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A imagem do torcedor do Paraná Clube sozinho contra o Vasco é um golpe na “torcida única”
A imagem do torcedor do Paraná Clube sozinho contra o Vasco é um golpe na “torcida única” | Foto:

Vou pegar carona na observação do amigo Napoleão de Almeida (@napoalmeida). A imagem do torcedor do Paraná, sozinho em São Januário, no jogo contra o Vasco, é das melhores cenas do Brasileirão até então. Um golpe em quem defende “torcida única” nos estádios.

Sozinho, trajando o manto tricolor, o torcedor estava lá para apoiar a sua paixão em território adversário, distante mais de 800 quilômetros de casa, a Vila Capanema. Outros paranistas apareceram mais tarde, mas taí um símbolo importante do que é o futebol.

Torcer fora de casa é uma chance rara de conexão com suas raízes. Mesmo longe, uma oportunidade para estar ao lado de quem se ama, de dividir alegria e sofrimento, de empurrar o time do coração ao lado daqueles que alimentam o mesmo sentimento, irmãos de arquibancada, seja onde for.

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Daí não ser possível se conformar com a imposição do Ministério Público e do Atlético com este novo, e inédito no mundo, conceito de “torcida única” nos jogos da Baixada. Privar o torcedor do direito de empurrar seu time fora de casa é conspurcar a cultura do futebol.

E apenas torcer é o que faz a maioria. Sem confusões, sem brigas, mesmo contando com as torcidas organizadas que, normalmente, são quem quem costumam viajar. Mas lá, no local da partida, há sempre um torcedor forasteiro, que só quer reencontrar um pouco do que um dia deixou para trás.

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Toda essa conversa de paixão, de conexão, de irmandade na bancada, certamente não comove quem trata o futebol como mero entretenimento. Quem acredita que ir ao jogo é só um passatempo que pode ser melhor aproveitado com um saco de batata-frita e um copaço de refrigerante no colo.

Agora, também não surpreende. Hoje há até quem defenda a volta da ditadura militar no Brasil, não é mesmo? Natural que exista quem queira transformar a paixão nacional numa imitação barata e sem graça das arenas da NBA (que, aliás, para a cultura do esporte americano são ótimas).

Sem contar que os números da medida são absolutamente discutíveis. Ótimo material do Globo Esporte joga uma luz sobre o assunto. E o principal argumento do MP-PR é de que a polícia pode assim diminuir o efetivo para trabalhar nas partidas (??).

São os utilitaristas da bola. Para eles, só há interesse naquilo que possa trazer alguma vantagem ou bem-estar. Falar em sofrer, chorar, vibrar, vitória e derrota não serve para nada. É inútil argumentar contra uma visão tão superficial do esporte.

Mesmo assim, não me canso. Pois sei que encontro eco na maioria. Afinal, o futebol só é o que é, o esporte mais adorado do planeta, por causa da paixão de seu torcedor. Quem gosta de entretenimento, que vá passar uma tarde na Disney. Lá não tem derrota.

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