ninguém gosta do Temer, e acho que poucos colocariam a mão no fogo pela idoneidade dele; mas disso a convertê-lo no conspirador-mor vai longe. Vejamos o comentário de Guilherme Fiuza.

Ruim com ele, pior com ela
Evidentemente, a esquerda não está feliz com o presidento, o usurpador que está acabando com as “conquistas sociais” dos governos petistas. Mas a direita não está exultante com ele também. Alguns decidiram tomar Engov até 2018 para digerir Temer, por medo do retorno petista a apostando que nas próximas eleições um de seus candidatos será eleito. Mas o preço pago foi a permanência do establishment político nos quadros do poder – o que acarretou tanto a má reputação do governo quanto as concessões inúmeras que foram dadas no âmbito das reformas. Mas se olharmos pelo lado positivo, há coisas a se comemorar – e a maior delas é que o maior desastre político da Nova República foi afastado do poder. Eric Balbinus cita os motivos para comemorarmos o aniversário do impeachment de Dilma.

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