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Nos últimos anos virou moda falar sobre ética, mas muitos ainda não sabem realmente o que é. Confunde-se ética com moral ou leis.

Moral é o conjunto de regras que determinam o comportamento dos indivíduos na sociedade. Nas culturas dos grupos humanos estão presentes hábitos e costumes considerados válidos, bons e justos, os quais contribuem para a realização dos indivíduos. Atos gerados conforme estes hábitos serão julgados morais ou moralmente bons.

A moral tem sempre um contexto histórico-social, pois é estabelecida a partir de necessidades historicamente despertadas. As normas morais se apresentam como forma de convivência humana, tomando forma específica em cada cultura. Elas podem ser questionáveis, porque valem somente enquanto capazes de promover o bem do homem. Estes questionamentos, entretanto, podem levar ao relativismo das normas sociais, que pode acarretar num descrédito da própria moral. Os efeitos deste tipo de descrédito são vistos em nossos dias atuais, em que sofremos pela falta de valores. Precisamos lembrar que, sem certos critérios morais, até a luta pela liberdade pode cair no vazio.

O que se percebe nos dias atuais é que muitos indivíduos, famílias e comunidades se perderam e sentem um vazio por não possuírem mais regras e valores, outrora mais claramente definidos. “O crescimento das áreas do saber, o pluralismo cultural, o consumismo e a globalização deixaram muitas pessoas sem o referencial de comportamento que, ao longo da história, foi exercido pelas religiões e pela filosofia”, reforçam Cristina Surek e Lúcia Sermann, professoras e estudiosas do tema. Na massificação contemporânea, muitas pessoas já nem se comportam de forma imoral, o que é pior. Comportam-se de forma amoral, ou seja, sem nenhum referencial de moralidade.

Já as leis são hábitos e costumes relativos a conteúdos julgados fundamentais e indispensáveis para os indivíduos. São acordos de caráter obrigatório, estabelecidos entre pessoas de um grupo para garantir justiça mínima ou direitos mínimos. Importante ressaltar que a lei não é a justiça, ou seja, o cumprimento da lei não é o máximo que os indivíduos conseguem desenvolver em prol da realização humana. É apenas um instrumento para fazer justiça.

Assim como a moral, as leis são questionáveis, pois valem somente enquanto capazes de promover o bem do homem. Ética não impõe moral ou lei, mas propõe rumos possíveis para o aperfeiçoamento de ambas. Enquanto a pergunta da moral é “como devo agir?”, a pergunta da ética é “que vida eu quero viver?”.

A ética hoje aparece como eixo central de sobrevivência do nosso sistema por uma simples razão: com o tipo de instrumentos que hoje manejamos se não houver um comportamento ético, ou seja, uma predisposição individual e institucional de buscar o bem comum, o que conseguiremos será a nossa destruição. As tecnologias puseram em nossas mãos instrumentos, não só potentes e de impacto planetário, como extremamente acessíveis. Os instrumentos demasiadamente potentes de que dispomos são excessivamente disseminados para que possamos resolver as ameaças que se avolumam, apenas com sistemas de controle, com leis e fiscais.

Em nosso país, é bem conhecida a relação do brasileiro com a ética. Bem conhecida e infelizmente deturpada no que se refere a nossa prática da esperteza, conhecida por aqui como “jeitinho brasileiro”. O que se percebe na verdade, é que nem todos têm este tipo de prática, mas que grande parte da população do país apresenta um comportamento ambíguo quando o assunto é a ética. Começando pela atitude passiva de perplexidade e comodidade perante a vulnerabilidade de nossas instituições.

Enquanto as empresas, por razões de mercado, já partiram para uma postura mais proativa nas discussões sobre ética, ainda vemos uma sociedade em que grande parte da população demonstra apenas uma postura de passividade.

Cumprir as obrigações apenas por respeito à lei ou por medo da polícia é uma atitude passiva. E passividade gera comportamentos como aceitação da corrupção ou impunidade. O Brasil carece hoje de atitudes proativas em relação à ética, seja na esfera pública ou privada, seja em nossas empresas ou dentro dos nossos lares. Precisamos também urgentemente de referências éticas que norteiem a população que muitas vezes sente-se tão impotente diante de tamanha falta de comportamentos éticos neste país.

*Artigo escrito por Márcia de Fátima Plonka, psicóloga, consultora e associada da Irmandade Betânia, instituição parceira do Instituto GRPCOM no blog Giro Sustentável.

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