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A Pediatria está doente.

Faltam pediatras para atendimento de consultório, no acompanhamento de rotina.

Faltam pediatras nas Unidades Básicas de Saúde.

Pediatras não querem mais trabalhar nas emergências médicas e para completar este cenário, estudantes de medicina cada vez menos procuram se especializar em Pediatria.

A Pediatria está doente, e precisa de todos nós.

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Na última semana a coluna sobre o atendimento nas Emergências Pediátricas  teve uma repercussão positiva e vários bons comentários por parte dos leitores. Sempre acreditei no poder da informação. É através do conhecimento que podemos nos posicionar diante de uma situação e buscar melhorias. Pais estão insatisfeitos. Pediatras estão insatisfeitos. No entanto, a insatisfação não constrói mudanças. Atitudes sim.

Antigamente o Pediatra tinha um papel fundamental na vida das crianças. Era conhecedor do seu histórico de saúde, tanto física quanto emocional. Era um porto seguro, que acalmava o coração aflito de pais e mães quando uma febre se iniciava repentinamente, no momento de uma queda ou uma crise de tosse. Além de conhecer as crianças, o pediatra conhecia também os pais, a estrutura familiar, os hábitos, o que aquela criança já tinha tido e a resposta dela às diferentes situações de doença.

Os tempos hoje são outros e cada vez menos as crianças se beneficiam por ter um médico que acompanhe seu crescimento e desenvolvimento.

Por que as emergências pediátricas estão super lotadas?

Curitiba sempre foi reconhecida por possuir um bom programa de assistência à saúde da criança pelo SUS. Entretanto, recentemente, os pediatras foram retirados das Unidades Básicas de Saúde, o que acarretou em uma consequência imediata: superlotação das emergências com queixas não urgentes. Ao meu ver uma perda grande para todos.

Segundo a Dra Kerstin Taniguchi Abagge, Presidente da Sociedade Paranaense de Pediatria, há vários projetos de lei junto a parlamentares, em conjunto com a Sociedade Brasileira de Pediatria, que visam melhorar o atendimento às crianças (http://www.sbp.com.br/sbp-servicos/projetos-de-lei/). Valorizar a puericultura, valorizar o atendimento de consultório, trazer novamente o Pediatra para o atendimento de SUS.  Há 10 anos, uma pesquisa realizada a nível nacional mostrou que 97% das famílias querem que seus filhos sejam atendidos por pediatra e não por outro profissional de saúde. (http://www.sbp.com.br/arquivo/o-atendimento-medico-de-nossos-filhos-carta-da-sociedade-brasileira-de-pediatria-aos-pais-de-criancas-e-adolescentes-imprima-e-entregue-aos-seus-pacientes)

Por que o Pediatra não tem mais espaço na agenda, quando mais se precisa?

Este é um dos principais questionamentos das famílias.

De um lado está o médico, que se depara com altos custos de consultório e baixa remuneração proveniente das operadoras de saúde. Para equilibrar a balança é necessário reduzir ao máximo o tempo de consulta, o que compromete enormemente o atendimento. As faltas constantes dos pacientes em consultas, apesar da confirmação, tumultuam ainda mais a agenda.

Do outro lado está a sociedade que clama por um atendimento adequado e de qualidade para seus filhos, realizado por um médico capacitado.

Os encaixes são cada vez mais raros, e a solução é procurar atendimento nos pronto socorros.

Um comentário de uma mãe referente a primeira coluna sobre o assunto em questão, chamou a minha atenção: “o sistema de saúde grita por socorro”.

Eu vou além, os Pediatras gritam por socorro. As crianças e seus pais gritam por socorro.

Somente a força proveniente da união entre médicos e sociedade será capaz de provocar mudanças.

A Dra Kerstin Taniguchi afirma que, frente a situação atual, a SPP está tomando medidas em beneficio da população, junto a Secretaria Municipal de Saúde e as operadoras de saúde.

Em breve lançará a campanha: Tenha um Pediatra para chamar de seu.

Nós pediatras não podemos aceitar trabalhar sem as condições adequadas. Precisamos resgatar a relação médico-paciente-família construída com uma base sólida de confiança e respeito. O olhar nos olhos, o toque das mãos.

Pais e mães: procurem saber frente as operadoras de saúde qual o valor repassado para o médico. Pressionem, cobrem dos governantes políticas de saúde para melhorar a realidade atual que vivemos. Exijam que a criança seja atendida por Pediatra.

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A Pediatria está doente.

Temos que unir nossas forças, darmos as mãos. Estamos todos do mesmo lado.

Temos que lutar para que nossos filhos tenham um Pediatra para chamar de seu.

Por Juliana Loyola Presa – Médica Pediatra – colunista do Clube da Alice.

Presidente do Departamento de Dermatologia da SPP

 

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