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Setran desativa ciclopatrulha e deixa bicicletas expostas ao tempo
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Reprodução/Ir e Vir de Bike
Viaturas da ciclopatrulha da Setran estão jogadas em um depósito ao lado de placas, cavaletes e cones inutilizados

Durou menos de um ano uma das iniciativas mais positivas de inserção da bicicleta no contexto do trânsito de Curitiba. A ciclopatrulha da Secretaria Municipal de Trânsito (Setran), está sendo desativada, como revela matéria do repórter Diego Antonelli, da Gazeta do Povo, publicada neste domingo (18).

O blog Ir e Vir de Bike obteve, com exclusividade, fotos das cinco bicicletas da ciclopatrulha jogadas em um depósito a céu aberto, ao lado do prédio da secretaria, na parte de trás da Rodoferroviária de Curitiba.

Sem uso, as quatro viaturas – cujo valor somado atinge R$ 5 mil – estão expostas às intempéries ao lado de placas, cones e cavaletes inutilizados, presas apenas por uma corrente e um cadeado.

Oficialmente, a culpa é da chuva. Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura, os agentes não foram às ruas, de bicicleta, nos últimos dias por conta do clima pouco favorável. Mas a versão é desmentida por fontes de dentro da Setran e os próprios agentes da ciclopatrulha, que garantem: a ciclopatrulha foi, sim, desativada.

Nos tempos áureos, garante um dos agentes, que pediu para não ter o nome revelado, as bicicletas passavam o dia circulando pelas ruas para fiscalizar o trânsito da cidade e pernoitavam na parte interna do prédio dos agentes da secretaria. Além disso, recebiam revisões periódicas a cada 45 dias para garantir condições adequadas de trabalho aos agentes.

A ciclopatrulha foi a “cereja do bolo” na cerimônia de apresentação da Setran, quando o órgão assumiu o papel da Diretran no trabalho de fiscalização, orientação, educação e engenharia de trânsito de Curitiba.

Reprodução/Ir e Vir de Bike
Expostos às intempéries, equipamentos são protegidos apenas por uma corrente e cadeado.

A ciclopatrulha começou a operar em janeiro com apenas 4 bicicletas. Na ocasião, a Prefeitura manifestou o compromisso de integrar outras 16 bicicletas à frota, totalizando 20 cicloviaturas até o fim de 2012.

“É modesto, mas é um primeiro passo que se ninguém der, ou não será dado, ou vai demorar para acontecer”, disse, à época, o então secretário de Trânsito, Marcelo Araujo.

Quando anunciou a intenção de criar a ciclopatrulha, o secretário afirmou que a vantagem do modelo é que ele proporciona aos agentes de trânsito a possibilidade de conhecer de perto as dificuldades e desafios enfrentados por quem faz da bicicleta o seu meio de transporte.

“A bicicleta humaniza o trânsito. Sem contar que, do ponto de vista prático, ela aumenta a mobilidade dos agentes, garantindo melhora na eficiência da fiscalização”, avaliou Araujo.

No mês de setembro, após a troca de comando da secretaria, a ciclopatrulha, que era um programa prioritário, perdeu a atenção dos novos gestores da Setran.

Em setembro, a prefeitura foi questionada pelo Ir e Vir de Bike se estava mantido o plano de ampliar a frota para 20 bicicletas até o fim do ano. A resposta foi de que a ciclopatrulha continuaria a operar como projeto piloto. “O aumento do número de bicicletas para o trabalho da ciclopatrulha dependerá de avaliação pela Setran”, disse a Prefeitura, na ocasião.

Pouco tempo depois, a ciclopatrulha foi desativada, sem a apresentação de qualquer relatório. Vale lembrar que criar e abandonar um programa de ciclopatrulha não é novidade para a atual gestão.

A prefeitura de Curitiba comprou 80 bicicletas para a criação da ciclopatrulha da Guarda Municipal (GM). Mas de acordo com informações oficiais da própria corporação, 6 em cada 10 bicicletas da frota simplesmente não circulam – o que significa que um investimento de R$ 65,5 mil está depreciando em depósitos municipais.

Fica a torcida para que, no futuro, os dois programas sejam retomados por gente competente, capaz de entender que a bicicleta é também uma ferramenta importante de humanização no trânsito e para melhoria da segurança pública.

Atualização (19/11 – 17h30)

Após o contato da reportagem, na última semana, as bicicletas da ciclopatrulha foram retiradas do depósito, no prédio da Rodoferroviária, e voltaram a ser usadas no patrulhamento das ruas e também deram apoio aos participantes da Maratona de Curitiba no último domingo.

Nessa segunda-feira, com base na denúncia apresentada pela Gazeta do Povo, o vereador Professor Galdino (PSDB), da base governista, enviou ofício à Setran, aos cuidados do secretário Marcelo Linhares Frehse, questionando a atual situação da ciclopatrulha.

Galdino quer saber também o motivo pelo qual as bicicletas estão guardadas de forma inapropriada em local aberto, expostas ao tempo, e solicitou que elas sejam remanejadas para local adequado imediatamente, prevenindo assim avarias em seus componentes.

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