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Deputado quer banir cerveja também dos arredores dos estádios do Paraná
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Proibida de ser vendida nos estádios paranaenses desde 2009, a cerveja pode ser banida também dos arredores das praças esportivas. É a ideia do deputado Missionário Ricardo Arruda (DEM), em projeto de lei apresentado nesta quarta-feira (8), na Assembleia Legislativa do Paraná.

O projeto proíbe a venda de bebidas alcoólicas em um raio de duzentos metros das praças esportivas, veto que deve começar duas horas antes dos eventos. Quem descumprir, toma multa de aproximadamente R$ 10 mil. E quem for reincidente, paga o dobro e corre o risco de perder o alvará do comércio.

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“É uma medida que tem como objetivo proteger os cidadãos de bem, que gostam de assistir a um jogo de futebol e hoje não se sentem seguros. São muitos os torcedores ou vândalos que permanecem bebendo na região dos estádios e que causam todo tipo de problema”, justificou Arruda, ao site da ALEP.

Arruda ampara o projeto no Estatuto do Torcedor, lei 10.671/2003. E destaca o inciso II do artigo 13-A, sobre as condições para o acesso e permanência nos locais de prática esportiva: “não portar objetos, bebidas ou substâncias proibidas ou suscetíveis de gerar ou possibilitar a prática de atos de violência”.

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Como se percebe, a justificativa do deputado não bate com o projeto. O trecho do Estatuto do Torcedor destacado trata das condições para permanência e acessos aos estádios. Ou seja, rege o comportamento dentro dos locais esportivos. Não faz proibição alguma ao comércio de cerveja nas proximidades.

Agora, no fundo todo mundo sabe qual é o “espírito” da proposta. A chuva de clichês da declaração do deputado entrega. É mais um monstrengo dessa sanha de proibição dos legisladores brasileiros. Pra quê regular, melhorar, transformar, instruir, se é mais fácil proibir tudo de uma vez? Veja bem, não estou defendendo a bebida, apenas o direito de escolha.

É também mais um caso clássico em que para acabar com as pulgas, mata-se o cachorro. Por causa de problemas de violência isolados, situações de natureza difusa e complexa, todos os participantes ficam proibidos de beber cerveja. Dentro já não pode e agora querem proibir fora. Qual o próximo passo? Multar quem bebe em casa?

Destaco ainda que a maior incidência de confrontos envolvendo o futebol ocorre distante dos estádios. É muito comum brigas em terminais e estações-tubo, bem mais do que dentro ou nas proximidades dos locais do evento. Fica a sugestão para o deputado que estenda a proibição ao comércio próximo desses locais. É o que manda a lógica, não?

Há tempos o futebol se tornou o reino do “não pode”. Não pode cerveja. Não pode bandeira. Não pode faixa. Não pode torcida adversária. Não pode guarda-chuva. Não pode ficar em pé. Não pode ir de camisa de torcida organizada. Não pode papel picado.  Não pode nada. Só pagar caro pelo ingresso.

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