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Cuidado nunca é demais!
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Cedo ou tarde nossos familiares envelhecem e nos deparamos com uma inversão de papeis: de protegidos a protetores. Em algum momento precisarão de auxílio nas tarefas diárias e na organização de suas rotinas. Quando devemos assumir esse papel? A situação é delicada para ambos, pois a percepção da finitude da vida assusta pais e filhos. Alguns se tornam dependentes e precisam ser cuidados em tempo integral, porém outros são ativos, ainda trabalham e são capazes de gerenciar suas vidas. Entretanto o conhecimento do processo de envelhecimento pode nos ajudar a compreender sinais de dependência e estabelecer proximidade preservando a privacidade e autonomia. Difícil não é mesmo? Como manter esse “cuidado à distância”?

Na rotina do consultório nos deparamos com dificuldades dos cuidadores a respeito do dia a dia de seus idosos. Como médicos, enfrentamos também grandes desafios! O idoso tem autonomia para ir às consultas sozinho? Sabe informar adequadamente sua condição clínica? Como a família poderia auxiliá-lo levando em consideração que superproteção envelhece e adoece? Grande parte dos problemas se resolve com comunicação eficaz: família-idoso- profissionais da saúde. A escuta atenta, interessada, respeitando as diferenças sem desqualificar as queixas. Para prestarmos atendimento integral e de qualidade a participação da família é essencial, pois precisamos avaliar queixas imediatas e também considerar fatos e situações sociais, econômicas, familiares e emocionais.

A família pode auxiliar verificando se a rotina dos idosos é saudável: hábitos alimentares e de higiene, se a medicação prescrita está sendo usada de forma adequada, propiciando momentos de lazer e incentivando a prática de atividade física.

E quanto às consultas médicas? Como agir? Devemos interferir mesmo que nossos idosos sejam independentes?

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Sim! Podemos ajudar oferecendo ferramentas para que a comunicação com o médico seja satisfatória. Tabelas em letras grandes colada local visível, por exemplo, ajuda na organização de horários de medicamentos e atividades diárias. Manter lista atualizada de medicamentos com posologia e modo de usar que possa ser carregada na carteira também é fundamental. A maior dificuldade que temos no consultório é tentar descobrir qual é o “comprimido pequeno e amarelinho” tomado todos os dias, a demora em obtermos essa informação gera angústia e impotência no paciente que se percebe inapto a informar sobre si mesmo. Esta semana atendi uma senhora de 80 anos muito simpática, toda falante e independente, quando perguntei quais os medicamentos que usava fui surpreendida por uma tabela plastificada caprichosamente elaborada. Cheia de orgulho explicou que uma das filhas organiza e atualiza frequentemente mantendo no verso os telefones importantes de parentes próximos, médicos, emergência, etc. Quanto carinho e cuidado numa ação tão simples! A paciente, muito lúcida e ativa, talvez pudesse lembrar sozinha de todos os seus medicamentos, cirurgias a que foi submetida e médicos que a acompanham, mas certamente sente-se mais segura carregando consigo as informações escritas.

O papel da família é dar acesso, encontrar uma solução criando condições adequadas para envelhecimento com autonomia e qualidade.

Por Danielle Kiatkoski

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