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Era uma vez uma linda princesa que morava em uma torre de um mago chamado Tempo Certo.
Ele a mantinha ali há anos e sua única esperança era ser salva por um bravo príncipe.
Não que ela nunca tivesse tentado nada para sair dali! Tinha invocado sua fada madrinha, anjos, unicórnios, elfos e outros seres encantados da floresta próxima. Ela pedia ajuda e perguntava quando o príncipe ia chegar e todos respondiam a mesma coisa: “Nada podemos fazer! Somente o Tempo Certo pode lhe ajudar!”
E ela perdeu as contas dos dias que esperou pelo Tempo Certo e pelo príncipe…
Numa dessas tardes tediosas que ela passava, entre um livro e outro, ouviu o dragão Putris, o guardião, resmungando um palavrão.
Como não tinha nada pra fazer, desceu os lances de escada que separavam seu quarto do local onde ele trabalhava de vigia.
Ele era feio. Cauda longa e rosto enferruscado como um dia de tempestade.
Somnium disse: “- Oi! Tudo bem ai?”
Putris nem se mexeu, apenas lançou um olhar de indagação na direção dela, como quem diz, “por que esta doida resolveu falar comigo?”.
A princesa não se deu por vencida:”- Sei que nunca conversamos, mas afinal, somos só nós dois por aqui… Estou entediada, sem nada pra fazer e este tal de príncipe não aparece… Queria só bater um papo para passar o tempo”.
E para surpresa dela o papo fluiu. Passaram horas conversando e já era noitinha quando ela voltou aos seus aposentos reais. Pensou consigo mesma: “ Até que ele não é má pessoa!” Depois se jogou na cama, gargalhando sozinha e repetindo: “Até que para um dragão, ele não é mau!”
E isso se repetiu por muitas tardes. Ela descia da torre e eles ficam papeando. Somnium começou a perceber que estava sentindo algo diferente por ele… Lembrou que deveria esperar o príncipe, mas tranquilizou a si mesma pensando: enquanto não vem o cara certo, vou me divertindo com os errados”…
A despeito de todas as diferenças, um romance nasceu entre eles…E tudo foi lindo até que a paixão dos primeiros meses foi cedendo espaço para a realidade. Putris era grosseiro e bronco. Gostava de sair de madrugada para voar com os amigos e nunca mencionou Somnium para os amigos ou família.
Certa madrugada ele voltou bêbado e encontrou Somnium enfurecida, esperando-o. Ela exigia que ele não saísse sozinho! Chorou pedindo um afago, um pouco de atenção, uma réstia de amor. Ele embriagado gritou: “- É só isso que quer? Você, uma princesa, contenta-se com tão pouco?”
A discussão só terminou quando ele, extremamente irritado, cuspiu fogo nela, queimando-lhe de leve as pernas.
Ela chorou aquela madrugada toda…
Na manhã seguinte, ele trouxe as mais belas flores que encontrou e pediu desculpas. Ela aceitou, afinal seu amor haveria de ser motivo suficiente para modificá-lo!
Eles juraram amor um ao outro e ele prometeu nunca mais queimá-la!
Por uma semana, tudo foi perfeito! Ele procurou ajuda de um terapeuta especialista em vícios de dragões e orava com ela todas as noites para espantar os demônios que sopravam aquelas ideias de bebidas e orgias nos ouvidos.
Ela tinha certeza de que seu amor seria a magia transformadora… Mas não foi e ela foi queimada tantas outras vezes…
O dia que Tempo Certo apareceu, não reconheceu Somnium. Ela estava um caco… Um arremedo do que fora outrora.
Abraçando-a carinhosamente pediu que ela contasse tudo o que houvera. Ela não escondeu nada e chorou copiosamente durante o relato.
Tempo Certo, acalmou-a e procurou esclarecer:”- A natureza do dragão é cuspir fogo, é voar na noite e lutar contra sua própria sombra! Modificá-lo é uma batalha perdida “…
Por mais que doesse profundamente em seu coração, Somnium sabia que era verdade.
Tempo Certo ainda continuou: “- Sobre a natureza do dragão nós já falamos… E sobre a sua?”
E ela se lembrou que era uma princesa! Abraçou Tempo Certo e perguntou se podia demitir aquele sentinela… O pedido foi prontamente atendido!
Nos dias que se seguiram, foram de redescoberta e reconquista. Somnium chamou a fada madrinha e deu um “trato” no cabelo, roupas e unhas. Convidou os elfos e fez uma reforma na torre. Com os anjos fez meditação e terapia angelical. Os unicórnios foram levar a princesa e outras amigas para conhecer uma floresta próxima e juntas faziam grupos de estudos e de apoio mútuo.
Ela recebeu permissão para viajar. Conheceu o mundo, comeu, rezou e se amou. Viveu aquele que deveria ser o primeiro amor: o próprio!
E num dia, sem ela nem imaginar, Tempo Certo voltou acompanhado e enfim, a magia do amor verdadeiro aconteceu… O príncipe chegou!

Por Dani Lourenço

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