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(Foto: Giuliano Gomes/Gazeta do Povo)
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Desde o fim da tarde de quinta-feira (28) o governo do Paraná está celebrando o fato de o estado ter sido responsável pela criação de 26,6% dos empregos abertos em todo o Brasil em janeiro. Na manhã desta sexta-feira (29), esse foi o destaque da agência de notícias do governo – que também fez a informação chegar aos jornalistas por todas suas listas de transmissão. Faz sentido. Ser responsável por mais de um quarto dos empregos criados no país é algo a ser comemorado. E também explicado. Afinal, é relevante saber qual foi o motor desse resultado.

Ao ler o texto divulgado pelo governo, a explicação parece ter sido o uso da matemática em causa própria. O motivo está mais no modo propagandista como o governo decidiu fazer a conta que em alguma muito bem-sucedida política pública de criação de emprego.

Capa do site da Agência Estadual de Notícias na sexta-feira (1)

A conta apresentada pelo governo toma como base os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados divulgados pelo Ministério do Trabalho na segunda-feira (28). O que esses dados mostram é que no mês de janeiro em todo o Brasil ocorreram 1.325.183 admissões de trabalhadores em postos formais e 1.290.870 desligamentos. Portanto, o país teve saldo positivo de 34.313 vagas.

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Aplicando a mesma conta ao Paraná, foram 104.415 admissões e 95.270 demissões. Saldo positivo de 9.145. Um resultado sobre o outro, regra de três, conta básica, o governo cravou: “Paraná cria 26,6% dos empregos abertos no País em janeiro”.

Mas não é bem assim. Para ficar mais fácil de entender, olhemos para o conjunto da Região Sul. Somando os três estados, o saldo de criação de empregos foi de 41.733. Se a mesma lógica do governo do Paraná fosse aplicada nesse caso, a manchete seria: “Região Sul cria 121,6% dos empregos abertos no País em janeiro”.

Isso acontece porque das 27 Unidades da Federação, 12 tiveram saldo positivo no Caged e outras 16 demitiram mais que contrataram, portanto, há que se descontar esse resultado negativo para fechar a conta nacional.

Há dois modos mais justos de o governo do Paraná apresentar esses números.

O primeiro deles seria comparar o total de admissões do estado com o total de admissões no país. Por esse método, o Paraná responde por 7,9% das contratações feitas em janeiro em todo o Brasil. A limitação desse recorte é que perdemos as informações referentes a demissões. Mas há outra saída: comparar o estado com os outros 11 que tiveram saldo positivo na criação de empregos. Considerando essa conta, 11,8% das vagas foram criadas no Paraná.

Os dois números – mais atrelados à realidade – continuam colocando o Paraná entre os estados que têm puxado pra cima a criação de empregos no país e poderiam ser igualmente celebrados pelo governo, mantendo o debate mais honesto e respeitoso com os cidadãos.

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