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Foto: (Gazeta do Povo)
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É comum dizer que o exemplo e a prática “falam mais alto” que os conceitos e as teorias. Porém, uma teoria e os respectivos princípios, quando definidos com clareza podem estimular novas atitudes e práticas organizacionais.

Em uma boa conversa com os líderes de uma empresa sobre o futuro da indústria brasileira e o potencial de novas ondas de inovação, surgiu a questão quanto a diferença entre a Transformação Digital e a chamada Indústria 4.0 (manufatura avançada ou internet industrial). Será que um depende do outro, será que a minha organização deve escolher um foco? Em nossas pesquisas para entender um pouco do processo, não encontramos uma resposta pronta, mas alguns indícios desta relação.

A jornada da Transformação Digital, segundo Didier Bonnet ( autor do livro Leading Digital) refere-se especialmente a: (a) digitalização dos processos operacionais, (b) do modelo de negócio e (c) da experiência do consumidor suportados por (d) capacidades e competências digitais adquiridas pelas empresas. É um processo em andamento, que vem ocorrendo com a evolução das tecnologias e da sociedade em rede, mas que ganhou ares exponenciais e condição necessária para a sobrevivência das qualquer negócio.

Neste sentido, as grandes empresas criaram setores ou contrataram um CHIEF DIGITAL OFFICER (CDO) com metas para todas as áreas, especialmente ao trazer a área de TI como agente estratégico de mudança. Por outro lado, sabe-se que os desafios são mais complexos, como bem exemplifica o artigo “A transformação digital é o primeiro passo” de Cezar Taurion.

Na prática, a experiência do consumidor muda a partir do momento em que as empresas digitalizam os canais de comunição, adotam modelos para analisar comportamentos nas redes sociais e identificam as diferenças culturais ou estilos de vida. Ao criar um relacionamento em “alta definição” e de troca constante, os consumidores participam ativamente das fases de experimentação e criação de produtos e serviços.

A empresa testa modelos e responde de forma mais efetiva aos problemas com robôs ( Chat Bots)  que trabalham 24×7 para atender as demandas. Outra vantagem está na gestão dos diferentes pontos de contato com a marca e o uso de plataformas que permitem mapear a rota e rastrear as melhores formas de se comunicar com cada cliente. É a digitalização do cliente, do produto, do serviço e do modelo de negócio.

Em relação aos processos operacionais, a empresa ganha em performance e padronização, ao disponibilizar para as equipes informações em tempo real e permitir correções de rota com o apoio de ferramentas e sistemas inteligentes que antecipam problemas e ampliam a colaboração e compartilhamento de conhecimento do negócio.

Vale ressaltar que não se trata apenas de um movimento das startups ou empresas de alta tecnologia. Empresas que atuam em setores tradicionais sofrem a pressão interna e externa por mais colaboração e agilidade, afinal colaboradores e consumidores estão conectados e conscientes, comparam experiências e exigem disponibilidade, simplificação e interfaces amigáveis. Aqui entramos no desafio crucial da Transformação Digital que é a capacidade de unir dados aos processos, entregar soluções reais e concretas que dependem da capacidade analítica e do gerenciamento da informação aplicados de forma transversal.

E a Indústria 4.0 neste processo?

O termo é utilizado de forma confusa. Alguns utilizam indústria 4.0 ( política governamental Alemã) ou manufatura avançada ou internet industrial, mas na prática referem-se a chamada Quarta Revolução Industrial que é uma sequência de adoção de tecnologias, diferentes matrizes de energia e processos que impactam a forma como industrializamos.

Em linhas gerais a 1a Primeira Revolução industrial surge com a mecanização e o uso das tecnologias à vapor, a 2a Revolução nasce com a produção em massa e o uso da energia elétrica, a 3a Revolução a partir do uso de robôs, ou seja a automação e os computadores que conduzem os sistemas produtivos. Por fim, a 4a Revolução Industrial aborda uma visão do sistemas Ciber-físicos e a internet das coisas, em que equipamentos conectados a sistemas promovem a integração entre o real e o virtual, ampliam o nível de automação, facilitam a gestão e geram modelos industriais inteligentes, baseados na captação, no tratamento e digitalização da informação.

O conceito em seu ideal, prevê máquinas que aprendem e a conexão de todo o ecossistema da indústria, o que gera oportunidade para startups, novos negócios, empresas de componentes, sensores e consultorias. Dados da última pesquisa realizada pela PWC de 2016 apontam para que nos próximos 5 anos, as empresas que estão investindo em processos e tecnologias voltadas para a Indústria 4.0 esperam economizar algo em torno de 500 Bilhões de dólares.

As consultorias globais investem em conteúdos e pesquisas desde de 2012, com a estruturação de modelos para compreender e comparar setores, definir tecnologias e estabelecer um passo a passo para a indústria do futuro. O Brasil, desde 2015 já convive com eventos, fóruns e parcerias entre o Ministério de Ciência e Tecnologia – MCTI e o governo Alemão. O que facilita é que mais de 1500 empresas alemãs presentes em terras nacionais podem indicar um caminho, não é a toa que em Joinville, nasce a ABII – Associação brasileira de Internet Industrial que integra um consórcio internacional que discute padrões que vão impactar esta nova revolução no país.

Além dos aspectos da infraestrutura digital, as questões que ganham destaque são: o impacto no número de empregos e o quanto estamos preparando a próxima geração para lidar e liderar esse processo de transformação nas indústrias. Assuntos que exploraremos com mais detalhes em outros artigos, mas abordamos um pouco aqui sobre o impacto dos Negócios 4.0.

Voltando para a questão central da nossa conversa, é evidente que a quarta revolução industrial depende do processo de transformação digital dos negócios. A primeira é uma visão dos potenciais da transformação digital alinhados aos aspectos políticos, sociais, tecnológicos e dos modelos de gestão de empresas e países em relação ao setor produtivo. A transformação digital, já é realidade e impacta todos os setores da economia, principalmente a forma como nos relacionamos, consumimos e até produzimos. Portanto ao falar de um, consequentemente falaremos do outro.

Na esperança de ter contribuído com essa discussão, deixamos a reflexão: além da discussão de uso de termos, maturidade ou porte, é fato que o desafio de cada empresa passa pela capacidade dinâmica de aprender, de inovar e de trabalhar em rede. Sim, é preciso definir prioridades, parceiros e botar pra fazer. A informações estão disponíveis, os caminhos não são tão claros, o impacto já vem transformando completamente tudo a nossa volta.

 

*Artigo escrito por Rafael Tarso, sócio da 3DinnovBrasil, professor de Empreendedorismo, Inovação e Sustentabilidade no ISAE/FGV. O ISAE/FGV é uma instituição parceira do Instituto GRPCOM.

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