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Foram décadas de luta para que as mulheres adquirissem o direito de retardar a maternidade, investir na carreira e escolher com quem, como (e se) querem casar. Demorou, mas a sociedade parece ter entendido – só que a natureza não. Nada menos que 6 milhões de brasileiras têm endometriose, a chamada “doença da mulher moderna”. Ela acomete principalmente mulheres por volta dos 30 anos, que ainda não têm filhos, trabalham muito e vivem em grandes centros urbanos. O mais assustador é que ela é, hoje, a principal causa da infertilidade feminina.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Endometriose 53% das brasileiras desconhece a doença. Muitas mulheres fazem cirurgia sem saber ao certo o que é essa doença. O desconhecimento do quadro se dá também entre os médicos. “Uma paciente com endometriose passa, em média, por cinco ginecologistas e demora entre sete e dez anos para conseguir diagnóstico e tratamento corretos”, afirma o ginecologista Sérgio Podgaec, presidente da Comissão Especializada em Endometriose da Febrasgo (Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia). Isso porque a ideia de que “ter cólica é normal” ainda predomina.

Afinal, o que é exatamente a endometriose?

O Dr. Leonardo Benedetti, Ginecologista e obstetra especialista em endometriose explica que a endometriose ocorre como resultado de um processo chamado menstruação retrógrada, no qual parte do fluxo menstrual percorre as tubas uterinas em direção à cavidade pélvica. Isso faz com que algumas células do endométrio (tecido que reveste o útero) cheguem à cavidade abdominal e pélvica e se instalem nas tubas uterinas, ovários, bexiga, intestino e outros órgãos.

O Dr. Benedetti ressalta que muitos fatores estão associados a endometriose inclusive predisposição genética. Uma mulher cuja mãe ou irmã tem endometriose apresenta seis vezes mais probabilidade de desenvolver a doença do que as mulheres em geral. Outros possíveis fatores de risco: Começar a menstruar muito cedo, nunca ter tido filhos, ciclos menstruais freqüentes, menstruações que duram sete dias ou mais.

O principal sintoma na endometriose é a cólica menstrual, também chamada de dismenorréia. As cólicas geralmente são intensas e progressivas, ou seja, a mulher precisa cada vez de mais remédios analgésicos para conviver com ela.

A dor durante a relação sexual também é um sintoma frequente e em algumas mulheres impossibilita a atividade sexual. Outro sintoma comum é a infertilidade: 30% das mulheres com infertilidade têm a endometriose como causa principal. Além dos sintomas ginecológicos as portadoras de endometriose podem apresentar intestino preso, sangramento nas fezes ou na urina, alterações de sono e até mesmo depressão. Toda essa sintomatologia costuma prejudicar a vida social, familiar e certamente tem impacto negativo no trabalho.

O diagnóstico da endometriose é difícil e envolve exames de imagem, laboratório e até mesmo laparoscopia.

Segundo Dr. Benedetti não há um tratamento padrão, cada paciente deve ser avaliada forma única, sua história, idade e desejo reprodutivo imediato ou tardio vão permitir ao médico propor o tratamento ideal: medicamentoso ou cirúrgico. É fundamental que após tratamento a paciente faça um seguimento rigoroso com seu médico, pois quem desenvolve endometriose uma vez tem alta chance de apresentá-la novamente. Para evitar que isso aconteça, utilizamos o que chamamos de prevenção secundária para endometriose cujo objetivo é bloquear a menstruação.

A Nutricionista Thaisa Stavitzki alerta que alguns estudos sugerem que uma dieta equilibrada ajuda a controlar os sintomas da doença, fortalecendo o sistema imunológico e reduzindo a inflamação.

Dessa forma, durante o tratamento da endometriose, é importante evitar:

*Produtos industrializados, muito processados e lotados de aditivos químicos.

*Açúcar, doces em geral, produtos feitos a partir de carboidratos refinados (muito

*Gordura hidrogenada ou trans presente em produtos industrializados (margarinas, bolachas,

Nessa fase, recomenda-se a ingestão de alimentos ricos em ômega 3, vitamina C, Vitamina E, Frutas, verduras, selênio (castanha do Brasil, alho, cebola, milho, nozes), polifenóis (uva, jabuticaba e frutas vermelhas em geral), EGCG (Chá verde), azeite de oliva, vitaminas do complexo B. processados e pobre em fibras) e adoçantes artificiais;

Para aquelas mulheres que tem seu diagnóstico confirmado e iniciam essa difícil caminhada o Dr. Benedetti recomenda que conheçam o GAPENDI – Grupo de Apoio às Portadoras de Endometriose e Infertilidade, idealizado e formado por pacientes que sabem bem como é conviver com uma doença tão dolorosa, enigmática e difícil de tratar. Todas as participantes vivenciaram (e ainda vivenciam) as dores que a Endometriose causa, tanto físicas quanto emocionais. Porém, ao se unirem, percebem que a amizade e o apoio mútuo podem fazer toda a diferença nesta árdua jornada.

Por Danielle Kiatkoski

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