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Escargots na salsa, alho e manteiga sobre base de pão, para quem não tem conchas - receita de Anthony Bourdain.
Escargots na salsa, alho e manteiga sobre base de pão, para quem não tem conchas - receita de Anthony Bourdain. | Foto:

Do livro de Anthony Bourdain, receita de escargots e comentários picantes.

Parece que não, mas aqui tudo segue uma programação. Há uma pauta, uma linha a ser seguida, não é como uma brincadeirinha de blog, que põe tudo o que quer, enche de selfies e fica tudo dominado.

Combinado estava que teria uma dica de receber em casa comida do Dia dos Namorados, outra de como cozinhar em casa no Dia dos Namorados e mais algumas postagens de restaurantes novos que estão abrindo nessa Curitiba tão inspirada em gastronomia.

Mas aí Anthony Bourdain morreu. O chef norte-americano tem um pouco (ou muito) a ver com o desenvolvimento deste blog. Tomei conhecimento dele a partir do primeiro livro que lançou, Cozinha Confidencial, justamente quando Anacreon de Téos surgia para ocupar espaços saborosos nas páginas do Paraná Online (infelizmente não preservadas e hoje impossíveis de serem acessadas). Foi na virada do século, em meados dos anos 2000 que descobri algumas verdades (exageradas, talvez?) da cozinha dos grandes restaurantes.

Fiquei fã. E, com o passar do tempo, constatei serem verdadeiros muitos dos registros feitos por ele naquele livro, que invade as entranhas de um grande restaurante, o Les Halles, de Nova York (onde trabalhava), talvez simbolizando todos os demais do primeiro escalão.

Veio o outro livro, Em busca do prato perfeito (que ele foi encontrar lá no Vietnã), e daí surgiu o que destrinchei de ponta a ponta, Afinal, as receitas do Les Halles – Nova York, com detalhes dos principais pratos servidos em seu restaurante. Não apenas as receitas, mas narrativas em torno de cada prato ali citado, histórias dos açougueiros, peixeiros, masseiros (sic) e mais o que havia de profissionais por lá.

Cozinhei quase tudo, devoção total, com ótimos resultados. E guardei a obra aqui, entre outros livros por onde circulei (de gastronomia ou não), dando uma revisitada de vez em quando. Esporadicamente assistia seus programas na TV, mas não me atraiam muito. Quem se divertia era ele, não nós. Mas tudo bem, ele podia.

E daí, dias atrás, teve a morte anunciada. Em Estrasburgo, França, em meio a uma programação de gravação de programa. Vá entender. Bateu um alarme interno, o cara foi embora, levando consigo tudo o que representou para a gastronomia dos dias de hoje. Fiquei triste, muito triste. Nem sei bem porquê. Mas era uma referência, um alto astral, que jamais imaginaria poder terminar assim.

O mínimo que poderia fazer, então, seria uma singela homenagem ao que me representou Anthony Bourdain. Como? Cozinhando uma de suas receitas. E aí escolhi uma que jamais havia feito, pois não é todo dia que a gente tem escargot em casa. Tinha eu, felizmente. E não de minha recente viagem à França, mas adquirido aqui no Brasil, da Escargot France Brésil, tempos atrás. Verifiquei a validade, estava Ok e decidir seguir adiante.

Antes de prosseguir, permita-me uma confidência. Não tenho mais as cascas de escargot aqui, não sei onde foram parar as minhas. Mas, minha filha, que mora na França, um dia se propôs a me ajudar. Enviou por um amigo algumas unidades. E não é que o cara para na fiscalização de entrada da Polícia Federal? Quer dizer: dancei, com todos os meus caramujos.

Mas a receita do Bourdain, sempre muito aberto às variações, permitia uma alternativa para quem não tivesse as conchas. Pão, como se fossem bruschettas. E outro detalhe interessante, ainda naquela linha da cozinha confidencial: “Eu poderia mentir para você, indicando escargots frescos na receita, dando a impressão que os usamos no Les Halles. Mas, quer saber a verdade? Nos meus 28 anos de vida profissional, jamais encontrei um restaurante, por mais badalado que fosse, que usasse escargots frescos. Claro que eles têm as conchas dos escargot e enfiam o bicho em conserva lá dentro…” Direto, na veia.

Daí, com meu domingo anacreônico aqui, lembrei-me da latinha de escargots. Com validade até 2020, ainda com boa folga. Mas a memória dele pedia uma ação, mesmo que fosse muito para o almoço solitário de domingo. Sem problemas, vamos lá.

Fiz o prato como entrada, ficou muito bom. Levantei um brinde ao cara, nem quis saber porque decidiu ir embora. Foi muito importante para quem gosta de comida boa. Dá-lhe Bourdain!!!

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