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A lorota da “arenização” está enfraquecendo, para o bem do futebol
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Arena da Baixada e estádio do Borussia Dortmund, na Alemanha: conceitos diferentes.

Era óbvio que logo viria uma reação. E, felizmente, não demorou. O efeito “arenização” dos estádios está perdendo força e, pouco a pouco, as torcidas vão retomando a liberdade nas arquibancadas. Um pouco, pelo menos.

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No final do ano passado, o Manchester United consultou seus torcedores sobre a criação de um setor para assistir aos jogos em pé no Old Trafford. Outros 12 times ingleses estão pensando no assunto e a ideia está sendo bem recebida.

É o conceito de “safe standing”. Em setores mais populares, as cadeiras são retráteis e os fãs acompanham as partidas como preferirem. Na Alemanha, com seu futebol ultradesenvolvido, é assim. Na Escócia também.

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Flamengo e Botafogo foram além e já adotaram medida semelhante. Tanto na Arena da Ilha, quanto no Engenhão, um setor não terá cadeiras. É a chance para o retorno dos geraldinos aos campos cariocas. Todos os clubes deveriam imitar.

O processo de “arenização” dos estádios começou no final dos anos 80, na Inglaterra, após a tragédia de Hillsborough, que vitimou 96 pessoas e feriu outras 766 após um tumulto. A ESPN tem um documentário chamado “Hillsborough” que é excelente e chocante.

Encadeirar as praças esportivas e retirar os alambrados foi um dos pontos fundamentais do Relatório Taylor, feito após o desastre, para garantir mais segurança aos torcedores ingleses. E deu certo, o que é, obviamente, louvável. Ninguém é contra mais segurança.

No entanto, o novo cenário contribuiu para mudar o comportamento das torcidas. Há um consenso que o clima dos estádios da Inglaterra é o mais “frio” da Europa. É monótono, silencioso, não parece nada com futebol.

E o Brasil, com a vinda da Copa do Mundo e a construção de diversas arenas, estava entrando nesse processo. Pra variar, atrasado. Embarcou no padrão da Fifa, entidade que é sinônimo de corrupção, como panaceia para o futebol nacional.

Em pouco tempo, o conceito de “arenização” brasileiro já se mostrou uma lorota. As novas arenas mal conseguem encher na metade e os problemas de segurança persistem, apesar das proibições em série. Pouco mudou.

Também está claro que vários campos pelo país perderam suas características. A Arena da Baixada, outrora conhecida como Caldeirão do Diabo, é um deles. Lembra um ginásio da NBA, acabou a mística, o “calor”. Maracanã, Mineirão…

Ainda bem, está em tempo de corrigir o rumo. Repito, segurança é primordial, mas há como encontrar um equilíbrio. Um padrão que respeite o conforto e a cultura do brasileiro como torcedor. Principalmente, que dê liberdade.

E aí, quem preferir ficar sentado, se entupindo de pipoca e refrigerante, o que é legítimo, terá espaço garantido nas arenas. E quem preferir ficar em pé, e empurrar o time do coração na garganta, como nos velhos estádios, também conseguirá.

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